Orlei Cardoso Tyago Hoffmann e Carolina Salume durante coletiva da Sesa
Orlei Cardoso, Tyago Hoffmann e Carolina Salume durante coletiva da Sesa. Foto: Flávia Alessandra/Folha Vitória

*Atualização: o número de casos suspeitos foi atualizado pelo Boletim epidemiológico da Sesa.

Os resultados dos novos testes para confirmar a causa do surto de infecção respiratória no Hospital Santa Rita, em Vitória, podem sair em uma semana. A principal hipótese é de contaminação pelo fungo histoplasma, muito encontrado em fezes de aves e de morcegos, mas novos testes ainda estão sendo realizados.

Segundo informações divulgadas em coletiva (assista abaixo), realizada nesta segunda-feira (3), os resultados não são conclusivos já que, das 11 amostras enviadas para testagem na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apenas uma apontou a presença do agente.

De acordo com a médica infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Santa Rita, Carolina Salume, os sintomas apresentados pelos contaminados é similar ao quadro de histoplasmose. Segundo a especialista, é possível inalar os esporos do fungo pelo ar.

O histoplasma podemos inalar, fazer uma reação inflamatória com mal-estar geral, febre, dor de cabeça, dor no corpo e depois evoluir para uma doença respiratória, com tosse até dor torácica.”

Carolina Salume, infectologista

Participaram da coletiva o secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann; o subsecretário de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso; a coordenadora de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Santa Rita, infectologista Carolina Salume; e por videochamada, o diretor do Lacen/ES, Rodrigo Ribeiro Rodrigues.

Bactéria em bebedouro é outra hipótese

Outra hipótese analisada seria a bactéria Burkholderia, encontrada em uma amostra de água de um bebedouro do hospital.

Entretanto, segundo o secretário estadual de Saúde, Tyago Hoffmann, o fato de os sintomas relacionados a essa bactéria serem normalmente mais graves e de ela não ter sido encontrada nas amostras dos pacientes faz com que os pesquisadores considerem uma hipótese menos provável.

“Faz sentido (fungo) nessa investigação por conta dos sintomas do quadro clínico dos pacientes e por não haver transmissão entre pessoas. O fungo se encaixa nessa investigação. Em relação à bactéria, normalmente ela causa quadros mais agravados do que foi visto até agora. Além do mais, não foi encontrada em nenhum teste em pacientes”, explicou.

De acordo com Rodrigo Ribeiro Rodrigues, diretor do Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo, outro ponto que pode destacar a bactéria como causa é o fato de que, até o momento, a sua presença só foi apontada em um único bebedouro do hospital.

“Um outro fator, que também é um fator importante, é que nenhum outro ponto de água testado até o momento, que faz parte dessa mesma rede de distribuição de água, ou seja, o mesmo encanamento, testou positivo para essa bactéria”, destacou.

Hipóteses para o surto no Hospital Santa Rita
Hipóteses para o surto no Hospital Santa Rita. (Foto: Flávia Alessandra/Folha Vitória)

96 casos suspeitos

Segundo boletim epidemiológico da Sesa, publicado nesta segunda (3), 96 casos são considerados suspeitos. Destes, seis permanecem internados e 90 em acompanhamento.

A maioria dos casos ainda é registrado entre funcionários. Confira o quadro de pacientes suspeitos:

  • Casos investigados em funcionários: 79
    Casos investigados em pacientes: 05
    Casos investigados em acompanhantes: 12
  • Internações em UTI: 02
    Internações em enfermaria: 04
    Funcionários internados: 04
    Pacientes internados: 0
    Acompanhantes internados: 02

Durante a coletiva, a médica do Santa Rita, chegou a atualizar sobre o caso da técnica de enfermagem de 48 anos, considerada um dos casos mais graves do surto. De acordo com ela, a mulher permanece na UTI, mas responde bem ao tratamento e foi extubada na última quinta-feira (30).

“Ela foi extubada na quinta-feira e hoje ela já andou pelo leito dela sem oxigênio. Realmente, a melhora dela foi surpreendente e a gente está muito feliz com esse resultado”, disse.

Entenda os sintomas

De acordo com a nota técnica enviada a todos os hospitais do Estado pela Sesa, os casos são considerados suspeitos se o paciente tiver vínculo epidemiológico com o Hospital Santa Rita após o dia 20 de setembro de 2025 e apresentar um dos quadros sintomáticos:

Quadro 1febre e pelo menos dois dos seguintes sintomas: mialgia, cefaleia ou tosse.

Quadro 2: febre e alteração radiológica, e pelo menos um dos seguintes sintomas: mialgia, cefaleia ou tosse.

Aline Gomes

Repórter

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.