O preço do leite pago aos produtores em agosto valorizou 11,8%, com relação ao mês anterior, chegando a R$ 3,57 o litro na “Média Brasil” líquida do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O preço do leite no campo registrou a sétima alta consecutiva em agosto, atingindo novo recorde da série histórica. No Espírito Santo, os preços líquidos pagos aos produtores registraram aumento de 20,7%, sendo pago R$ 3,16 litro em agosto, enquanto a média de julho era de R$ 2,62. Apesar da variação, o Estado continua abaixo da média nacional entre os grandes produtores de leite.
Neste sentido, quais são as expectativas para o mês de setembro?
Apesar da alta do preço do leite pago ao produtor registrada nos estados reconhecidos por serem os maiores produtores de leite, as pesquisas apontam que existe uma possibilidade de queda em setembro. O encarecimento do leite no campo se intensificou no período da entressafra e se deve à baixa disponibilidade.
A redução de produção ocorreu devido ao aumento de custo de produção registrado nos últimos anos, combinado com a alta do preço dos fertilizantes. Desta forma, muitos produtores optam por não realizar investimentos na atividade em alguns casos.
De acordo com o gerente executivo de produção da Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi), Luis Carlos Brandt, a queda de produção de leite é devida à extensa estiagem que tem atingido o Estado nos últimos cinco meses, principalmente na região sul, que corresponde a 46% do leite produzido. Segundo o Incaper, nos municípios do sul choveu menos de 10% da média histórica.
“Sem dúvida, esse contexto de menor oferta do leite elevou o preço a nível nacional, não só no Espírito Santo. Esse repasse de preço no varejo ao consumidor começa a ter um caminho reverso porque a demanda começa a fazer os preços recuarem. A demanda do varejo tem sido retraída, principalmente, a partir de agosto, e isso começou obviamente a ser percebido pela indústria e no segundo momento pelo restante da cadeia produtiva, chegando ao produtor”.
A Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) tem recebido relatos dos produtores de leite de diversas regiões do Brasil apontando reduções significativas nos preços de leite recebidos pelos produtores, com a justificativa de quedas nas cotações do leite spot e pela desaceleração no consumo.
O presidente da Comissão, Ronei Volpi, se posicionou ante a queda nos preços do leite aos produtores. “Acreditamos que qualquer tipo de mercado deve ser regido pela lei da oferta e da demanda, buscar justificativas para quedas sem esse embasamento pouco contribui para recuperar a produção nacional de leite”.
O elevado custo de produção do setor lácteo brasileiro tem sido percebido desde o início da pandemia. A nota destacou que, em 2021, foram necessários em média 42,7 litros de leite para aquisição de uma saca de milho, cifra 30% superior à média dos últimos 10 anos, reforçando a situação do campo.
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