Política

'Cérebro' da Lava Jato na Suíça pede exoneração

‘Cérebro’ da Lava Jato na Suíça pede exoneração ‘Cérebro’ da Lava Jato na Suíça pede exoneração ‘Cérebro’ da Lava Jato na Suíça pede exoneração ‘Cérebro’ da Lava Jato na Suíça pede exoneração

Genebra – O procurador suíço Stephan Lenz, que lidera as investigações sobre o esquema de corrupção da Petrobras na Suíça, anunciou que deixará o Ministério Público do país europeu. Em uma carta enviada nesta semana a seus superiores, Lenz informou que abandonará suas funções no fim do ano em protesto à falta de recursos e de estratégia por parte do Procurador-Geral da Suíça, Michael Lauber.

Conhecido pelos procuradores da Lava Jato no Brasil, Lenz é considerado no MP suíço como o “cérebro” das investigações sobre o caso brasileiro. Dois anos depois de iniciar o processo na Suíça, o trabalho conduzido por ele já resultou em mais de mil contas bloqueadas com cerca de US$ 800 milhões. Desse total, aproximadamente US$ 190 milhões já foram repatriados ao Brasil. Um dos aspectos mais importantes da cooperação suíça tem sido o envio ao Minsitério Público brasileiro de milhares de páginas de extratos bancários do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha e de outros suspeitos.

Passaram pela mesa de Lenz casos como o de Cunha, do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, do ex-ministro do Turismo Henrique Alves (PMDB-RN) e todo o dossiê de cerca de duas mil páginas relativas aos extratos bancários de empresas de fachada usadas pela Odebrecht.

O anúncio da saída de Lenz foi recebido como um golpe pela Justiça suíça. Na carta, ele criticou abertamente a maneira como o MP do país tem lidado com os procuradores sem garantir nem reconhecimento, salários adequados ou recursos para realizar o trabalho.

O procurador ainda acusa o seu chefe de “falta de estratégia”, o que teria levado os demais profissionais a uma crise, descontentamento e “muitas demissões”. Lenz também expôs sua insatisfação pela forma como o MP trata de “grandes casos complexos”, como tem sido o da Petrobras. Segundo ele, os processos ainda estariam ocorrendo diante da “resistência” de outras forças dentro da Suíça.

O procurador também ataca o nível salarial dos procuradores no país europeu, alertando que eles têm hoje uma renda muito inferior aos advogados da defesa e são obrigados a trabalhar “por longas horas”. Lauber teria reduzido os salários de parte de seus procuradores. Ainda que a medida não atinja Lenz, ele decidiu protestar e alertar que a iniciativa representaria uma “degradação” das funções dos fiscais. Para ele, a essa incerteza se soma ao fato de que um procurador hoje não sabe se está agindo com pessoas “do lado certo”.

À reportagem, o Ministério Público da Suíça sugeriu que o pedido de exoneração não teria um impacto para as investigações sobre a Odebrecht e outros casos da Lava Jato. “O processo da Petrobras é complexo e é conduzido por uma força-tarefa que consiste de vários procuradores em várias localidades”, indicou o MP.

De acordo com Berna, a força-tarefa suíça sobre a Lava Jato inclui analistas forenses, analistas de tecnologia da informação, especialistas em lavagem de dinheiro, advogados e especialistas em corrupção internacional.

Segundo o MP, a força-tarefa ainda é reforçada pela presença da Polícia Federal suíça, além do Escritório Federal de Justiça.