Dia dos namorados

Saúde sexual no relacionamento: quando a vida íntima pede atenção

Especialistas explicam como a fadiga, ansiedade de desempenho e dor durante o sexo podem afetar a vida sexual

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casal briga vida sexual
Foto: Canva

Eles se amam, compartilham responsabilidades, comemoram o Dia dos Namorados e até moram juntos, mas evitam tocar em um tema que, muitas vezes, pode ser incômodo: como anda a saúde sexual do casal?

Apesar de ser um assunto complexo e até mesmo intimidador para algumas pessoas, a sexualidade é um ponto essencial não só para o bem-estar do relacionamento, mas também para a saúde individual. Segundo especialistas, o sexo e o prazer estão diretamente ligados à integridade física e emocional.

Mas e quando a saúde impacta no sexo, como trazer um tema, que ainda pode ser considerado tabu, para dentro do relacionamento?

O impacto da saúde mental no sexo

Você já se sentiu mais calmo, mais feliz ou mais próximo do parceiro depois de um momento de intimidade? Existe uma explicação científica para isso. Durante o sexo o corpo libera uma combinação de substâncias neuroquímicas que impactam diretamente o humor, a autoestima e os níveis de estresse.

Entretanto, o contrário também acontece. Fatores emocionais podem afetar diretamente o desejo, tanto de homens quanto de mulheres.

No caso dos homens, segundo o psicólogo e sócio administrativo da Persunic, Matheus Roelke, a pressão cultural é um dos principais aspectos que contribuem negativamente para o prazer masculino.

Desde cedo, os homens são ensinados a associar sua masculinidade à performance sexual. Isso cria uma expectativa de que eles devem estar sempre prontos, dispostos e ter um desempenho ‘perfeito’, o que é irreal e uma receita pronta para o que chamamos de ansiedade de desempenho.

De acordo com o especialista, o medo de falhar e a insegurança fazem com que algumas pessoas foquem mais em “performar” do que em sentir e se conectar. “Isso compromete o prazer, a conexão com a parceira ou parceiro e pode até levar a disfunções como ejaculação precoce ou disfunção erétil”, completa.

Já para as mulheres, há outra situação que pode impactar no desejo sexual: a fadiga.

Segundo a ginecologista e sexóloga Lorena Baldotto, a maior parte das pacientes acabam sendo sobrecarregadas por suas rotinas e suas responsabilidades, o que as impede de olhar para a vida íntima.

“A mulher que está cansada, sobrecarregada, que virou ‘mãe’ do parceiro ou parceira ou que perdeu admiração, não vai ter interesse sexual. Ela vai querer dormir e não transar”, explica.

Não é normal sentir dor

Outro ponto que pode atrapalhar a vida sexual, principalmente para as mulheres, é quando a dor acompanha as relações.

A ginecologista Adriana Ribeiro afirma que muitas pacientes relatam desconforto intenso, chegando inclusive com fissuras na região íntima, mas ainda assim, consideram normal sentir dor. “Há também relatos de choro durante o ato, vergonha, sensação de culpa e ausência total de prazer, situações que merecem acolhimento, cuidado e atenção especializada.”

A especialista destaca que é essencial investigar as possíveis causas do problema, já que eles podem variar desde questões ginecológicas e infecciosas até fatores emocionais e de relacionamento.

Entre as causas mais comuns, estão:

  • Falta de lubrificação vaginal;
  • Vaginismo;
  • Infecções vaginais recorrentes, como a candidíase;
  • Infecções urinárias;
  • Endometriose;
  • Condições como cistos ovarianos ou miomas volumosos;
  • Fatores psicológicos, como estresse, ansiedade e bloqueios emocionais.

Por que ainda é tão difícil falar sobre sexo?

Apesar de ser uma questão de saúde, falar sobre sexo ainda é difícil, mesmo que seja com o próprio parceiro. Seja por questões emocionais ou físicas, trazer o assunto à tona pode vir acompanhado de insegurança e timidez.

Roelke destaca que, do lado masculino, a ideia de que o homem não precisa falar sobre prazer, como se já soubesse tudo, sempre desejasse sexo e alcançasse satisfação com facilidade, invisibiliza dificuldades reais.

“Muitos homens têm medo de parecerem “fracos” ou “menos masculinos” ao falar sobre vulnerabilidade ou experimentar algo novo. Isso empobrece a experiência sexual e dificulta uma vivência mais completa do prazer”, afirma.

Já Lorena Baldotto lembra que, para a mulher, essa barreira foi construída pela forma como a sexualidade feminina é pouco explorada, o que faz com que muitas delas não considerem o sexo como parte da sua saúde.

A construção da sexualidade feminina foi muito reprimida por anos e vem dessa construção histórica da própria mulher. Somos criadas com a concepção de que o sexo não é tão importante e que ele não está associado a nossa saúde.

Quando procurar ajuda profissional

Quando aspectos físicos e emocionais afetam a vida íntima, o acompanhamento profissional pode ser necessário como parte dos cuidados com o próprio bem-estar.

Os especialistas reforçam que, além do diálogo interno, a ajuda profissional pode auxiliar na melhora da vida sexual e dos impactos na saúde. Nos casos em que o desconforto físico é o principal problema para as mulheres, é possível realizar tratamentos como o laser íntimo, por exemplo.

“O laser íntimo é um tratamento não cirúrgico e minimamente invasivo que utiliza a energia do laser para promover a regeneração da mucosa vaginal. Ao estimular a produção de colágeno e a renovação celular, ele melhora a elasticidade, hidratação e firmeza dos tecidos da região íntima”, explica a ginecologista Adriana Ribeiro.

Já quando falamos sobre questões do âmbito emocional, consultar psicólogos e terapeutas pode auxiliar a descobrir e resolver problemas que vão além da cama.

“Quando o sexo vira uma obrigação, quando há falta de diálogo sobre o que se gosta, ou quando se sente desconectado emocionalmente, são sinais de que o prazer está sendo negligenciado”, completa Matheus Roelke.