Além de ter acesso aos insumos, às tecnologias e trabalhar para a descomoditização dos produtos, o agronegócio precisa investir no incremento de eficiência, na redução de perdas e no aumento da qualidade no campo. Isso significa que o campo vai ter mais benefícios, além da produtividade, quando deixar de vender como commodities e passar a produzir produtos com maior valor agregado. Essa foi uma das afirmações trazidas pelo diretor-geral da Natufert, Daniel Pinho, durante a sua fala no 3° Encontro Agro Business, realizado em Venda Nova do Imigrante.
Especialistas do primeiro painel, com o tema “O Futuro do Agronegócio”, trouxeram para discussão a importância de que um produto com valor agregado é um critério de tomada de decisão para o consumidor, bem como é importante para um alto desempenho e eficiência na produtividade no campo.
Questionado sobre a alta do preço do gás natural e a produção de fertilizantes no Brasil, Daniel Pinho, apontou que uma das soluções para reduzir a dependência internacional de insumos é a produção dos fertilizantes organominerais. A crise de oferta do gás natural tem reflexo após as sanções impostas à Rússia em função dos conflitos com a Ucrânia.
“O Brasil é um país que importa industrializado e vende commodities falando a grosso modo. A indústria de fertilizantes brasileiros precisa se modernizar completamente. O organomineral, por exemplo, é uma solução para as dependências que o mercado brasileiro ainda tem do exterior”, destacou Pinho.
O mesmo painel destacou a relevância das pesquisas científicas e da gestão das tecnologias para o futuro do agronegócio.
Lucas Louzada, Head Coffee Design e pesquisador do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) defendeu a ideia de que o conhecimento precisa ser propagado e desenvolvido de forma clara para os produtores rurais. Desta forma, os produtos têm mais chances de serem fabricados com maior valor agregado.
“O Espírito Santo cumpriu uma agenda muito importante nos últimos 30 anos que foi desenvolver materiais genéticos para a alta produtividade, resiliência e tolerância à doença”, afirmou.
Agora, segundo ele, é necessário olhar para o futuro com outra perspectiva. A universidade, a academia e o setor privado devem trabalhar juntos para que o resultado seja efetivo e chegue ao produtor rural de forma efetiva. Ele destacou que o perfil do consumidor mudou, buscando consumir produtos de qualidade.
“Nós temos que aplicar o conhecimento científico para melhorar os processos e utilizar o potencial dos materiais genéticos que possam suportar as mudanças climáticas. Assim, entregar um resultado sensorial que coloca o Brasil como um país competitivo em termos de qualidade”, destacou Lucas Louzada.
Francisco Jardim, fundador da SP Ventures, gestora de venture capital especializada em startups ligadas ao agronegócio, apresentou algumas iniciativas de startups inovadoras que estão fazendo a diferença no agro por aumentar produtividade e investir em práticas sustentáveis.
Uma delas, atualmente, tem o maior software de gestão de fazendas médias do Brasil, que contribui para a produtividade e gestão para o produtor. A outra é uma das líderes do mercado de controle biológico que mescla o conceito de saúde da planta e do solo com o desenvolvimento de microorganismos e análises personalizadas.
Já a terceira está a caminho de revolucionar o mercado do agronegócio para pequenos e médios produtores rurais, através da concessão de crédito sustentável.
Jardim apontou que, nos últimos anos, o Brasil entrou em um ciclo de inovação no mercado financeiro revolucionário. “É uma inovação que parte do ambiente regulatório extremamente favorável, tecnologia nova e o empreendedorismo levando isso para o mercado”. Ele destacou que o agronegócio é um setor dinâmico e competitivo que tem uma boa performance mesmo quando outros setores não estão no mesmo patamar.
O evento foi uma realização da Apex Partners em parceria com a Rede Vitória, e reuniu as principais lideranças do agronegócio estadual e nacional. O 3° Encontro Agro Business foi realizado no dia 30 de setembro, em Venda Nova do Imigrante, e discutiu sobre assuntos como o futuro do agronegócio, a agricultura sustentável, o mercado de crédito de carbono e o panorama da cafeicultura brasileira, dividido em três painéis de bate-papo.
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