1° dia de osteointegração
Imagem: Diego Faria/Arquivo pessoal

Em 2021, Denys Almeida Hrasko, de 40 anos, sofreu um acidente na Orla de Camburi, em Vitória, enquanto voltava de uma praia na Serra. O acidente causou grandes danos ao pé esquerdo e o assistente de saneamento e gestão precisou ficar internado por 13 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Foram realizados diversos tratamentos, mas, mesmo com uma cirurgia de revascularização bem-sucedida, o calcanhar necrosou por circulação sanguínea insuficiente. Com 45 dias de internação, veio a notícia: a chance de ter um pé funcional era mínima.

Segundo Denys, o médico que acompanhou seu tratamento explicou que seriam necessárias inúmeras cirurgias, sem garantia de sucesso, e que as chances de mancar e sentir dor permanente eram grandes. Além disso, a pandemia do Covid-19 estava no auge e havia a preocupação com possíveis infecções.

Tenho consciência de que fizeram o possível para salvar o pé, mas o desafio era grande. No 45º dia, ficou decidido pela amputação transtibial, acima do pé danificado e abaixo do joelho.

Denys Almeida Hrasko, paciente

Após a amputação, Denys teve alta e, entre 2021 e 2024, testou inúmeros encaixes de prótese provisórios devido à grande variação de massa do coto.

Após três anos de protetização ele decidiu agendar o encaixe definitivo. Entretanto, um segundo acidente atrasou o processo. “Dias antes da data marcada, fui atropelado por um taxista que deu ré na contramão”, conta o paciente.

Depois do atropelamento, Denys passou por outras três cirurgias, até que, no dia 10 de novembro de 2025, ele se tornou o primeiro paciente do Espírito Santo a passar pela cirurgia de osteointegração.

O que é a cirurgia de osteointegração?

A osteointegração é considerada uma das mais inovadoras no campo das próteses e oferece uma alternativa de maior conforto, mobilidade e qualidade de vida para pessoas amputadas que enfrentam dificuldades com o uso das próteses convencionais.

Denys foi o primeiro paciente do Estado a passar por essa cirurgia e, segundo o ortopedista Diego Faria, responsável pelo procedimento realizado no Hospital Meridional Cariacica, a técnica consiste na fixação direta da prótese ao osso, dispensando o encaixe convencional.

O paciente vai encaixar a prótese na endoprótese. Desse modo, a carga vai ser diretamente no osso e não nas partes moles, o que diminui problemas de pele como feridas, lesões cutânea, atrito, assaduras e dores crônicas.

Diego Faria, ortopedista

A técnica ainda é pouco difundida no Brasil, sendo mais comum nos Estados Unidos, mas representa um avanço para a qualidade de vida de pessoas amputadas. “Em 10 de novembro de 2025, a cirurgia de osteointegração foi realizada. No dia 15, tive alta do hospital”, contou Denys.

Apoio e confiança

Equipe responsável por 1ª osteointegração do ES
Equipe responsável por realizar primeira osteointegração do ES. Imagem: Diego Faria/Arquivo pessoal

Segundo Diego Faria, o apoio do próprio paciente foi essencial para que ele realizasse a cirurgia. Apesar de estudar a técnica há algum tempo, o procedimento de Denys foi o primeiro da sua carreira.

“Eu tinha um conhecimento teórico, mas ainda não tinha expertise técnica ainda de realizar o procedimento, mas o Denys topou a ideia e me impulsionou a correr atrás da formação técnica”, relembrou o ortopedista.

Para o especialista, inovações médicas só são possíveis quando há uma relação próxima e verdadeira entre o profissional e o paciente.

“Essas inovações da ciência só acontecem por causa do paciente. Temos que estar muito próximo do paciente e acolher as pessoas que estão precisando de ajuda, que o restante flui, naturalmente.”

Recuperação e planos para o futuro

Faria explica que a partir da terceira semana pós-operatória, darão início ao processo de reabilitação física com descarga de peso gradual. “Colocamos uma balança e o paciente apoia o coto com a prótese osteointegrada em cima da balança. Com isso, vamos calculando o peso”, complementou.

A partir da sexta semana, conforme a evolução, já será possível encaixar a prótese. A estimativa é que, após um ano de integração da prótese, o paciente já consiga fazer atividade física de alta demanda.

A recuperação de Denys tem sido positiva. Segundo ele segue todos os cuidados necessários em casa e com acompanhamento médico.

“Estou confiante de que, até março de 2026, estarei 100% de volta ao trabalho e às atividades físicas”, afirmou Denys.

Aline Gomes

Repórter

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.