Saúde

MMS é falsa cura para o autismo e coloca em risco a vida de pacientes com a doença

Solução tem fórmula semelhante a água sanitária e o uso deste ‘medicamento’ pode, até mesmo, causar danos graves ao intestino

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ALERTA: substância contém clorito de sódio e ácido clorídrico, podem até mesmo causar a morte do paciente. 

Na internet é possível encontrar relatos de pais e responsáveis de crianças portadoras de autismo sobre o uso do MMS, uma “Solução Mineral Milagrosa” que promete a cura do autismo. O grande problema é que o substância não só é ineficiente para qualquer tratamento, como também, pode causar danos significativos ao organismo, visto que o MMS contém grandes concentrações de clorito de sódio e ácido clorídrico, usados também em desinfetantes e água sanitária.

O uso da substância pode até mesmo causar danos graves ao intestino das crianças, assim como infecções no estômago e esôfago. Por este motivo, o uso do MMS é proibido há algum tempo pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que fiscaliza a comercialização da solução na internet e farmácias, alertando que estabelecimentos que estiverem comercializando o MMS poderão ter suas licenças caçadas pela Anvisa.

O Presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Farmacêutica (SBMF), Wellington Briques, informa que não existe nenhum resultado positivo de estudo clínico a respeito do MMS, e que o alerta é que não seja utilizado como tratamento para nenhum tipo de patologia. 

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Cannabis medicinal mostra eficácia comprovada no tratamento de doenças como autismo. 

Cannabis Medicinal 

O especialista comenta que é lamentável que a desinformação faça com que pessoas busquem por tratamentos nocivos, enquanto existem inúmeros estudos sobre substâncias com eficácia comprovada para o tratamento de diversas doenças. 

“Enquanto pacientes e familiares buscam nesse tipo de alternativa as soluções para suas necessidades médicas (chegando a colocar a própria saúde em risco), de outro lado temos opções terapêuticas submetidas a sérios e rigorosos estudos clínicos, mas que, devido a burocracia, desinformação e estigma, têm seu acesso restrito, como é o caso da cannabis medicinal”, disse o médico. 

Wellington Briques comenta que o uso terapêutico da cannabis vêm acumulando evidências científicas sobre sua eficácia no tratamento de diversas condições, inclusive sintomas do transtorno do espectro autista (TEA). Um estudo recente, conduzido por pesquisadores da Universidade Ben Gurion e do Soroka Medical Center, ambos em Israel, e publicado na revista científica Nature em janeiro, mostra que pesquisadores acompanharam 188 pacientes com TEA menores de 18 anos tratados com canabinoides. 

“Após seis meses de tratamento, 83% dos pacientes relataram melhoras significativas ou moderadas em aspectos comportamentais; melhora do humor; nos níveis de ansiedade; na concentração e na qualidade do sono, além de maior facilidade para realizar tarefas cotidianas, como tomar banho e se vestir sozinhos. Também houve impacto direto na rotina dos pacientes: antes, apenas um terço (31.3%) afirmava ter uma boa qualidade de vida e o índice dobrou (66.8%) após seis meses de tratamento. Também ocorreu melhora em sintomas centrais do TEA, como a comunicação, que nunca havia sido observada em ensaios clínicos anteriores”, explicou o médico. 

O especialista defende que seria muito importante ter políticas para a implementação do medicamento no SUS. “Nós estamos falando da eficácia comprovada, de um medicamento com prescrição médica. Pacientes que fazem o uso da cannabis medicinal, além de melhorar o quadro da doença, melhoram o sistema imunológico e diminuem inflamações. Temos a comprovação de melhoria em doenças neurológicas, dores crônicas, lombalgia, ansiedade, depressão, distúrbios do sono e muitas outras. Estamos desenvolvendo pesquisas até mesmo para o tratamento da cannabis em pacientes oncológicos”, finalizou Wellington Briques.