Imagem de freepik gerada por IA
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Falar sobre suicídio não é fácil. É um tema que assusta, que gera silêncio e até preconceito. Mas justamente por isso precisamos falar. Silêncio não protege — informação, acolhimento e cuidado, sim.

O Setembro Amarelo é uma campanha mundial de conscientização sobre a prevenção do suicídio. No Brasil, a data principal é 10 de setembro, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Essa é a oportunidade que temos para quebrar tabus e entender que saúde mental é tão importante quanto saúde física.

O que acontece no cérebro e na mente?

O suicídio não acontece de repente, nem é “frescura” ou “fraqueza”. Ele está associado a um sofrimento profundo, muitas vezes ligado a doenças como depressão, transtorno bipolar, ansiedade grave ou dependência química.

Do ponto de vista neurológico, sabemos que alterações em neurotransmissores, como a serotonina e a dopamina, estão relacionadas a mudanças de humor, impulsividade e capacidade de lidar com o estresse. Ou seja: existe uma base biológica por trás desse sofrimento. Não é apenas uma questão de “força de vontade”.

Sinais de alerta

Muitas vezes, a pessoa em sofrimento dá sinais, mas eles podem passar despercebidos. Alguns exemplos:

  • Isolamento repentino.
  • Mudanças bruscas de comportamento.
  • Frases como “não aguento mais”, “queria dormir e não acordar”.
  • Alterações no sono e no apetite.
  • Perda de interesse por coisas que antes davam prazer.

e você identificou algo assim em alguém próximo, não ignore. É o cérebro pedindo socorro através do comportamento.

Como ajudar

A primeira atitude é ouvir sem julgar. Parece simples, mas faz toda a diferença. Evite frases como “isso é bobagem” ou “pense positivo”. O melhor é demonstrar presença: “estou aqui para você”.

Incentive a buscar ajuda médica e psicológica. Muitas vezes, a pessoa não consegue sozinha. O neurologista pode ajudar a diferenciar sintomas neurológicos e psiquiátricos, e o psiquiatra e o psicólogo são fundamentais no tratamento.

E lembre-se: no Brasil existe o CVV – Centro de Valorização da Vida, que atende gratuitamente, 24 horas por dia, pelo número 188.

O papel do médico

Muita gente procura o consultório de neurologia com queixas de dor de cabeça, insônia ou lapsos de memória, quando, na verdade, o que está por trás é um sofrimento emocional. Olhar para esses sintomas com atenção é parte do cuidado.

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A mensagem é clara: suicídio pode ser prevenido. Mas para isso, é preciso quebrar o silêncio, acolher e garantir tratamento adequado.

Para fechar

Se você está passando por um momento difícil, lembre-se: pedir ajuda não é sinal de fraqueza. É sinal de coragem. E se você conhece alguém em sofrimento, não subestime os sinais, uma palavra acolhedora pode salvar uma vida.

Cuidar da mente é cuidar da vida. E a vida sempre merece ser vivida!

Dra. Camila Resende

Colunista

Médica. Neurologista e Neurofisiologista (Residência médica USP - RP). Membro titular da Academia Brasileira de Neurologia (ABN) e da Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica (SBNC). @dracamilaresende

Médica. Neurologista e Neurofisiologista (Residência médica USP - RP). Membro titular da Academia Brasileira de Neurologia (ABN) e da Sociedade Brasileira de Neurofisiologia Clínica (SBNC). @dracamilaresende