Entenda as diferenças entre as tensões elétricas fornecidas em cada instalação

Aline Pagotto

Foto: Freepik

Quando se faz um projeto elétrico, é necessário averiguar as especificações da localidade onde se está construindo ou reformando para saber qual a voltagem elétrica disponibilizada pela empresa responsável pelo fornecimento.

Essa informação é de extrema importância, uma vez que no Brasil não existe um padrão nos Estados e essa variação pode acontecer mesmo entre municípios pertencentes a uma mesma unidade Federativa.

O gerente da SIL Fios e Cabos Elétricos., Nelson Volyk. Foto: arquivo pessoal

Segundo o gerente de Engenharia de Produto da Sil Fios e Cabos Elétricos, Nelson Volyk, a distinção surgiu desde o início do processo de instalação das redes elétricas no país, entre os séculos XIX e XX.

“Dados da ABRADEE (Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica) mostram que os Estados das regiões Sudeste, Norte e parte do Centro-Oeste utilizam a tensão 127 V, enquanto o Sul e alguns Estados do Nordeste utilizam 220 V”, diz.

E complementa. “Elas são oriundas de diversos partes do mundo, várias companhias vieram para o Brasil e, nesse momento, não tínhamos um padrão estipulado por aqui”, relata Nelson.

O que muda de uma voltagem para a outra?

Quando um fabricante elabora um produto elétrico, parte-se do princípio de que a sua alimentação acontecerá por meio de uma pilha ou tomada. Nesse caso, também pode ser bivolt, como a maioria dos produtos atuais, mas para produtos de maior consumo elétrico, geralmente são 127 V ou 220 V.

O gasto elétrico de um produto não tem relação com a sua tensão elétrica. Isto significa que dois produtos de mesma potência elétrica podem ser fabricados para serem ligados em tensões diferentes e o que define o consumo é justamente a potência do produto, independentemente de ser 127 V ou 220 V.

Segundo o técnico em eletrotécnica, Gabriel Bovi, os equipamentos elétricos e eletrônicos funcionam nas tensões 127 V ou 220 V. Porém, as tomadas 110V são como as tomadas 127V. “Há alguns anos, o Brasil não trabalhava com o 127V. O 110V está sendo extinto porque é menos eficiente.

Ele também faz a ressalva para que um produto 127 V não seja ligado em uma tomada 220 V. “Por não ser elaborado para trabalhar com uma tensão mais elevada, é fato que o equipamento queimará. Pensando em uma situação inversa, não haverá danos, mas seu funcionamento não será o esperado”, orienta.

Como identificar as voltagens?

A diferença de cor é essencial em uma instalação elétrica. Para uma tomada de 127 V, o profissional manuseará um condutor com isolação azul-claro, saindo do barramento neutro do quadro de distribuição e um condutor fase (de qualquer cor, exceto azul-claro e verde ou verde/amarelo) saindo do disjuntor. Para o condutor terra, o profissional usará o cabo da cor verde ou verde/amarelo.

Já as tomadas de 220 V utilizam dois condutores fase saindo de um disjuntor bipolar e o condutor terra na cor verde ou verde/amarelo. Como vimos acima, as cores das fases são livres, não sendo permitido o azul-claro e verde ou verde/amarelo. Em algumas regiões do Brasil, é possível encontrar a tomada de 220 V formada por um condutor fase e um neutro.

Gabriel sugere que os condutores sejam identificados com etiquetas. “As tomadas 220V geralmente são etiquetadas, mas isso não dispensa a aferição com um voltímetro por um profissional capacitado e/ou habilitado”, explica.

Cuidados em casa

A doma de casa Marly Assis não dispensa o uso de secador de cabelo. Para ela, não há a menor possibilidade de sair de casa sem os cabelos escovados. O secador dela é voltagem 127V, mas as tomadas são 110V, mas ainda assim as tomadas estavam sendo corroídas.

“Não estava entendendo o que estava acontecendo. Um técnico veio à minha casa e detectou que a fiação elétrica de casa era muito antiga, por isso estava acontecendo o derretimento da tomada. Agora, sinalizamos onde é 127V e uso meu secador normalmente e saio de casa linda”, conta.

Foto de Alex Pandini

Alex Pandini

Alex Pandini é jornalista, tem 53 anos e mais de 3 décadas de experiência profissional em rádio, jornal, TV, assessoria de imprensa, publicidade e propaganda e marketing político. Além de repórter e apresentador na TV Vitória, é responsável pelo conteúdo da plataforma ConstróiES.