Política

Marco Aurélio Mello vota contra compartilhamento de dados da Receita sem aval judicial

O ministro iniciou a leitura do voto com críticas à ampliação do escopo do julgamento

Marco Aurélio Mello vota contra compartilhamento de dados da Receita sem aval judicial Marco Aurélio Mello vota contra compartilhamento de dados da Receita sem aval judicial Marco Aurélio Mello vota contra compartilhamento de dados da Receita sem aval judicial Marco Aurélio Mello vota contra compartilhamento de dados da Receita sem aval judicial
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quinta-feira, 28, contra o compartilhamento de informações sigilosas da Receita Federal com o Ministério Público sem prévia autorização judicial. Na prática, o voto do ministro abre uma terceira via no julgamento que discute a atuação de órgãos de fiscalização e controle.

“Surge uma ironia. A Receita, parte na relação tributária, pode quebrar o sigilo de dados bancários, mas o Ministério Público não pode. Daí o surgimento desse vocábulo que passou a ser polivalente, que é o vocábulo ‘compartilhamento'”, disse Marco Aurélio Mello.

O ministro iniciou a leitura do voto com críticas à ampliação do escopo do julgamento. Isso porque o caso analisado pelo plenário gira em torno de um processo de sonegação fiscal envolvendo donos de um posto de gasolina em Americana (SP). A defesa dos empresários acusa a Receita de extrapolar suas funções ao passar dados sigilosos sem aval da Justiça. O processo ganhou repercussão geral, ou seja, o entendimento firmado pelo Supremo deve ser aplicado para outros casos nos diversos tribunais do País.

Por decisão do presidente do STF, ministro Dias Toffoli, o escopo do julgamento foi ampliado, incluindo também o Coaf (rebatizado de Unidade de Inteligência Financeira), Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que gerou críticas. Em julho, Toffoli determinou a suspensão nacional de todos os processos em andamento sobre compartilhamento de dados fiscais sem autorização judicial, beneficiando o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro.

“Esse processo se tornou momentoso e se tornou momentoso porque ganhou uma conotação de processo objetivo no que implementadas duas medidas liminares. A primeira atendendo requerimento de terceiro, do senador Flávio Bolsonaro e a segunda, e vemos que alguma coisa mais cedo ou mais tarde terá de ser enfrentada pelo plenário, suspendendo uma multiplicidade, um sem número de procedimentos criminais no País, prejudicando-se a jurisdição na área sensível que é a área da persecução penal”, criticou Marco Aurélio Mello.