Casas flutuantes: Você já se imaginou dando uma “voltinha” na água com sua casa

Todos os dias ainda vivenciamos as consequências do que passamos com a pandemia. Novos valores, novas prioridades, o novo normal. Tudo mudou após mais de um ano de quase que total isolamento para muitas pessoas.
E entre os diversos impactos que nos levaram a questionar por novas opções, o do ser humano contra a natureza é o mais grave. Durante muitos anos abusamos do meio ambiente. E as ações cometidas pelo homem agravaram problemas inclusive de ordem climática. Hoje, convivemos com enchentes e o aumento dos níveis dos oceanos.

Muitas pessoas acreditam que devemos nos preparar para os piores cenários. E a arquitetura já saiu na frente, propondo soluções diferentes, como a de casas flutuantes, aponta o arquiteto Luciano Gualtieri, CEO da FLOAT LIVING, empresa especializada nesse tipo de projetos.

Exterior x Brasil

As casas flutuantes são muito comuns na Holanda, Amsterdã (Países Baixos), Canadá e Inglaterra. “Na Holanda, inclusive, são fabricadas em média 1900 casas por ano”, destaca Gualtieri. Aqui no Brasil as primeiras casas flutuantes começaram a ser construídas por volta de 1920, no Amazonas, onde até hoje tem um crescimento. Mas em comunidades ribeirinhas, de pescadores, todas em situação bem precária, sem tratamento de esgoto, sem documentação.

Luciano Gualtieri, CEO da Floating Living. Foto: Divulgação

“Já com uma estrutura melhor, hoje a gente encontra, em São Paulo, duas unidades de casas flutuantes, que ficam em represas distintas, sendo usadas para locação (Arbnb)”, destaca o arquiteto. E também há em outros locais, como Brasília, Goiânia, Capitólio, que já tem estruturas comerciais, restaurantes, bares, espaço pra eventos, assim como em Vila Velha tem o restaurante Di Marino.

Estrutura

As “casas barco”, ou casas flutuantes, são uma espécie de arquitetura nômade e engenharia inteligente. Um confortável refúgio, contemporâneo e muito requintado. Ideal para quem aprecia uma convivência simbiótica com a natureza. “Casas flutuantes podem ser motorizadas ou não, servir como moradia permanente ou alternativa de lazer. Podem permanecer em rios, lagoas, baías ou mesmo serem levadas a alto mar. Construídas em madeira, concreto ou aço. Fazem parte de uma filosofia de vida diferenciada”, afirma o CEO Luciano.

Sua caixa pode ser simplesmente assentada sobre uma bandeja flutuante. Uma parte, maior, deve permanecer acima no nível da água; e outra, menor, abaixo. Ela só será estável se o volume apresentar uma relação adequada com o peso total. Daí a necessidade de um sistema estrutural nivelador.

Custo

Por se tratar de materiais que, na grande maioria, são baseados no valor do dólar, o custo de uma cada flutuante subiu bastante do ano passado para este ano.

“Para se pensar hoje em uma estrutura pronta, com dois quartos e autossuficiente, com gerador, sistema de energia solar e tratamento próprio de resíduos, além da documentação necessária para o imóvel estar regularizado, estamos falando de R$ 980 mil”, aponta Luciano “A casa é entregue toda montada e documentação em mãos”, resume. E esse custo está bem enxuto, se formos comparar comum projeto em andamento no Paraná.

Atualmente em construção na Linton Bay Marina, na costa norte do Panamá, as “primeiras casas eco-restauradoras do mundo”, são cápsulas que comportam duas pessoas, utiliza mais de 48 metros cúbicos de tubos de aço cheios de ar para flutuar 2,2 metros sobre as ondas e possui 54 metros quadrados de janelas panorâmicas e vista de 360 graus para o mar. Para se ter uma capsula dessas, a pessoa terá de desembolsar entre R$ 1.5 milhão e R$ 7.7 milhões.

“Carteira de Habilitação”

Para “dirigir” uma casa flutuante é preciso ter habilitação na categoria de ARA – Arrais Amador, o que é conquistado junto à Capitania dos Portos. Ao contratar o projeto junto à FLOAT LIVING, a empresa cuida de toda a papelada para regularização do imóvel e do “condutor”. Mas também, se necessário, disponibiliza um marinheiro habilitado para movimentar a casa flutuante.

A prova de Arrais é constituída de 40 questões, sendo aprovado o candidato que alcançar 50% de acertos para aprovação. A duração da prova é de 2 horas para a categoria de Arraes Amador.

Projeto Alagoas

Há quase um ano e meio, a FLOAT LIVING vem negociando uma estrutura com o governo de Alagoas para a montagem de uma estrutura flutuante na qual serão feitos estudos de biologia marinha sobre os corais da região.

A ideia é montar um laboratório flutuante cujo acesso será liberado não apenas para pesquisadores, mas também para alunos dos sistemas privado e público de ensino.

Por: Leticia Vieira e Luciene Araujo 

Foto de Alex Pandini

Alex Pandini

Alex Pandini é jornalista, tem 53 anos e mais de 3 décadas de experiência profissional em rádio, jornal, TV, assessoria de imprensa, publicidade e propaganda e marketing político. Além de repórter e apresentador na TV Vitória, é responsável pelo conteúdo da plataforma ConstróiES.