Especialistas explicam

Perda de bebê com gestação avançada: entenda possíveis causas para drama de Tati Machado e Micheli Machado

Tati Machado e Micheli Machado anunciaram a perda gestacional, ambas no final da gravidez. Especialistas explicam o que pode ter acontecido

Tati Machado, (Foto: Divulgação/Instagram @diego_nnunes) e Micheli Machado (Foto: Divulgação/Instagram @jaimeleme)
Tati Machado, (Foto: Divulgação/Instagram @diego_nnunes) e Micheli Machado (Foto: Divulgação/Instagram @jaimeleme)

A apresentadora Tati Machado revelou nesta terça-feira (13) a perda do seu bebê, após a 33ª semana de gestação. Na sexta-feira anterior (09), a atriz Micheli Machado também passou pela mesma situação delicada, anunciada nesta segunda.

Ambos os casos chocaram os fãs que acompanharam de perto as gestações das famosas, até então, consideradas saudáveis. Para as mães que viram as notícias, os anúncios também trouxeram preocupações com a saúde dos seus próprios bebês e como evitar passar por algo semelhante.

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O Folha Vitória conversou com dois especialistas em obstetrícia sobre os casos e cuidados que podem ser adotados por outras gestantes no final da gravidez.

Possíveis causas

Tanto Tati quando Micheli não divulgaram as causas oficiais para o óbito fetal e, segundo o obstetra do Hospital São José e professor do Unesc, Carlos Campagnaro, os quadros podem ter múltiplos fatores:

As pessoas costumam usar o termo ‘parada cardíaca fetal’, mas o ideal é dizer Óbito Fetal Intraútero (OFIU). O bebê faleceu por alguma causa que nós não sabemos qual é. Isso porque existem multifatores que podem levar a esse quadro.

Já a ginecologista e obstetra da Bluzz Saúde, Anna Bimbato, reforçou que o óbito fetal neste período é raro. “Embora seja uma situação rara, o óbito fetal no terceiro trimestre pode ocorrer por diversos fatores”, explicou.

Alguns dos fatores citados por Ana Bimbato foram:

  • Problemas na placenta (como descolamento ou insuficiência placentária);
  • Pré-eclâmpsia e hipertensão gestacional;
  • Diabetes mal controlado;
  • Infecções intrauterinas;
  • Malformações fetais graves;
  • Problemas no cordão umbilical, como nó verdadeiro ou circular apertada;
  • Trombofilias e doenças autoimunes;
  • Retardo de crescimento intrauterino (RCIU);
  • Traumas abdominais;
  • Situações sem causa aparente (cerca de 30% dos casos).

Os cuidados para manter durante a gestação

Embora não seja possível garantir que o óbito fetal não aconteça, a obstetra explica que alguns cuidados durante a gravidez podem auxiliar a minimizar os riscos.

Pré-natal regular e de qualidade, controle rigoroso de doenças pré-existentes (como hipertensão e diabetes), realização de exames de imagem e laboratoriais conforme orientação médica, monitoramento do crescimento e bem-estar fetal (ultrassons, doppler, CTG quando indicado) e atenção aos sinais de alerta e ao padrão de movimentos do bebê são algumas das ações que podem ser tomadas pela gestante”, afirmou, Anna.

Já Carlos Campagnaro ressaltou que é importante respeitar as mães que passam por situações similares, respeitando o seu luto e não levantar acusações infundadas.

Sinais de alerta

Alguns sinais de alerta podem ajudar a identificar possíveis problemas durante a gestação e, segundo Anna Bimbato, podem alertar as mães para a necessidade de avaliação médica.

“Nunca ignore a sensação de que ‘algo não está bem’, a intuição materna é importante. Dor abdominal intensa, sangramento vaginal, dor de cabeça persistente e intensa, alterações visuais (manchas, visão turva), inchaço repentino e exagerado e febre ou sintomas de infecção são sinais de alerta”, explica.

Ela ainda afirmou que, em caso de ausência de movimentos fetais, a gestante deve ficar em um ambiente calmo, deitada de lado, e tentar contar os movimentos por 1 hora. “Se os movimentos continuarem ausentes ou muito reduzidos, procurar imediatamente o serviço de saúde”.

Acolhimento sem julgamento

Ambos os especialistas chamaram a atenção para o cuidado especial com as mães que passam pelo luto após a perda gestacional. Acolhimento familiar e apoio psicológico são essenciais neste momento, segundo Carlos Campagnaro. Além disso, é recomendado esperar cerca de três meses para planejar uma próxima gravidez.

Esse é um momento em que precisamos acolher a dor e respeitar o luto com todo amor que esse bebê merece. Mais adiante, quando o corpo e o emocional estiverem mais preparados – isso leva tempo, que é único para cada mulher, mas, geralmente, em torno de três meses, o organismo começa a se reequilibrar -, podemos pensar em uma nova gestação. Quando isso acontecer, adotaremos cuidados mais intensivos. Não porque houve alguma falha agora, mas porque, a partir desse histórico, a próxima gestação será considerada de alto risco.