Saúde

Neuromodulação: Nova técnica de tratamento para dor pélvica

O grau e a característica da dor podem variar, podendo se apresentar em forma de cólica, pressão ou pontada

A dor acomete mais as mulheres e um dos motivos são lesões ou disfunções dos órgãos de natureza ginecológica.

Uma tecnologia inovadora tem apoiado os médicos no tratamento da dor pélvica. O problema, que atinge entre 2% e 16% da população mundial tem mais de 10 causas e, muitas vezes, é intensa e incapacitante, com maior prevalência entre as mulheres em idade reprodutiva.

Segundo o neurocirurgião, Lúcio César Hott Silva, a neuromodulação é uma das opções mais modernas de tratamento. Ele explica que a técnica consiste na utilização de eletrodos de estimulação, que são implantados dentro do organismo, na região da coluna, dos nervos da região sacral ou de nervos periféricos. Esses eletrodos transmitem impulsos que estimulam nervos específicos que mascaram a sensação de dor.

O médico afirma ainda que a neuromodulação só deve ser realizada por profissionais especialistas no tratamento intervencionista da dor. “Geralmente a indicação é para o paciente resistente a outros tratamentos. A técnica deve ser parte de um planejamento terapêutico bem delineado, e o paciente requer um acompanhamento regular com o especialista”, ressalta Lúcio. 

De acordo com o especialista, o grau e a característica da dor podem variar, podendo se apresentar em forma de cólica, pressão ou pontada, ser constante ou intermitente e incapacitante ou não. Associado à dor, o paciente pode apresentar sintomas como incômodo durante a relação sexual e ao urinar, ter alteração e/ou dor relacionada ao hábito intestinal e alterações do sono, ter dificuldade na realização de exercícios físicos e sentir interferência nas atividades da vida diária e nos relacionamentos pessoal e social.

Entre as causas mais comuns da dor pélvica estão as lesões ou disfunções dos órgãos ou estruturas de natureza ginecológica, urológica, vascular, gastrointestinal, ligamentar, articular, neural, inflamatória, oncológica, metabólica, funcional, neuropática ou psicológica. “Na maioria das vezes, a dor está associada com sintomas psicológicos, comportamentais e sexuais negativos como depressão, ansiedade, medo e angústia nos relacionamentos, e com incapacidade física e prejuízo da qualidade de vida”, ressalta o médico.

Apesar de atingir as mulheres em maior número, os homens também podem ser acometidos pelo problema. E neles a dor pélvica crônica costuma ser um problema clínico complexo. Os pacientes inicialmente procuram urologistas ou gastroenterologistas para investigação, com a expectativa de que a causa da dor seja encontrada, tratada e curada. “Mas, em alguns casos, a origem não é identificada, e a dor permanece, e muitas vezes torna-se mais intensa e incapacitante. Isso é frustrante para o paciente e o médico”, disse. 

Denças

Entre as doenças associadas a esse tipo de dor, destacam-se a endometriose, a síndrome do intestino irritável, a cistite intersticial, a síndrome da bexiga dolorosa, a prostatite crônica, a proctalgia fugaz, além de dores musculares ou miofasciais, “entrapments” (aprisionamentos) de nervos e dores pós-operatórias, tanto inflamatórias quanto neuropáticas.

A médica, Karen Braghiroli Santos afirma que como o diagnóstico do problema é difícil, a avaliação do paciente deve ser criteriosa. “É importante detalhar a história e o perfil do paciente, acompanhados de um exame físico minucioso, avaliando as áreas de dor e procurando massas e espasmos musculares que podem ser responsáveis pelo incômodo. A avaliação clínica tende a ser complexa, principalmente por conta da inervação dos órgãos e de outras estruturas pélvicas apresentarem a mesma inervação, tornando difícil a determinação com precisão da origem da dor”, explica.

As medicações mais utilizadas no tratamento, segundo a médica, são analgésicos, anti-inflamatórios, corticoesteroides, opioides, antidepressivos e anticonvulsivantes. “Para obter um bom resultado, o tratamento deve ser individualizado e adaptado para cada paciente. No entanto, muitas vezes, o tratamento medicamentoso isolado não é suficiente, sendo necessário recorrer a procedimentos minimamente invasivos como infiltrações guiadas por imagens de raio-x e ultrassom, além de fisioterapia e psicoterapia”, destaca Karen Santos.

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