Vacina gripe
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Se fosse seguro, você tomaria um remédio capaz de prevenir 90% dos casos de câncer? A resposta mais provável seria: sim! Então por que a taxa de vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) está diminuindo?

O HPV é o responsável por 99,7% dos casos de câncer do colo do útero, sendo a maior atribuição já registrada de um câncer a uma causa específica. Trata-se do segundo câncer mais frequente entre as mulheres.

Existem mais de 150 cepas (ou “espécies diferentes”) de HPV e, na maioria dos casos, os pacientes infectados são assintomáticos — muitas vezes, o único sinal é o aparecimento de verrugas.

70% das pessoas já tiveram contato com HPV

Cerca de 70% das pessoas sexualmente ativas já tiveram contato com o vírus pelo menos uma vez. A maioria elimina o vírus naturalmente em um período de 1 a 3 anos, até seu completo desaparecimento. No entanto, em cerca de 10% dos casos, o vírus não é eliminado, e as lesões podem aparecer até 10 anos após a infecção inicial.

Nesses casos, o rastreio do vírus e das lesões pré-cancerígenas ou cancerígenas torna-se essencial. O teste genético para HPV é considerado o padrão-ouro para identificar o vírus, enquanto o exame de Papanicolau é usado para detectar alterações nas células do colo do útero.

Estima-se que 3,8% de todos os cânceres estejam associados ao HPV. Por isso, o teste genético é fundamental para identificar quem está infectado e, consequentemente, quem precisa de acompanhamento precoce e mais frequente. A coleta do material é feita durante os exames ginecológicos de rotina.

Vacina contra HPV

Mas mais eficaz do que detectar o vírus ou suas lesões é não contraí-lo — e isso é possível por meio da vacinação.

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Hoje, a vacina está disponível tanto na rede pública quanto na privada. Há pequenas diferenças entre os dois modelos de acesso: a versão disponível na rede privada protege contra mais cepas do HPV (ampliando a cobertura contra lesões), é recomendada para uma faixa etária maior (de 9 a 45 anos) e oferece proteção também contra lesões vulvares não cancerígenas.

O momento ideal para aplicação da vacina é antes do início da vida sexual. Ainda assim, mesmo após esse período, a vacinação continua sendo indicada, pois oferece proteção contra cepas do HPV que a pessoa ainda não tenha contraído.

Brasil teve redução na cobertura vacinal

Apesar do fácil acesso, a cobertura vacinal no Brasil caiu de 87% para 75% entre 2019 e 2022. E o impacto disso é alarmante: 50% dos pacientes que desenvolvem câncer de colo do útero chegam ao atendimento médico em estágio avançado da doença, quando há poucas opções de tratamento.

Esse cenário ajuda a explicar o aumento de 2% na mortalidade por esse tipo de câncer no Brasil no mesmo período.

Não precisamos fazer parte dessa estatística. Previna-se. Vacine-se.