Dormir é muito mais do que descansar o corpo. O período noturno é quando o organismo entra em um processo intenso de reparo celular e a pele participa ativamente dessa regeneração.
Durante o sono profundo, hormônios ligados ao crescimento e à recuperação dos tecidos são liberados, estimulando a produção de colágeno e elastina, proteínas que garantem firmeza, sustentação e viço.
Segundo informações do Portal TV Foco, estudos da Fundação Nacional do Sono indicam que adultos devem dormir entre sete e nove horas por noite para que o corpo desempenhe adequadamente essas funções.
Quando essa recomendação não é cumprida, o reflexo aparece rapidamente: olheiras, pele sem luminosidade, linhas de expressão mais marcadas e recuperação cutânea mais lenta.
COMO A GLICAÇÃO AFETA O COLÁGENO
Entre os hábitos noturnos que mais prejudicam a pele está o consumo de açúcar antes de dormir. O excesso de glicose no sangue desencadeia um processo chamado glicação, no qual as moléculas de açúcar se ligam às fibras de colágeno e elastina, tornando-as rígidas e quebradiças. Essa modificação acelera a formação de rugas profundas e a perda de elasticidade. Pesquisas publicadas no Journal of Clinical and Aesthetic Dermatology explicam que a glicação leva à formação dos chamados AGEs, produtos finais da glicação avançada, que se acumulam na pele e comprometem sua capacidade de regeneração. Embora a glicação faça parte do envelhecimento natural, escolhas alimentares equilibradas podem retardar esse processo. Evitar doces noturnos e substituir por frutas ricas em antioxidantes, como morango, kiwi e mirtilo, contribui para neutralizar radicais livres e proteger a integridade do colágeno.
O IMPACTO DO CORTISOL NO ENVELHECIMENTO
A qualidade do sono está diretamente ligada à produção de cortisol, o hormônio do estresse. Noites mal dormidas ou sono irregular elevam os níveis dessa substância, que em excesso compromete a barreira cutânea, aumenta a inflamação e reduz a hidratação natural da pele. Estudos conduzidos pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA), demonstraram que altos níveis de cortisol podem inibir a produção de colágeno e acelerar o aparecimento de rugas. Quando o organismo não atinge o sono profundo necessário, perde-se a oportunidade de liberar hormônios reparadores, o que resulta em envelhecimento precoce e recuperação celular mais lenta.
MAQUIAGEM E OBSTRUÇÃO DOS POROS
Dormir sem remover a maquiagem é outro hábito que contribui para o envelhecimento acelerado da pele. Resíduos de base, pó e outros cosméticos obstruem os poros, impedem a respiração cutânea e dificultam a renovação celular. Além disso, impurezas acumuladas podem gerar inflamações, aumentar a oleosidade e favorecer o surgimento de acne. A Academia Americana de Dermatologia reforça que a higienização adequada do rosto deve ser feita diariamente, especialmente antes do sono, para eliminar não apenas a maquiagem, mas também a poluição e as partículas que se acumulam ao longo do dia. Esse cuidado simples fortalece a barreira cutânea e favorece o processo de regeneração noturna.
FRONHAS, ATRITO E LINHAS DE EXPRESSÃO
A posição em que se dorme e o tipo de tecido em contato com o rosto podem causar rugas ao longo do tempo. Fronhas de algodão, comuns na maioria dos lares, geram atrito durante a noite, provocando linhas de expressão conhecidas como “rugas do travesseiro”. Embora muitas dessas marcas desapareçam ao longo do dia, o atrito repetido pode transformá-las em marcas permanentes. Dermatologistas recomendam fronhas de seda ou cetim, que reduzem a fricção e ajudam a preservar a hidratação natural da pele. Esse simples ajuste na rotina pode ter efeitos significativos na prevenção do envelhecimento.
LUZ AZUL E O COMPROMETIMENTO DA MELATONINA
O uso de celulares, tablets e computadores antes de dormir também interfere na regeneração cutânea. A luz azul emitida por esses dispositivos reduz a produção de melatonina, o hormônio responsável por regular o sono. A falta de melatonina prejudica a entrada no sono profundo, fase essencial para a liberação de hormônios que estimulam a produção de colágeno. Estudos publicados na revista Oxidative Medicine and Cellular Longevity apontam ainda que a luz azul intensifica o estresse oxidativo das células da pele, favorecendo o aparecimento de manchas, rugas e flacidez. Limitar a exposição a telas pelo menos uma hora antes de dormir é uma medida importante para preservar tanto a qualidade do sono quanto a saúde da pele.
COMO REDUZIR O IMPACTO DOS HÁBITOS NOTURNOS
O envelhecimento é inevitável, mas pode ser retardado com escolhas conscientes na rotina diária. Dermatologistas e especialistas em sono destacam que pequenas mudanças de comportamento trazem benefícios cumulativos e visíveis ao longo do tempo. Abaixo, algumas orientações práticas para proteger a pele durante a noite:
- Mantenha uma rotina de sono regular: dormir entre sete e nove horas por noite, em horários consistentes, ajuda o corpo a entrar no ciclo de reparação necessário para a produção de colágeno.
- Substitua o açúcar por alimentos antioxidantes: frutas como morango, kiwi, mirtilo e laranja combatem radicais livres e contribuem para preservar as fibras de colágeno.
- Remova a maquiagem e higienize a pele: lave o rosto com produtos adequados ao seu tipo de pele para eliminar resíduos de cosméticos, poluição e oleosidade acumulada.
- Prefira fronhas de seda ou cetim: esses tecidos reduzem o atrito, preservam a hidratação e ajudam a prevenir as chamadas rugas do travesseiro.
- Crie um ambiente propício para o sono: mantenha o quarto escuro, silencioso e em temperatura agradável, favorecendo o descanso reparador.
- Desconecte-se das telas antes de dormir: evite a exposição à luz azul de celulares, tablets e computadores ao menos uma hora antes do sono. Isso melhora a produção de melatonina e favorece a regeneração da pele.
- Controle o estresse ao longo do dia: práticas como meditação, exercícios físicos e respiração profunda ajudam a reduzir os níveis de cortisol e beneficiam diretamente a saúde cutânea.
- Invista em hidratação noturna: o uso de cremes adequados pode potencializar a regeneração celular e fornecer nutrientes que complementam a ação natural do sono.
Cuidar da pele durante a noite não se limita ao uso de cosméticos. Trata-se de adotar um estilo de vida que favoreça a regeneração natural do corpo e minimize os fatores que aceleram o envelhecimento. Ajustes simples na alimentação, na rotina de sono e nos hábitos noturnos podem se traduzir em uma pele mais firme, luminosa e com menos rugas ao longo do tempo.