Antes de dizer ‘não pode’ para o seu filho, pergunte-se: por que não pode?

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Psi. Renata Bedran

Uma das coisas que aprendi depois que fui mãe e que comecei a estudar sobre educação não violenta, disciplina positiva, foi me questionar o motivo de dizermos certos nãos aos nossos filhos.

Montessori diz que se a criança não está fazendo mal a natureza, a ela mesma ou a outro ser humano, não tem porque intervimos no seu comportamento.

Logo que a minha filha entrou na creche, toda vez que eu a buscava em sala, logo que ela saía, ia direto para o pátio e se sentava no balanço. E eu sempre dizia a ela: “vamos embora, agora não é hora de estar no pátio e de balançar, não é hora do seu recreio.”

Até que percebi que não tinha problema nenhum ela usar o balanço por uns 5/ 10 minutinhos, já que isso também não iria atrapalhar nossos horários e nossa rotina. Além disso, ela não atrapalhava ninguém, não estava machucando ninguém e muito menos a ela mesma. Foi aí que me permiti deixá-la na sua autenticidade e liberdade de, ao sair da sala, ficar um pouco no pátio.

Percebi que eu estava sendo muito rígida e pensei que ter um pouco de flexibilidade em alguns momentos não faz mal. Foi assim que comecei a usar essa ferramenta de me perguntar (por que não pode?) em tudo na minha vida.

Ano passado, ela começou a querer pegar coisas que não servem mais para nada, restos de papéis, de recortes, folhas caídas (coisas que ela chama de reutilizáveis) e guardar para que ela pudesse usar em outra ocasião. A meu primeiro pensamento é julgar e pensar: “mas para que ela quer pegar essas coisas??” Mas, ao invés de eu lutar contra isso, eu simplesmente guardo para ela, como ela me pede.

Um dia, ela me disse que na escola não tinham deixado ela pegar do chão os recortes que sobraram. Então eu avisei a professora que tudo bem por mim, ela recolher. A professora autorizou. E depois disso a mochila dela chegava cheia de restos de papel e cartolina com glitter.

Até que um dia, essa fase passou. Será que valia a pena eu criar uma batalha e falar que ela não podia catar nada nem levar nada, pq aquilo não tinha função/ importância nenhuma? Sendo que para ela tinha importância e sentido?

Para concluir, te convido a escolher as batalhas com seus filhos e principalmente quando tiver vontade de responder “NÃO”, se pergunte: “POR QUE NÃO?”.

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Psi. Renata Bedran

Psicóloga Clínica e Educadora Parental em Disciplina Positiva. Certificada em Disciplina Positiva pela DPA-USA. Graduada em publicidade e marketing pela Emerson College, Boston, USA. Pós graduada em Psicologia Hospitalar e Pós graduada em Educação Positiva. Trabalha orientando os pais de crianças da primeira infância em como educar os filhos com respeito e empatia. Atua também como psicóloga infantil. @psi.renatabedran