(Foto: Reprodução/Instagram)
(Foto: Reprodução/Instagram)

Nos últimos dias, a internet foi à loucura com o suposto lançamento dos Gracyovos, a marca de ovos atribuída à Gracyanne Barbosa. A estética, a identidade visual caprichada e o histórico da musa fitness com seu consumo de ovos fizeram a história viralizar rapidamente.

Mas nesta segunda-feira, a própria Gracyanne revelou em seu Instagram que tudo não passava de uma campanha publicitária criada com o Canva: ela mesma desenvolveu a identidade visual para mostrar o potencial da ferramenta. Ou seja, os Gracyovos nunca existiram como produto real.

Mesmo assim, o assunto levantou uma ótima pauta: afinal, o que realmente diferencia um ovo de outro no supermercado?
E aqui entra a parte que continua extremamente útil — com ou sem jogada de marketing.

Ovos especiais: existe vantagem real?

Muitos consumidores acreditam que determinadas marcas oferecem ovos mais proteicos, mais “fortes” ou mais nutritivos. Na prática, isso não acontece.

Um ovo comum fornece cerca de 6 a 7g de proteína, e esse valor não muda de acordo com a marca ou com a embalagem mais bonita.

Então por que alguns ovos são vendidos como “premium”, “enriquecidos” ou por preços bem mais altos?
A resposta está na criação da galinha e na alimentação oferecida a ela.

Quando a nutrição da galinha muda o ovo

Um estudo publicado na Nature Scientific Reports revelou que alterar as fontes de gordura da alimentação das galinhas pode modificar o perfil de gordura dos ovos. A inclusão de ingredientes como linhaça, por exemplo, aumenta a presença de ácidos graxos ômega-3 na gema.

O mesmo ocorre com antioxidantes: suplementar as aves com compostos como vitamina E também eleva sua concentração nos ovos.

Na prática:

  • É possível modificar nutrientes do ovo ao mudar a dieta da galinha.
  • Isso não garante impacto direto na saúde do consumidor, pois as quantidades nutricionais adicionadas são modestas e ainda não há evidências robustas de efeitos clínicos relevantes.

Ou seja: os ovos podem sim ter pequenas diferenças de composição, mas não se tornam melhores por isso.

E sobre os ovos premium?

Muitas marcas cobram mais caro devido a:

  • certificações de bem-estar animal,
  • criação livre de gaiolas,
  • alimentação controlada,
  • rastreabilidade e padrões rígidos de qualidade.

Esses quesitos são importantes para quem valoriza ética e sustentabilidade, mas não alteram a quantidade de proteína do ovo, e nem representam benefícios extraordinários.

Ovo branco ou ovo marrom?

Outro ponto que gera dúvidas é a diferença entre ovos brancos e marrons. A verdade é simples:

  • Não há diferença nutricional significativa entre eles.
  • A cor da casca depende exclusivamente da raça da galinha.
  • Ambos têm o mesmo valor nutricional: proteínas de alta qualidade, vitaminas (A, D, E e B12) e minerais como ferro, fósforo e zinco.

A escolha entre um e outro é mais uma questão de preferência e preço — não de saúde.

Em resumo…

Os Gracyovos nunca existiram — foram apenas uma ação criativa de marketing que funcionou perfeitamente.
Mas o debate que surgiu é real e importante: nem tudo que tem boa aparência, embalagem chamativa ou nome famoso é nutricionalmente superior.

E, se há algo que essa história ensina, é que sempre vale a pena entender o que realmente está por trás do alimento, em vez de confiar apenas no rótulo.

Bruna Tommasi

Colunista

Nutricionista graduada pela Universidade Vila Velha e pós-graduanda em Nutrição Esportiva e Estética. É apaixonada por promover saúde de forma prática, combinando ciência e estilo de vida para ajudar as pessoas a alcançarem seus objetivos com equilíbrio

Nutricionista graduada pela Universidade Vila Velha e pós-graduanda em Nutrição Esportiva e Estética. É apaixonada por promover saúde de forma prática, combinando ciência e estilo de vida para ajudar as pessoas a alcançarem seus objetivos com equilíbrio