
Vitória aparece em 1º lugar, no Espírito Santo, e na 4ª posição nacional de acesso à saúde, segundo o Ranking de Competitividade dos Municípios 2025, elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP). O levantamento avalia indicadores como cobertura vacinal, qualidade do pré-natal e tempo de espera por consultas e exames.
Mas o que fez a capital conquistar destaque ao ter a saúde pública avaliada? Segundo a Prefeitura Municipal de Vitória, mais de 2 milhões de consultas e exames especializados foram realizados, nos últimos quatro anos.
Além disso, atualmente, a cidade conta com 29 unidades básicas de saúde, algumas funcionando à noite, nos fins de semana e até feriados, medida que, de acordo com a gestão, ampliou o acesso e reduziu a procura exclusiva por pronto-atendimentos.
Atendimento mais próximo das famílias

Diante dessas mudanças, a população sentiu o reflexo no dia a dia. A dona de casa Gleicielly da Conceição, mãe de dois filhos, relata que o acompanhamento para o filho diagnosticado com autismo foi um dos pontos que mais fizeram diferença na rotina da família.
Meu filho começou acompanhamento desde um ano e isso adiantou muito. Antes, demorava, mas hoje consigo atendimento com mais regularidade.”
Gleicielly da Conceição, mãe
Para Nilza Duarte Maria, de 67 anos, que mora há oito anos na região de Conquista, o acesso também melhorou. Segundo ela, os principais problemas eram referentes a demora para realizar exames e consultas, data essa, que chegava há dois anos de espera.
Antigamente, custava demais, demorava um ano, dois anos. Agora, não. É muito mais rápido. Graças a Deus consigo fazer meus exames e cuidar do coração. Hoje, eu digo que está 100% melhor.”
Nilza Duarte Maria, paciente
A trabalhadora doméstica Raíza Emanoelle, mãe de três filhos, relatou que a estrutura atual da rede trouxe mais conforto e praticidade no acompanhamento da gestação. Segundo ela, durante a primeira gravidez, não conseguiu realizar exames importantes pelo SUS. Já na segunda gestação, conseguiu acesso a procedimentos, como a ultrassonografia morfológica e até a marcação de consultas pelo celular, o que facilitou a vida corrida dela.
Investimentos e avanços
De acordo com a subsecretária de Saúde de Vitória, Patrícia Vedova, os investimentos per capita em saúde aumentaram em mais de 80% nos últimos anos, o que possibilitou reduzir filas e criar alternativas de atendimento.
Segundo ela, as 29 unidades básicas funcionam em horários estendidos e parte delas atende também à noite, nos fins de semana e feriados. Além disso, tecnologias como os totens de autoatendimento e agendamento pelo celular ajudaram a agilizar o processo.
Hoje, praticamente não temos fila na área de oftalmologia, por exemplo. Mais de 3 mil óculos já foram entregues a crianças da rede municipal. Também contamos com psicólogos em todas as unidades, o que amplia o acesso à saúde mental.”
Patrícia Vedova, subsecretária de Saúde de Vitória
Ela ressalta que os desafios permanecem, entre eles: obesidade infantil, atenção à saúde do idoso e ampliação de serviços voltados a neurodivergências ainda exigem maior foco.

Além da modernização dos serviços, a rede municipal também passou por ampliações recentes. Unidades de saúde em bairros, como Conquista, Jardim Camburi, Maria Ortiz, Maruípe, Praia do Suá e Santo Antônio, agora, funcionam aos fins de semana e feriados. Em Jardim Camburi e Maruípe, o horário foi estendido até as 22h.
Estão em andamento obras de novas unidades em Santo Antônio, Bairro República e Grande Vitória, da duplicação da unidade de Jardim Camburi e da implantação do Centro de Referência de Atendimento ao Idoso e da primeira UPA de Vitória. Também estão previstas a nova sede do Caps Infantil e a construção das UBS de Consolação e Forte São João.
Especialistas avaliam mudanças

O coordenador do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Ufes, Thiago Dias Sarti, avalia que o avanço de Vitória, no ranking, é significativo, mas ressalta que ainda há obstáculos para a rede pública superar.
Segundo ele, o envelhecimento da população exige mais atenção a doenças crônicas, que demandam acompanhamento contínuo e maior oferta de especialistas. Além disso, a dificuldade de fixar médicos em determinadas áreas do SUS, como cardiologia e neurologia, cria gargalos no atendimento.
O sistema precisa adequar a oferta à demanda. Muitas vezes, não há profissionais suficientes em algumas especialidades. Estratégias como teleatendimentos, monitoramento das filas e fortalecimento das unidades de saúde próximas da população são fundamentais para reduzir desigualdades e evitar que casos simples cheguem aos especialistas.”
Thiago Dias, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Ufes
Contraste na Grande Vitória
Apesar da liderança da capital, outras cidades da Região Metropolitana ainda enfrentam grandes dificuldades. No ranking nacional, Vila Velha aparece na 137ª posição, a Serra em 226º, Cariacica em 279º e Guarapari em 319º.
As prefeituras desses municípios informaram que avaliam os resultados e afirmaram que buscam estratégias para melhorar o atendimento à população.
A secretária municipal de Saúde de Vitória, Magda Lamborghini, reforça que o objetivo é manter o ritmo de melhorias. “Cada obra, cada programa e cada serviço implantado têm um objetivo único: cuidar das pessoas. Estamos modernizando a rede, ampliando o acesso e garantindo atendimento mais humano e eficiente”, destacou.