Hospital Santa Rita
Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

As investigações sobre o surto de infecção respiratória entre funcionários, acompanhantes e pacientes do Hospital Santa Rita, em Vitória, foram compartilhadas em coletiva realizada nesta segunda-feira (03) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e pelo próprio hospital.

Atualmente, segundo boletim epidemiológico, também divulgado nesta segunda, 96 casos são considerados suspeitos por apresentarem, de acordo com o hospital, “alterações radiológicas sugestivas de pneumonia”. Entre eles, seis pessoas permanecem internadas, sendo dois na UTI.

Uma das atualizações dadas foi sobre a possível causa para o surto. Confira o que se sabe até o momento:

Qual a possível causa do surto?

A principal hipótese é de que o surto tenha sido causado pelo fungo histoplasma, comum em fezes de morcegos e aves, como pombos. A presença do agente foi confirmada em uma das 11 amostras analisadas pela Fundação Oswaldo Cruz.

De acordo com a coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Santa Rita, Carolina Salume, a contaminação acontece por meio do ar e pode ser resultado, por exemplo, de uma fresta na janela.

Os ar-condicionados já estavam com as preventivas em dia, mas mesmo assim a gente limpou todos eles e as amostras foram negativas. A gente não acredita que tenha sido por conta de ar-condicionado, mas sim alguma comunicação do meio externo com o meio interno do hospital […] porque os esporos passam mesmo, o ar, as partículas de poeira, elas podem passar.

Carolina Salume, infectologista

Outra hipótese é a bactéria Burkholderia, encontrada em uma amostra de água de um bebedouro do hospital.

Entretanto, o fato de os sintomas relacionados a essa bactéria serem normalmente mais graves e de ela não ter sido encontrada nas amostras dos pacientes faz com que os pesquisadores considerem uma hipótese menos provável.

Apesar dos achados, eles não são conclusivos e resultados de novos testes devem sair em uma semana.

Hipóteses para o surto no Hospital Santa Rita
Hipóteses para o surto no Hospital Santa Rita. (Foto: Flávia Alessandra/Folha Vitória)

Quando e onde o surto começou?

Segundo a nota técnica encaminhada pela Sesa a todos os hospitais do Estado, casos suspeitos são avaliados se tiverem vínculo epidemiológico com o Santa Rita após o dia 20 de setembro de 2025.

O surto começou em uma das alas de internação da instituição, que foi fechada temporariamente e está sendo analisada.

Quem foi contaminado?

Apesar dos primeiros casos terem sido registrados entre funcionários do hospital, pacientes e acompanhantes acabaram entrando para a lista de suspeitos, posteriormente.

O número ainda é maior entre os profissionais, contabilizando 79 dos 96 casos com vínculo epidemiológico. Ele também são maioria entre os internados, representando quatro dos casos.

Confira o quadro de pacientes atualizado nesta segunda (3):

  • Casos investigados em funcionários: 79
    Casos investigados em pacientes: 05
    Casos investigados em acompanhantes: 12
  • Internações em UTI: 02
    Internações em enfermaria: 04
    Funcionários internados: 04
    Pacientes internados: 0
    Acompanhantes internados: 02

Há casos graves?

Duas pessoas, uma funcionária e um paciente, continuam na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Apesar disso, ambos apresentam uma boa evolução do quadro.

A técnica de enfermagem de 48 anos, considerada o caso mais grave da contaminação, foi extubada na última quinta-feira (30), de acordo com a infectologista do Hospital Santa Rita.

“Ela foi extubada na quinta-feira e hoje já andou sem oxigênio. Realmente, a melhora dela foi surpreendente e a gente está muito feliz com esse resultado”, disse Carolina Salume.

Hospital está funcionando normalmente?

Com exceção da ala de internação, epicentro do surto, e um centro cirúrgico ao lado, o hospital segue funcionando normalmente. Apenas os dois locais foram fechados para investigação e desinfecção.

O secretário estadual de Saúde, Tyago Hoffmann, afirmou que visitaria o hospital ainda nesta segunda-feira, ao lado da Vigilância Sanitária. O objetivo seria verificar se as alas fechadas já poderiam voltar a operar.

“A vigilância vai fazer uma vistoria na ala e no centro cirúrgico. Feito isso, a Vigilância dará autorização para a reabertura dessas áreas”, complementou.

Orlei Cardoso, Tyago Hoffmann e Carolina Salume em coletiva sobre o caso Santa Rita. Imagem: Reprodução: TV Vitória
Orlei Cardoso, Tyago Hoffmann e Carolina Salume em coletiva sobre o caso Santa Rita. Imagem: Reprodução: TV Vitória

O hospital é seguro?

O secretário da Saúde voltou a afirmar que o Hospital Santa Rita é seguro. O perigo para a população em geral já havia sido descartado anteriormente, já que nenhuma transmissão entre pessoas havia sido registrada.

Hoffmann ainda destacou a importância dos pacientes não deixarem de frequentar seus tratamentos, já que a atitude pode ser prejudicial para a saúde.

“Precisamos fazer o paciente entender que o hospital é seguro, principalmente para aqueles pacientes que têm um tratamento oncológico e que não podem perder o seu tratamento, a quimioterapia, a radioterapia, a cirurgia ou a realização de uma biópsia, por exemplo”, destacou.

Quais os sintomas?

De acordo com a nota técnica enviada a todos os hospitais do Estado pela Sesa, os casos são considerados suspeitos se o paciente tiver vínculo epidemiológico com o Hospital Santa Rita após o dia 20 de setembro de 2025 e apresentar um dos quadros sintomáticos abaixo:

Quadro 1febre e pelo menos dois dos seguintes sintomas: mialgia, cefaleia ou tosse.

Quadro 2 – febre e alteração radiológica, e pelo menos um dos seguintes sintomas: mialgia, cefaleia ou tosse.

Como os pacientes estão sendo tratados?

A nota técnica enviada pela Sesa aos hospitais orienta como devem ser atendidos os pacientes considerados casos suspeitos:

Para pacientes ambulatoriais (sem internação) recomenda-se, minimamente, raio X de tórax, hemograma completo e dosagem de Proteína C Reativa (PCR). Se o raio X ou o PCR estiverem alterados, deve-se iniciar um dos dois esquemas definidos de tratamento antibiótico por 10 dias.

Para pacientes com indicação de internação, além de exames mais aprofundados (tomografia de tórax, hemoculturas, gasometria arterial, lactato, função renal/hepática), o tratamento, caso o raio X ou PCR estejam alterados, segue os mesmos esquemas medicamentosos determinados, dependendo da disponibilidade local.

Como os outros hospitais devem agir?

Além das precauções padrão, a Sesa recomenda a implementação adicional de medidas de controle:

  • Higiene das mãos: deve ser rigorosamente aplicada, usando preparação alcoólica ou água e sabonete, especialmente nos cinco momentos estabelecidos pela OMS.
  • Limpeza e desinfecção: as superfícies mais tocadas devem ter a frequência de limpeza intensificada, especialmente em áreas críticas.
  • Isolamento: a acomodação dos casos deve ser em quarto privativo com porta fechada e bem ventilado (com exaustão adequada ou janelas abertas).
  • Precauções para aerossóis: em todos os serviços de saúde, até que novas evidências científicas estejam disponíveis.
  • Visitas aos pacientes suspeitos devem ser evitadas.
  • Movimentação dentro da unidade deve ser evitada quando desnecessária.
  • Duração: o paciente deve permanecer sob precauções até a alta hospitalar.

Quem investiga o surto?

Além da Sesa e da Vigilância Sanitária, o Laboratório Central do Estado (Lacen/ES) está atuando junto à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na testagem dos patógenos —microrganismos como vírus, bactérias e fungos que causam doenças em seres vivos. O Ministério da Saúde também acompanha o caso.

Aline Gomes

Repórter

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.