Enquanto ricos são otimistas com economia, mais pobres estão pessimistas
Ao comparar o sistema político do Brasil com outros 33 países diferentes, observou-se que os parlamentares brasileiros são os mais caros do mundo. Além disso, o país possui um número atípico de partidos, de volume orçamentário alocado no poder legislativo e nos partidos, para financiar campanhas e operações, por exemplo. Esses são dados de um estudo realizado pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA).
Como afirmou o cientista político Scott Mainwaring “a legislação eleitoral brasileira não possui paralelo no mundo”. Nesse sentido, há três principais fatores que motivam essas diferenças. O primeiro deles é o número efetivo de partidos. Esse número considera as legendas que de fato possuem influência no sistema político para barganhar na formação de coalizões, por exemplo.
Dentre os países analisados pelo estudo, o Brasil ocupa o primeiro lugar, com 16 partidos efetivos. O segundo lugar é ocupado pela Bélgica (10) e o terceiro pelo Chile (9,5). O montante médio excluindo o Brasil da análise é de 4,51.
Nesse sentido, esse fator influencia em na segunda particularidade mais marcante da política brasileira: a quantidade de dinheiro do governo destinada ao legislativo. Ao analisar o orçamento federal total destinado a esse poder e dividir pelo número total de parlamentares e, posteriormente, pela renda média do país, identificou-se que para cada US$ 1 recebido pelos cidadãos, os membros do legislativo receberam US$ 528.
Esse valor é, novamente, o maior da amostra. Em segundo lugar, está Argentina (aproximadamente US$ 220) e, em terceiro, os Estado Unidos (pouco menos de US$ 150).
Ainda, as transferências monetárias do governo destinadas aos partidos brasileiros destinadas ao financiamento de campanhas eleitorais e operações internas somavam mais de US$ 446 milhões por ano. O México vem em seguida com US$ 307 milhões por ano e, na terceira colocação, o Japão, com US$ 300 milhões no mesmo período. Ao excluir o Brasil da análise, a média desse montante para os outros 33 países é de US$ 65,4 milhões.
Em geral, além do custo contábil da cifra expressiva destinada ao sistema político brasileiro, há ainda um custo implícito: esses recursos poderiam ser destinados à outras políticas públicas de combate à pobreza, desigualdade ou distorções setoriais no país.
Nesse contexto, reformas estruturais podem conter o aumento de gastos com o legislativo ao longo dos próximos anos. O grande dilema é que os políticos não sinalizam para votações que combatam os seus próprios privilégios em relação à população como um todo. Esse é um dos principais desafios para a redução de gastos e aumento da eficiência na política brasileira.
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