A técnica de enfermagem envolvida no caso do pequeno José, recém-nascido que sofreu queimaduras graves no pé esquerdo dentro do Hospital Estadual Jayme Santos Neves, na Serra, foi demitida.
A informação foi passada pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), em uma coletiva realizada nesta segunda-feira (29), quando foram dadosmais detalhes da apuração do caso, que ocorreu no dia 19 de agosto. O nome da técnica não foi revelado.
Segundo o secretário da Saúde, Tyago Hoffman, a auditoria aberta confirmou que não houve erro estrutural ou dos protocolos do hospital, e que a prática de esquentar o algodão e colocá-lo no pé, para aquecer os bebês na incubadora, não é comum ou indicada.
Ainda de acordo com ele, a técnica de enfermagem assumiu que tomou a decisão sozinha, sem a orientação de supervisores e alheia às normas do hospital. Na época, toda a equipe de saúde havia sido afastada, mas, com os resultados, apenas a técnica foi desligada.
O que houve foi uma decisão individual dessa profissional e infelizmente ela tomou uma decisão equivocada. Não houve dolo dessa profissional, ela não quis queimar o pé dessa criança, mas ela tomou uma decisão equivocada e ao tomar essa decisão provocou esse acidente, que gerou de fato uma queimadura muito grave no pé dessa criança.
Tyago Hoffman, secretário estadual da Saúde
Cartazes fazem alerta
Após o caso, a rede estadual decidiu realizar uma campanha espalhando cartazes em todos os hospitais do Estado, alertando para o risco de atitudes similares.
O relatório final da auditoria será encaminhado ao Ministério Público Estadual (MPES) e ao Conselho Regional de Enfermagem (Coren-ES) para possíveis medidas por parte dos órgãos.
Técnica atuava há menos de 4 meses no hospital
O diretor do Hospital Estadual Jayme Santos Neves, Joubert Andrade da Silva, explicou que a técnica de enfermagem atuava há cerca de quatro meses na unidade.
De acordo com o seu currículo, ela havia passado por outras instituições, mas o hospital foi o primeiro lugar de grande porte onde atuou.
Ele ainda explicou que a técnica de enfermagem passou por treinamentos e avaliações psicológicas, sendo acompanhada por outros profissionais durante seus primeiros meses no hospital.
“Ela já tinha algum tempo de experiência, alguns anos. Passou por algumas UPAs e, de hospital, estava com a gente há quase quatro meses”, explicou o diretor do hospital.
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Relembre o caso
José nasceu de parto normal no dia 19 de agosto, mesmo dia em que o caso ocorreu. Segundo a mãe do bebê, Sara Peisino, a equipe de enfermagem informou que o bebê estava com a temperatura um pouco abaixo do ideal e, por isso, recomendou que fosse levado à incubadora.
O recém-nascido estava com a temperatura de 36,2º, sendo o indicado 36,7º. A mãe concordou e pediu que a avó do menino acompanhasse o trabalho da equipe.
Foi quando a técnica de enfermagem teria passado um algodão na parte de metal da incubadora, para aquecê-lo, e então colocar dentro da meia do bebê.
“Ela colocou dentro da meia dele e quando minha mãe percebeu, o macacão dele já estava pegando fogo”, contou a mulher.
Segundo o relatório, ao aquecer o algodão isso teria gerado fagulhas e, segundo Tyago Hoffman, “essa fagulha em contato com a roupa da criança, uma roupa de lã e de materiais sintético de algodão, gerou uma chama e isso queimou de forma muito grave o pé dessa criança.”
José foi transferido para o Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG), em Vila Velha, passou por cirurgia de enxerto e recebeu alta na última quinta-feira (25).
Apesar da alta hospitalar, ele segue em tratamento, mas de acordo com o diretor do HINSG, Clio Zanella Venturim, as expectativas de melhora são altas.
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Os pais de José, o Ministério Público e o Coren-ES foram procurados, mas, até o momento da publicação, não retornaram. O texto será atualizado em caso de novas informações