Além dos sintomas que acompanham o diagnóstico de câncer, muitos pacientes ainda enfrentam desafios com relação a autoestima e as mudanças no corpo. A perda dos cabelos, as mudanças no corpo e as alterações emocionais tornam a jornada de um paciente oncológico ainda mais difícil.
Pensando nisso, o projeto “Mãos Solidárias”, desenvolvido no Centro Prisional Feminino de Colatina (CPFCOL) desde 2015, confecciona perucas, lenços, gorros e próteses mamárias, entregues à diversos pacientes do Estado.
Segundo a Secretaria de Justiça do Espírito Santo (Sejus), a iniciativa, que é uma parceria com o Hospital São José e o Centro Universitário do Espírito Santo (Unesc), já entregou cerca de 400 perucas e 765 próteses mamárias.
Como as perucas e próteses são produzidas
A confecção das perucas começa com a separação das mechas por cor, tamanho e textura, para que sejam escovadas e higienizadas. Partes como franja, nuca e costeleta também precisam ser separadas para tecer a touca, feita de poliéster com elastano antialérgico.
Já as próteses mamárias são feitas com enchimento de polietileno, acrilon e cóton e também são confeccionadas pelas internas.
Parte dos materiais utilizados são doados pelas instituições parceiras. Só em julho, a Unesc contribuiu com a doação de 900 mechas de cabelo ao projeto.
Uma das internas, identificada apenas pelas iniciais E.A.O, participa do “Mãos Solidárias” e afirma que o projeto traz ensinamentos e gratidão a cada entrega feita.
As mesmas mãos que no passado foram usadas para coisas erradas, agora servem para fazer o bem a quem precisa. Isso é só parte do que aprendi ao participar do projeto. Vivenciando as entregas ao Hospital São José, vemos que o rosto dos pacientes se encher de alegria com as nossas doações. É muito gratificante fazer parte desse elo de amor.
A psicóloga do Hospital São José, Natália Fadini Assereuy, declarou que o acesso às perucas e outros produtos desenvolvidos pelas presidiárias ajuda na reconstrução da autoestima e na retomada da dignidade dos pacientes durante o tratamento oncológico.
“Muitos pacientes enfrentam não apenas os efeitos físicos da doença e da quimioterapia, mas também significativas repercussões emocionais e psicossociais, como a perda da autoestima, da identidade, a queda de cabelo. O acesso às perucas, lenços, gorros e próteses mamárias é uma ação concreta de cuidado que auxilia na reconstrução da autoestima, na retomada da dignidade e no enfrentamento mais humanizado do tratamento”, enfatizou.