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Cansaço constante, dores no corpo, crises de ansiedade, insônia, estresse elevado e a sensação de que a vida perdeu o sentido. Esses são alguns dos efeitos mais comuns da sobrecarga de trabalho e de responsabilidades, especialmente entre mulheres que acumulam jornadas profissionais, domésticas e de cuidado.

Na reta final do ano, quando a pressão aumenta, os sinais de esgotamento físico e emocional tendem a ficar ainda mais evidentes.

Esse foi o tema do programa Fala ES, apresentado por Roberta Salgueiro, que abriu espaço para um debate sobre como o excesso de trabalho afeta a saúde mental e o corpo, com a participação da psicóloga Cristina Gomes, da empresária Ana Carolina Lopes e da universitária Helena Mota, que compartilharam histórias reais de sobrecarga, adoecimento e, também, de tentativa de mudança.

Cristina Gomes Ana Carolina Lopes e Helena Mota
Cristina Gomes, Ana Carolina Lopes e Helena Mota durante entrevista. Foto: Reprodução/Fala ES

Sobrecarga que vira rotina e adoecimento

Ana Carolina se reconheceu totalmente no tema. “A minha vida se resume a casa, trabalho, trabalho, casa. Só que em casa, a gente trabalha muito mais. E eu levo muito trabalho também para casa”, relatou.

Segundo ela, o acúmulo acabou gerando uma sobrecarga pessoal e emocional intensa, marcada por estresse constante.

Ana Carolina contou que chegou a trabalhar virando noites e fins de semana inteiros, até perceber que precisava interromper esse ciclo. “Se eu continuasse trabalhando em casa, eu ia pirar”, afirmou.

Ana Carolina Lopes é empresária
Ana Carolina Lopes é empresária. Foto: Reprodução/Fala ES

A virada de chave veio quando passou a se permitir cuidar de si. Incentivada pelo filho, começou a praticar ioga e atividade física.

“Estou dormindo de novo, estou mais calma, mais leve. As pessoas percebem e dizem que eu estou diferente”, contou.

Quando o corpo grita

A história de Helena também escancara os limites da sobrecarga. Mãe de uma criança atípica, estudante de curso integral e responsável por toda a rotina da casa, ela relatou ter sofrido uma crise grave de ansiedade que a levou ao hospital. Exames apontaram níveis de cortisol até dez vezes acima do normal.

“O médico me colocou na parede. Disse que, se eu não começasse uma atividade física, nem me atenderia mais”, revelou.

Helena Mota é universitária
Helena Mota é universitária. Foto: Reprodução/Fala ES

Para Helena, o peso não está apenas no ato de cuidar, mas na ausência de rede de apoio. “Cuidar não é pesado. O que pesa é cuidar sozinha, sem escuta, sem incentivo”, destacou.

Mesmo sem conseguir ainda inserir uma rotina regular de exercícios, ela encontrou acolhimento em grupos de mães cuidadoras e projetos de apoio emocional. “Só de falar e ser ouvida, o peso diminui”, afirmou.

“Não é normal viver assim”, alerta psicóloga

A psicóloga Cristina Gomes foi enfática ao afirmar que normalizar a exaustão é um erro perigoso. “Não é normal, não. Esse lugar do cuidador invisível, que só cuida do outro e não se permite existir, adoece”, alertou.

Segundo ela, o corpo é a primeira casa que habitamos e ignorar seus limites cobra um preço alto.

Cristina explicou que dores físicas, estresse elevado, aumento do cortisol e crises emocionais são sinais claros de que algo precisa mudar. “Se você não se alimenta bem, não dorme, não se movimenta, esse corpo vai parar”, disse.

Para quem afirma não ter tempo, a psicóloga sugere soluções possíveis: “Acordar 10 ou 15 minutos mais cedo e suar. Dançar em casa, fazer um vídeo de zumba, se movimentar. O corpo precisa disso”.

Cristina Gomes é psicóloga
Cristina Gomes é psicóloga. Foto: Reprodução/Fala ES

Outro ponto central levantado foi a dificuldade de pedir ajuda.

Muitas pessoas se colocam voluntariamente nesse lugar de ‘se eu não fizer, ninguém faz’. Mas ninguém aguenta sozinha. É preciso descer do pedestal, pedir ajuda, delegar.

Cristina Gomes, psicóloga

Dicas para não terminar o ano sobrecarregado

Ao final do debate, algumas orientações ficaram claras. Entre as principais dicas para evitar a sobrecarga estão:

  • Reconhecer os sinais de cansaço físico e emocional
  • Evitar normalizar dores, estresse e exaustão constantes;
  • Reservar um tempo, mesmo curto, para atividade física;
  • Cuidar do sono, da alimentação e da hidratação;
  • Pedir ajuda e construir uma rede de apoio;
  • Delegar tarefas e abrir mão do perfeccionismo;
  • Criar momentos de prazer e lazer na rotina;
  • Buscar apoio psicológico quando necessário.

*Com informações do programa Fala ES exibido no dia 16 de dezembro na TV Vitória/Record

Erika Santos, editora-executiva do Folha Vitória
Erika Santos

Editora-executiva

Jornalista formada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), com MBA em Jornalismo Empresarial e Assessoria de Imprensa.

Jornalista formada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), com MBA em Jornalismo Empresarial e Assessoria de Imprensa.