Como conversar sobre a morte com as crianças? Veja 9 dicas

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Psi. Renata Bedran

A morte é um tema delicado e difícil para as pessoas comentarem. Esse assunto envolve sentimentos confusos e profundos e cheio de incertezas, pois nos faz lembrar que a vida é finita e que pessoas queridas podem falecer antes da gente.

Podemos fazer algumas coisas para facilitar o luto da criança, mas sempre tendo em mente que esse é um período difícil e que cada criança irá reagir de um jeito. Algumas vão ficar mais sensíveis, chorar mais, por exemplo. Outras irão demonstrar que não estão bem com mudanças de comportamento.

É importante acolher a dor. Fingir que as crianças não entendem e não sentem não ajuda e só dificulta o luto.

O ideal é lidarmos com essa situação de forma acolhedora e respeitosa:

* Seguem algumas dicas:

1) Escolha um ambiente seguro e tranquilo onde a criança se sinta confortável e segura.
2) Diga a verdade. Você pode até escolher qual o melhor momento de falar e como falar, mas ela merece saber a verdade.
3) Seja direto, simples e honesto. Cuidado com a explicação: “virou estrelinha” ou “foi para o céu”. Algumas crianças planejam morrer para poder reencontrar os avós ou pessoas queridas.
4) Use exemplos concretos e simples para explicar a morte. Evite termos abstratos e que possam ser difíceis de entender.
5) Esteja preparado para responder às perguntas com honestidade e sinceridade.

* Exemplos:

– Quando o filho perguntar: “mas a vovó vai voltar?” Responda com honestidade: “a vovó não vai voltar, ela vai ficar para sempre em sua memória, mas ela não vai voltar.”

– “Eu vou ver ela de novo?” Você pode dizer que algumas pessoas (religiões) acreditam que um dia todos nós vamos nos reencontrar, e que outras pessoas (religiões) acreditam que não. E aí você conta o que acredita, fale sobre sua crença, mas nem tudo conseguiremos explicar, porque nem nós sabemos.

– “Morrer dói?” Algumas vezes, sim, outras não. Depende de como aconteceu.

– “Mamãe, você vai morrer?” Sim, todos nós vamos morrer um dia, e nós vamos cuidar muito bem da nossa saúde para que esse dia demore muito.

6) Respeite as emoções da criança: permita que a criança expresse suas emoções. Esteja aberto para falar sobre tristeza, raiva, confusão ou qualquer outra emoção que ela possa estar sentindo. Se a criança chorar, permita. Acolha. Valide. É importante ela vivenciar e expressar esses sentimentos.

7) Esteja preparado para repetir a conversa: crianças podem precisar de várias conversas para entender completamente a ideia da morte. Esteja disposto a repetir informações e responder a perguntas repetidas.

8) Use livros e recursos visuais: livros infantis sobre a morte podem ajudar a ilustrar e explicar conceitos de maneira mais acessível às crianças.

9) Incentive atividades terapêuticas como desenho ou escrever sobre sentimentos, para ajudar a criança a expressar suas emoções.

Por fim, devemos sempre nos lembrar que cada criança é única e a abordagem deve ser adaptada à personalidade e compreensão individual. O importante é criar um ambiente segura para a criança expressar suas emoções e fazer perguntas.

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Psi. Renata Bedran

Psicóloga Clínica e Educadora Parental em Disciplina Positiva. Certificada em Disciplina Positiva pela DPA-USA. Graduada em publicidade e marketing pela Emerson College, Boston, USA. Pós graduada em Psicologia Hospitalar e Pós graduada em Educação Positiva. Trabalha orientando os pais de crianças da primeira infância em como educar os filhos com respeito e empatia. Atua também como psicóloga infantil. @psi.renatabedran