Análise por Si Liberman: Editor aposentado do Asbury Park Sunday Press que mora em Palm Beach, foi operador de rádio e artilheiro em um bombardeiro B-24 durante a Segunda Guerra Mundial
Nunca imaginei que chegaria aos 100 anos — e ainda mais que continuaria escrevendo histórias. Completei 101 em setembro.
As pessoas sempre me perguntam: “Qual é o seu segredo da longevidade?” Já vivi mais do que a maioria dos meus médicos e amigos próximos, então entendo a curiosidade. Mas é uma pergunta para a qual não tenho uma resposta simples.
Eu sei, no entanto, que não é porque vivi uma vida sem problemas. Quando eu tinha 5 anos, fui atropelado por um caminhão enquanto atravessava a rua com meu irmão. Fiquei em coma por 10 dias no hospital, com fratura no crânio e o braço direito quebrado. Apenas dois meses depois, tive apendicite supurada e precisei de cirurgia de emergência.
Tive um ataque cardíaco aos 39. Aos 79, perdi temporariamente a visão de um olho e fiz uma cirurgia na artéria carótida para remover placas e evitar um AVC. Aos 89, passei por uma cirurgia de ponte de safena tripla e reparo da válvula mitral — e agora tenho um marca-passo. Mais recentemente, quebrei o quadril.
Também enfrentei outros desafios. Perdemos nossa casa durante a Grande Depressão, no fim dos anos 1920 e 1930. Um dia voltei da escola e encontrei minha mãe chorando porque teríamos de deixar a casa. Meu pai não conseguiu pagar a hipoteca, que era de 14 dólares por mês. Durante a Segunda Guerra Mundial, servi como operador de rádio e artilheiro em um bombardeiro B-24. Em 13 missões sobre a Alemanha nazista, nosso avião foi atingido várias vezes pelo fogo inimigo. Também sobrevivi aos piores dias da pandemia, que matou mais de um milhão de americanos.
Quanto aos meus segredos de longevidade, aqui está o que costumo dizer.
1- Foque nos relacionamentos
Tive muita sorte. Sou casado há 76 anos. Antes do casamento, namoramos por três anos. Sempre fomos muito próximos. Minha esposa, Dorothy, tem 97. Ela já quebrou o quadril duas vezes e enfrentou outros problemas. Temos dois filhos incríveis, com quem mantemos uma relação muito próxima, e dois netos que estão sempre em contato. Passamos por muitas coisas e enfrentamos vários desafios, mas seguimos bem.
2- Não fume
Quase todo mundo fumava quando eu era jovem, mas eu não. Nunca aprendi de verdade a tragar. Quando comecei a sair com minha esposa, ela fumava de vez em quando, mas eu a convenci a parar. Fiz isso um dia num restaurante: tirei um charuto e comecei a fumar. “Você parece absolutamente ridículo fumando um charuto”, ela disse. E eu respondi: “Vou continuar fumando até você parar.” E ela parou.
3- Exercite-se e tenha uma alimentação saudável
Sempre tentamos comer de forma saudável. No café da manhã, como frutas e consumo bastante peixe. Minha esposa sempre foi muito atenta à saúde, cuidando para que comêssemos bem e nos exercitássemos. Depois que nos mudamos para a Flórida, há 14 anos, minha rotina passou a incluir caminhadas na praia seguidas de natação na piscina do nosso prédio.
4- Tenha uma atitude positiva
Apesar de ter passado por momentos difíceis, nunca fiquei abatido por muito tempo. Se estou resfriado, penso que logo vai melhorar. Se estou atravessando um período ruim, penso que é só uma fase — e que as coisas vão melhorar. Acho que a atitude é muito subestimada e não pode ser desprezada. Sou quase sempre otimista. Sempre acreditei que dias melhores viriam — e essa atitude positiva provavelmente ajudou muito.
5- Cuide da saúde da melhor forma possível
Como dá para perceber pelo meu histórico médico, me beneficiei muito do progresso científico no tratamento de doenças e do que eu chamaria de milagres da medicina moderna. Sempre fomos cuidadosos e mantivemos consultas de rotina com os médicos. Temos o mesmo cardiologista há quase 20 anos.
6- Faça um trabalho que considere significativo
Quando eu trabalhava, era editor do Asbury Park Sunday Press, um jornal de propriedade privada. Foi um trabalho desafiador e gratificante — atuei como jornalista por mais de 40 anos. Ainda escrevo um pouco para me manter ocupado. Acho que isso me faz bem — e sempre há algo a fazer. Acredito que isso também contribuiu para minha longevidade.
7. Conte com um pouco de sorte
A jornada até aqui foi cheia de obstáculos e experiências de quase morte. Acima de tudo, acredito que fui um homem de sorte por ter vivido um relacionamento de 79 anos com minha esposa. Embora ela tenha tido alguns problemas de memória após algumas quedas, nunca esquece de me dar um beijo de boa-noite antes de dormirmos. Viver com alguém de quem você gosta — e que gosta de você — ajuda muito.
Não sei exatamente como isso se encaixa na equação da longevidade, mas tivemos uma vida e tanto.
Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão.