Saúde

Tadalafila: as consequências do medicamento que virou febre entre os jovens

A tadalafila ou "tadala" tem sido usada para melhorar o desempenho sexual e o desempenho na academia

Tadalafila
Reprodução: Freepik

Criada originalmente como uma possível solução para a hipertensão arterial, a tadalafila acabou tendo um efeito colateral inesperado para os pesquisadores: o impacto na disfunção erétil.

Voluntários relataram ereções mais frequentes e prolongadas durante os testes clínicos. Inclusive, alguns deles não quiseram devolver o medicamento após o fim da pesquisa.

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Depois do sucesso nos testes, a tadalafila passou a ser usada no tratamento da disfunção erétil, da hiperplasia prostática benigna e, em alguns casos, da hipertensão pulmonar.

Entretanto, o uso do medicamento tem extrapolado os limites da prescrição médica, sendo comercializada em alguns produtos irregulares e utilizada por pessoas em busca de ganho de massa muscular ou melhor desempenho sexual. Mas afinal, quais os problemas do consumo indiscriminado da substância?

O uso da tadalafila no ganho de massa muscular

Tadalafila
A tadalafila tem sido utilizada como suplemento de academia (Reprodução: Freepik)

Presente em músicas, memes e rodas de conversas entre os jovens a “tadala” está sendo utilizada como fonte de energia sexual e para dar ânimo nas academias.

Segundo Lucas Turra, médico de família da Bluzz Saúde, algumas pessoas têm utilizado a tadalafila, com o objetivo de ganho de massa muscular devido a um possível mecanismo indireto: a vasodilatação.

A vasodilatação aumentaria o fluxo sanguíneo, o que teoricamente pode aumentar a oxigenação muscular e o transporte de nutrientes para os músculos. No entanto, não há evidência cientifica robusta de que a tadalafila aumenta diretamente a massa muscular em indivíduos saudáveis.

O médico explica que a maioria dos estudos que falam sobre o ganho de massa magra após o uso da tadalafila são limitados por amostras pequenas e não se aplica a indivíduos saudáveis.

“O uso para fins de musculação não é recomendado, devido a falta de evidência cientifica e pode haver riscos, como os efeitos colaterais”, explica.

Patrick Paraguassú, educador físico e personal trainer, ao ser questionado sobre o uso da tadalafila nas academias, reforçou a importância das pessoas entenderem que esse não é o foco do medicamento.

“Há outros suplementos que podem dar resultados muito mais concretos. Com relação a esta medicação, a comprovação científica do seu uso no nosso meio é zero”, completa.

Efeitos colaterais do uso sem prescrição

Lucas Turra destaca que o uso da tadalafila sem necessidade pode acarretar efeitos significativos. “Como toda medicação, o uso da tadalafila tem seus riscos. Os efeitos colaterais mais comuns são dor de cabeça, tontura e dores musculares”.

Ele ainda destaca outros efeitos colaterais graves como queda súbita da pressão arterial e até infarto ou derrame. Além disso, seus usuários podem sofrer de priapismo, uma ereção prolongada e dolorosa, que pode durar mais do que 4 horas e causa danos permanentes ao pênis.

“A tadalafila pode ter como efeitos colaterais também a ansiedade, nervosismo e alterações do humor. Além disso, pode levar o paciente a uma dependência psicológica, onde a pessoa acredita que precisa do medicamento para ter uma ereção ou para ter um bom desempenho sexual”, completa.

Venda de goma de tadalafila é proibida pela Anvisa

No início do mês de maio, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a venda e o uso de todos os lotes do produto Metbala, da empresa FB Manipulação. A goma mastigável não tinha autorização para produção.

“Esse produto foi proibido porque: não era registrado como medicamento, a empresa não tinha licença para produção de medicamentos e a sua comercialização sem controle pode colocar seu usuário em risco (visto que a tadalafila só pode ser adquirida legalmente com receita médica)”, explica o médico.

O uso de um medicamento não deve virar “moda”

É importante lembrar que a tadalafila é um medicamento e que seu uso deve ser orientado por um médico especializado.

Se automedicar na busca de um melhor desempenho sexual ou para ganho de massa na academia não é uma atitude considerada saudável, como destaca o médico. “Os efeitos colaterais podem ser graves e os resultados não compensam”.

Já Patrick Paraguassú questionou o motivo de optar por um medicamento que não tem essa finalidade, ao invés de outras opções do mercado, que dão resultados concretos e sem risco à saúde.

“Para qual finalidade a pessoa usaria essa medicação? Para rendimento? Queima de gordura? Ganho de massa? O mercado tem diversos tipos de suplementos para todas as finalidades. Então, não há porque a pessoa utilizar uma medicação”, disse.