Pesquisadores da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram uma pomada feita a partir da própolis vermelha, que apresentou resultados promissores na cicatrização de queimaduras.
O produto foi testado em células e em animais e demonstrou acelerar o fechamento das feridas de forma uniforme, graças à alta concentração de compostos fenólicos, flavonoides e outros bioativos com propriedades antioxidantes, antimicrobianas e anti-inflamatórias.
O que é a própolis vermelha?
A própolis utilizada tem origem em Maceió, em Alagoas, e é produzida por abelhas que coletam resina da planta nativa conhecida como rabo-de-bugio. A formulação do creme usou como veículo o emulsificante Olivem 1000, derivado do óleo de oliva, garantindo que os efeitos observados fossem exclusivamente atribuídos ao princípio ativo.
Nos testes in vitro, a pomada favoreceu a migração e a proliferação celular, acelerando o fechamento das lesões. Já em experimentos com ratos Wistar, as feridas tratadas com a própolis vermelha cicatrizaram de forma mais rápida e homogênea, enquanto o grupo controle não apresentou melhora significativa.
Além da eficácia, o produto também se mostrou seguro, natural e menos propenso a causar alergias, com a vantagem de não oferecer riscos graves caso seja ingerido acidentalmente por animais ou crianças.
A formulação passou ainda por análises físico-químicas e bacteriológicas, incluindo testes de estresse térmico e mecânico, que confirmaram sua estabilidade em termos de pH, cor, viscosidade e resistência a condições de transporte e armazenamento.
Em entrevista ao Jornal da USP, a biomédica e autora do trabalho Lauriene Luiza de Souza Munhoz explica que existem outras própolis no mercado, que são usuais nas práticas do campo da saúde, mas revela que o estudo foi pioneiro na aplicação desta em específico para produtos de pele.
Pesquisadores destacam que, além do ganho funcional, a pomada proporciona uma cicatrização mais estética, reduzindo irregularidades e favorecendo a autoestima de pacientes que sofrem com queimaduras visíveis.
Um ponto curioso observado nos testes foi a diferença entre os sexos: nos machos, a cicatrização ocorreu mais rapidamente, mas com organização celular menos precisa; já nas fêmeas, o processo foi mais lento, porém com formação de tecido mais bem estruturado.
Com os bons resultados, a equipe já iniciou novas pesquisas para avaliar a eficácia da pomada em combinação com biomateriais contendo células-tronco, a fim de expandir sua aplicação para outros tipos de cicatrização.
*Com informações do Jornal da USP.