Saúde

Setembro Amarelo: o que não dizer para uma pessoa que sofre com depressão

Saiba o que evitar ao conversar com alguém que sofre de depressão e como oferecer apoio de forma segura e acolhedora

Leitura: 4 Minutos
Depressão
Imagem: Freepik

Caracterizada por sintomas persistentes de tristeza, perda de interesse, alterações no sono e no apetite, fadiga, dificuldade de concentração e, em casos graves, pensamentos suicidas, a depressão é considerada uma das principais causas de incapacidade do mundo.

A estimativa é que cerca de 300 milhões de pessoas no mundo convivem com o transtorno, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, 5,8% da população está depressiva, o que representa cerca de 11,7 milhões de pessoas.

Apesar de sua alta prevalência, a depressão ainda é cercada por estigmas e equívocos. Muitas vezes, familiares e amigos, na tentativa de ajudar, acabam recorrendo a frases que, em vez de acolher, podem agravar o sofrimento da pessoa. No Setembro Amarelo, especialistas em saúde mental alertam: o que se diz tem impacto direto no enfrentamento da doença.

O que não dizer para uma pessoa em depressão

A psiquiatra e professora do Unesc, Karen de Vasconcelos, pontua que fazer-se presente na vida de uma pessoa depressiva é muito importante. Com muita frequência, os sentimentos de isolamento e de não ser compreendida predominam na mente delas.

Algumas frases que são comuns as pessoas dizerem, no entanto, podem afetar quem passa pela depressão. Confira algumas delas e o motivo que não devem ser ditas.

1 – “Isso é falta de fé” ou “Isso é falta de força de vontade”

A especialista explica que a depressão não é sinal de fraqueza ou ausência de espiritualidade. É uma condição multifatorial, envolvendo alterações neuroquímicas, predisposição genética e fatores psicossociais.

Embora a religiosidade tenha um papel muito importante na superação do transtorno, sugerir que basta ‘ter fé’ ou ‘se esforçar mais’ pode gerar culpa e afastar a pessoa tanto da fé, quanto do tratamento.

Karen de Vasconcelos, psiquiatra

2 – “Todo mundo passa por isso”

Embora a tristeza seja um sentimento humano comum, a depressão vai muito além.

A psiquiatra explica que o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) considera a depressão como um quadro clínico persistente, que compromete a vida diária. “Comparar a depressão a uma ‘tristeza passageira’ deslegitima o sofrimento”, alerta a médica.

3 – “Você tem tanta coisa boa na vida, não deveria estar assim”

Esse tipo de comentário invalida a experiência da pessoa. “Ter emprego, família ou conforto material não imuniza ninguém contra a depressão. A doença pode atingir qualquer indivíduo, independentemente de suas conquistas pessoais”, pontua Karen.

A psicóloga Lívia Flores também comenta sobre algumas frases que considera importantes não serem ditas para quem está enfrentando uma depressão. “O que dizemos impacta a vida das pessoas. É preciso empatia para lidar com a dor do outro. Atitudes assim reforçam a repressão e a dificuldade de se abrir”, ressalta a profissional.

4 – “Você é muito sensível. Isso é frescura.”

Minimizar os sintomas é uma forma de estigmatização. “A falta de apoio e o preconceito podem atrasar a busca por tratamento e agravar os quadros”, diz Lívia Flores.

5 – “Você deveria ser mais forte.”

A depressão não é uma escolha. Assim como não se pede a alguém com pneumonia para “respirar fundo e melhorar”, não se pode exigir que um paciente depressivo simplesmente “reaja”.

“O tratamento adequado envolve psicoterapia, acompanhamento médico e, em alguns casos, medicação. Não podemos criar mais peso e reforçar a ideia de que se expressar é fraqueza”, explica a psicóloga.

Acolhimento e escuta ativa

Em vez de dizer frases assim, o ideal é acolher e estimular a escuta ativa. “estou aqui para você!”, “quer conversar sobre como está se sentindo?” ou “vamos buscar ajuda juntos?”

Segundo Lívia Flores, abordagens como essas reforçam a rede de apoio e incentivam a adesão ao tratamento, fatores fundamentais para a recuperação do paciente.

A informação científica e o apoio social são aliados essenciais para que as pessoas não se sintam julgadas, mas compreendidas

Lívia Flores, psicóloga
Aline Gomes

Repórter

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.