O Setembro Amarelo nos convida, todos os anos, a falar sobre a importância da prevenção ao suicídio e da promoção da saúde mental.
Costuma-se associar esse tema principalmente aos adolescentes e adultos, mas é fundamental lembrarmos que o cuidado começa muito antes: na infância. É nesse período que se formam as bases emocionais que sustentam o bem-estar ao longo da vida.
O que é uma infância saudável?
Uma infância saudável não é sinônimo de ausência de dificuldades, mas de um ambiente que acolhe as emoções, que ensina a lidar com os altos e baixos e que fortalece o vínculo entre a criança e seus cuidadores.
Isso passa por uma criação respeitosa, em que sentimentos não são negados nem minimizados, mas sim compreendidos e nomeados. Quando a criança percebe que pode ser autêntica e, ainda assim, é amada e aceita, desenvolve uma sensação de segurança interior que será seu alicerce nos momentos de crise.
A importância das relações saudáveis
A saúde mental infantil está diretamente ligada à qualidade das relações. Crianças que crescem em ambientes nos quais são ouvidas, onde há espaço para expressar opiniões e sentimentos, aprendem a confiar em si mesmas e no mundo ao redor.
Já quando há silêncio forçado, cobranças excessivas ou desqualificação de emoções, a mensagem que fica é de que não vale a pena falar ou pedir ajuda. Esse padrão, carregado até a adolescência e a vida adulta, pode aumentar o risco de sofrimento psíquico e isolamento.
Criar com respeito e autenticidade significa, por exemplo, não exigir que uma criança “pare de chorar” ou “engula o que sente”, mas ajudá-la a compreender por que está chorando e o que pode fazer com essa emoção. Significa também oferecer limites claros, mas com empatia, de modo que a disciplina não seja sinônimo de medo, mas de aprendizado. Essa postura fortalece a autoestima, a capacidade de resiliência e a noção de que pedir ajuda não é sinal de fraqueza, e sim de coragem.
Olhar para saúde mental desde cedo
No Setembro Amarelo, além de falar sobre a prevenção do suicídio, precisamos ampliar o olhar para a construção da saúde mental desde cedo. Isso envolve não apenas pais e mães, mas também escolas, profissionais de saúde, políticas públicas e toda a sociedade. Promover espaços de diálogo, combater o preconceito em relação às doenças mentais e valorizar práticas de cuidado emocional na infância são medidas que protegem vidas.
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Quando cuidamos da criança hoje, cuidamos do adulto de amanhã. Ao oferecermos uma criação respeitosa e autêntica, estamos plantando sementes de confiança, amor-próprio e esperança. Esse é, talvez, o gesto mais profundo de prevenção que podemos realizar: garantir que nossas crianças cresçam sabendo que suas vidas importam e que elas nunca estão sozinhas.