O sono é uma necessidade biológica fundamental, tão essencial quanto a alimentação e a hidratação. No entanto, em uma sociedade marcada pelo ritmo acelerado, excesso de estímulos e cultos à produtividade, dormir bem tem se tornado um hábito, muitas vezes, negligenciado.
Estudos científicos têm demonstrado que a qualidade do sono está profundamente ligada à longevidade e ao envelhecimento saudável. Dormir mal, de forma crônica, pode não apenas comprometer a qualidade de vida, mas também reduzir significativamente o tempo de vida.
O que acontece durante o sono?
Durante o sono, o corpo humano realiza uma série de processos fisiológicos e neurológicos indispensáveis à saúde. Entre eles, estão a consolidação da memória, a liberação de hormônio do crescimento, o fortalecimento do sistema imunológico e a regulação metabólica.
O cérebro, por sua vez, entra em um processo de limpeza, que remove toxinas acumuladas durante o dia, entre elas, a beta-amiloide, uma proteína associada ao desenvolvimento do Alzheimer.
O ciclo do sono é composto por diferentes estágios, incluindo o sono leve, o sono profundo (de ondas lentas) e o sono REM (fase mais profunda e reparadora). Cada fase tem funções específicas e contribui para a restauração do organismo. A interrupção frequente desses ciclos ou a redução do tempo total de sono afeta negativamente esses processos, causando efeitos acumulativos ao longo do tempo.
O que dormir mal pode causar?
Diversas pesquisas indicam uma forte correlação entre distúrbios do sono e o aumento do risco de doenças crônicas como hipertensão, diabetes tipo 2, obesidade, depressão e doenças cardiovasculares. A privação de sono eleva os níveis de cortisol (hormônio do estresse), aumenta a inflamação sistêmica e prejudica a sensibilidade à insulina, fatores que, juntos, criam um ambiente propício ao desenvolvimento de patologias graves.
Além disso, pessoas que dormem mal tendem a tomar decisões alimentares piores, consumir mais calorias ao longo do dia e reduzir a prática de atividades físicas, agravando ainda mais os riscos à saúde. A longo prazo, esses hábitos podem comprometer funções vitais e acelerar o envelhecimento celular.
Quem dorme bem vive mais
Pesquisas de longo prazo realizadas em diferentes países apontam que tanto a privação crônica de sono quanto o excesso (dormir mais de 9 horas regularmente) estão associados a uma menor expectativa de vida. O ideal, de acordo com a maioria dos especialistas, está entre 7 a 9 horas de sono por noite para adultos saudáveis.
Um estudo científico que acompanhou mais de 100 mil pessoas ao longo de uma década concluiu que aqueles que apresentavam hábitos de sono saudáveis (duração adequada, ausência de insônia, cronotipo matutino e ausência de apneia do sono) tinham até 65% menos risco de morrer por causas cardiovasculares.
Além disso, a qualidade do sono está relacionada à longevidade com qualidade de vida. Indivíduos que dormem bem tendem a manter melhores funções cognitivas com o passar dos anos, preservam a saúde mental e apresentam menores níveis de estresse oxidativo e inflamação, dois fatores muito determinantes no envelhecimento celular.
Elementos que influenciam a qualidade do sono
Vários elementos influenciam na qualidade do nosso sono. Entre os principais estão:
- Rotina desregulada: horários irregulares para dormir e acordar afetam o ritmo circadiano, que regula o ciclo sono-vigília.
- Exposição à luz azul: o uso excessivo de telas antes de dormir suprime a produção de melatonina, o hormônio do sono.
- Estresse e ansiedade: o estado mental agitado dificulta o relaxamento necessário para adormecer.
- Estímulos externos: ruídos, temperatura inadequada e colchões desconfortáveis também prejudicam a qualidade do sono.
- Consumo de substâncias: cafeína, álcool e nicotina têm efeitos negativos no início e na manutenção do sono.
Como regular o sono
Felizmente, é possível adotar medidas eficazes para promover um sono mais restaurador e, com isso, aumentar as chances de uma vida mais longa e saudável. Algumas estratégias incluem:
- Estabelecer horários regulares para dormir e acordar, inclusive nos fins de semana.
- Reduzir a exposição a telas ao menos uma hora antes de dormir.
- Criar um ambiente escuro, silencioso e com temperatura agradável no quarto.
- Evitar refeições pesadas ou estimulantes próximo da hora de dormir.
- Praticar atividades físicas regularmente, mas não muito tarde no dia.
- Investir em técnicas de relaxamento, como meditação ou respiração profunda.
A qualidade do sono é um dos pilares mais importantes para uma vida longa e saudável. Não se trata apenas de dormir por muitas horas, mas de dormir bem, com regularidade e profundidade.
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O corpo humano precisa do sono para se restaurar, prevenir doenças e manter o equilíbrio físico e mental. Por isso, repensar os hábitos noturnos e dar prioridade ao descanso é um investimento no bem-estar e na longevidade.