A queda de cabelo é uma condição que afeta milhões de pessoas no mundo, com causas que vão desde predisposições genéticas até distúrbios hormonais, estresse, infecções e, especialmente, deficiências nutricionais.
Uma alimentação desequilibrada pode afetar diretamente o ciclo de crescimento capilar, tornando os fios mais frágeis, quebradiços e sujeitos à queda.
Diversos estudos demonstram que certas vitaminas e minerais desempenham papéis essenciais na manutenção da saúde do couro cabeludo e do folículo piloso.
Quando há deficiência desses micronutrientes, os cabelos podem entrar precocemente na fase de queda (telógena), e o crescimento de novos fios pode ser comprometido.
Contudo, especialistas reforçam que a suplementação indiscriminada, sem avaliação laboratorial, não é recomendada.
Nem todas as pessoas que sofrem com queda de cabelo têm deficiência de vitaminas. Em pessoas saudáveis, o excesso de alguns nutrientes pode até provocar o efeito inverso: queda capilar induzida por toxicidade.
VITAMINA D: UMA DAS MAIS ASSOCIADAS À QUEDA CAPILAR
A vitamina D tem se mostrado um dos nutrientes mais relevantes em quadros de queda de cabelo, especialmente nos casos de alopecia areata e eflúvio telógeno. Baixos níveis de vitamina D no sangue têm sido identificados com frequência em pacientes com esses tipos de alopecia.
A vitamina D atua como moduladora do sistema imunológico e está envolvida na diferenciação de queratinócitos, células fundamentais para o crescimento do cabelo. Além disso, receptores de vitamina D estão presentes nos folículos capilares, e sua ativação é considerada importante para a fase anágena — fase de crescimento do fio.
Em diversos estudos, pacientes com níveis séricos insuficientes apresentaram melhora no volume e densidade dos cabelos após a normalização da vitamina D, geralmente por meio de suplementação oral ou tópica acompanhada por profissionais.
COMPLEXO B: BIOTINA E OUTRAS VITAMINAS FUNDAMENTAIS
As vitaminas do complexo B são amplamente associadas à saúde capilar. Entre elas, a biotina (vitamina B7) é a mais conhecida do público e presente na maioria dos suplementos para cabelo, pele e unhas. Contudo, é importante destacar que a deficiência de biotina é rara, e em indivíduos com níveis normais, a suplementação não apresenta, comprovadamente, aumento no crescimento ou na densidade capilar.
Além da biotina, outras vitaminas do complexo B têm papéis importantes:
- Vitamina B12 e ácido fólico (B9): contribuem para a produção de glóbulos vermelhos e oxigenação do couro cabeludo. A carência dessas vitaminas pode levar a uma redução da nutrição nos folículos e, consequentemente, à queda dos fios.
- Vitamina B5 (ácido pantotênico): ajuda na síntese de coenzimas envolvidas na produção de energia celular, importante para a renovação dos folículos.
- Vitamina B6 (piridoxina): atua na metabolização de proteínas e também na produção de neurotransmissores, podendo ter efeito indireto sobre o estresse — fator que também influencia na queda capilar.
O equilíbrio dessas vitaminas é essencial para manter o ciclo de crescimento saudável dos fios. No entanto, mais uma vez, o excesso pode ser prejudicial, e a suplementação deve ocorrer apenas em casos comprovados de deficiência.
FERRO: DEFICIÊNCIA ENTRE MULHERES É COMUM E AFETA OS FIOS
A deficiência de ferro, especialmente em mulheres em idade fértil, é uma das principais causas nutricionais da queda de cabelo. O ferro é essencial para o transporte de oxigênio às células, e sua carência impacta diretamente a função dos folículos capilares.
Estudos mostram que a queda capilar pode ser um dos primeiros sinais de anemia por deficiência de ferro, mesmo antes de sintomas mais graves aparecerem. Além disso, pacientes com baixos níveis de ferritina, mesmo sem anemia, já podem apresentar queda significativa dos fios.
O tratamento da deficiência de ferro, via dieta ou suplementação, costuma resultar em melhora visível na qualidade dos cabelos e redução da queda em poucas semanas ou meses, dependendo da gravidade da deficiência.
VITAMINA C: POTENCIALIZANDO A ABSORÇÃO DO FERRO
A vitamina C é um potente antioxidante e atua diretamente no sistema imunológico, na formação do colágeno (que compõe a estrutura do fio) e, principalmente, na absorção do ferro não-heme, presente em alimentos de origem vegetal.
Sua ação ajuda a manter o couro cabeludo mais irrigado e saudável. Além disso, ao combater o estresse oxidativo nos folículos, pode proteger contra a miniaturização dos fios — um dos mecanismos da alopecia androgenética.
Dietas pobres em frutas cítricas, vegetais crus e alimentos frescos podem levar à deficiência de vitamina C, o que compromete não apenas a saúde do cabelo, mas de todo o tecido conjuntivo.
VITAMINA E: CIRCULAÇÃO E DEFESA ANTIOXIDANTE
A vitamina E tem ação antioxidante semelhante à vitamina C, protegendo as membranas celulares contra os radicais livres. Além disso, ela ajuda na microcirculação do couro cabeludo, facilitando a oxigenação e a nutrição dos folículos capilares.
Alguns estudos associam a deficiência de vitamina E à fragilidade capilar e à perda precoce dos fios. No entanto, o excesso dessa vitamina, por meio de suplementação indiscriminada, pode ter efeito tóxico, sendo associado até mesmo à queda de cabelo induzida.
Por esse motivo, a recomendação de vitamina E costuma ser feita apenas quando há sinais clínicos ou confirmação laboratorial da deficiência.
ZINCO: OLIGOELEMENTO FUNDAMENTAL PARA OS FOLÍCULOS
O zinco é um mineral essencial para a divisão celular, síntese de proteínas e funcionamento das glândulas sebáceas, que hidratam naturalmente o couro cabeludo. A deficiência de zinco pode gerar:
- Enfraquecimento dos fios;
- Queda acentuada;
- Dificuldade de crescimento;
- Maior oleosidade e descamação.
Populações mais suscetíveis à deficiência de zinco incluem vegetarianos estritos, pessoas com distúrbios intestinais, lactantes e adolescentes em crescimento. A correção da deficiência geralmente traz resultados satisfatórios, com diminuição da queda e melhora na qualidade dos fios.
Assim como outros micronutrientes, o excesso de zinco pode ser prejudicial, especialmente quando há desequilíbrio com o cobre, outro mineral necessário à saúde capilar.
VITAMINAS FUNCIONAM PARA TODO TIPO DE QUEDA DE CABELO?
A eficácia das vitaminas no combate à queda de cabelo depende diretamente da causa da queda. Em casos de alopecia androgenética (calvície hereditária), por exemplo, as vitaminas não revertem o quadro, mas podem ajudar a manter a saúde geral dos fios e retardar a progressão da queda quando associadas a tratamentos médicos.
Já em quadros como eflúvio telógeno, muitas vezes provocado por deficiências nutricionais, estresse ou pós-operatório, a suplementação adequada pode ser suficiente para reverter a condição.
Em alopecias autoimunes, como a alopecia areata, as vitaminas podem atuar como complemento de terapias imunomoduladoras, melhorando o ambiente inflamatório do couro cabeludo.
COMO IDENTIFICAR A MELHOR VITAMINA PARA CADA CASO
Não existe uma única “melhor vitamina” para a queda de cabelo. A mais indicada será aquela que corrige uma deficiência existente. Por isso, é fundamental investigar os níveis de:
- Vitamina D;
- Complexo B (especialmente B12, B7 e B9);
- Ferro e ferritina;
- Zinco;
- Vitamina C e E.
Um exame de sangue pode revelar quais estão abaixo do ideal. Apenas a partir desse diagnóstico é possível montar uma estratégia de suplementação segura e eficaz.