Uma pesquisa para saber os efeitos da pandemia de covid-19 na saúde mental da população, está sendo realizada pela Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha, em parceria com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e instituições de outros 30 países.
O questionário para o estudo, pode ser respondido de maneira anônima através deste link (clique aqui).
O objetivo é criar um banco de dados para facilitar o desenvolvimento de intervenções mais eficientes para o bem-estar físico e mental, de acordo com médico especialista em Mindfullness Marcelo Demarzo, pesquisador do Centro Mente Aberta da Unifesp.
“A vantagem é que essa é uma pesquisa internacional, que vai trazer dados de diferentes regiões do mundo que tiveram políticas, posturas, número de infectados e número de mortes diferentes”, explica.
Além disso, o médico também afirma que a abrangência de dados permite comparar o efeito de diferentes políticas públicas na saúde mental e inferir uma relação melhor de causalidade entre a pandemia e a saúde mental da população. A ideia do estudo surgiu, pois já se havia observado no passado um efeito mental negativo na população após um evento altamente estressante, segundo ele.
“Acredito que o único evento da magnitude desse foi a gripe espanhola, mas tivemos outros, como crises financeiras e o 11 de setembro,” disse.
Ele explica que se observa efeitos mais agudos, como o medo de se contaminar; efeitos de médio prazo, como a dificuldade de readaptação da rotina, aumento do nível de agressividade, tédio e ansiedade e piora nos relacionamentos; e efeitos de longo prazo, como aumento de transtornos de ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e aumento nas taxas de suicídio.
Para o médico, existem algumas hipóteses em relação aos resultados:
– As pessoas que passaram por um período maior de isolamento ou que foram afetadas mais diretamente, com contaminados na família, por exemplo, serão afetadas de forma mais danosa em termos de saúde mental.
– Nos países em que as diretrizes de enfrentamento da pandemia foram confusas ou não muito claras, a população também terá um nível de saúde mental pior.
“A gente parte dessas hipóteses, mas são os dados que vão mostrar o que realmente aconteceu.”
Cerca de 76 mil voluntários já participaram da pesquisa que ficará aberta para voluntários brasileiros até o dia 30 de agosto.
“A partir desses dados, que devem sair até novembro, teremos a fase de disseminação dessas informações. Faremos artigos científicos, divulgação em congresso e divulgação para a população leiga, por meio da imprensa.”
Além do questionário geral, a pesquisa inclui partes específicas para profissionais da saúde, atletas, pessoas com dor crônica e pessoas que sofreram violência de gênero.
Para eventuais dúvidas, é possível pedir informações pelo email [email protected]. “Quanto mais pessoas responderem, mais completos e próximos da realidade vão ser esses dados, que serão de extrema importância para a comunidade científica.”
*Com informações do Portal R7