Falta de mão de obra qualificada precisa ser vencida

Luciene Araujo

Qualificação para operador de retroescavadeira. Foto: Treinaset

A falta de mão de obra qualificada na construção civil ainda é um dos maiores problemas enfrentados pelo setor. Então, se as expectativas de crescimento do mercado se confirmarem este ano, a demanda por profissionais capacitados ficará ainda maior.

Falta de mão de obra

Além de ser muito mais caro que a mão de obra comum, a oferta de mão de obra qualificada está muito aquém da demanda, segundo o presidente do Sinduscon-ES, Douglas Vaz. Em recente entrevista ao Programa Quem Constrói, da Pan News (90,5 FM), que integra as plataformas de notícias da rede Vitória, Vaz destacou que a modernização de maquinários e equipamentos, tanto de execução das obras quanto de gestão, tem feito essa demanda crescer ainda mais.

As novas tecnologias impactam diretamente no mercado de trabalho da construção civil em todo o mundo. Mas, no Brasil, há fatores que agravam a dificuldade em solucionar esse problema.  Sobretudo, os altos índices de evasão e a baixa escolaridade da população.

A falta de profissionais habilitados tende a atrasar os cronogramas. Assim, encarecer os custos e dificultar o crescimento do setor. E uma das razões para essa lacuna pode ser entendida na pesquisa divulgada pelo Portal da Indústria, na tarde da última sexta-feira

Pouco estudo no Brasil

falta de mão de obra qualificada. Somente 15% dos brasileiros com mais de 16 anos estudam.

Aula preparatória para o Enem. Foto: Flickr.

Somente 15% dos brasileiros com mais de 16 anos estudam atualmente, segundo Pesquisa do Sesi/Senai. O levantamento aponta ainda que apenas 38% dos que não estudam alcançaram a escolaridade que gostariam. E ainda, entre jovens de 16 a 24 anos, 18% abandonaram por gravidez/filho.

Contudo, entre os brasileiros que estão matriculados em alguma instituição de ensino, há diferenças consideráveis por região, faixa etária e renda. A pesquisa ouviu 2 mil pessoas com mais de 16 anos nas 27 Unidades da Federação, tendo uma amostra representativa da população brasileira.

“Não podemos ter um projeto de país, para o desenvolvimento social e econômico, sem considerar a educação”, alerta o diretor-geral do Senai e diretor-superintendente do Sesi, Rafael Lucchesi.

Lucchesi também aponta o caminho para minimizar o problema. “Conhecer os motivos e o perfil dos jovens e adultos que interromperam os estudos, e consequentemente sua evolução profissional, é indispensável para criar oportunidades e reduzir desigualdades”, garante.

No Brasil, 66,4 milhões de brasileiros com mais de 18 anos não têm o ensino médio completo e não frequentam a escola. “É contraproducente fechar os olhos para essas taxas”, enfatiza Lucchesi. Ele destaca as consequências da formação incompleta. “Os reflexos não demoram para aparecer: 25,8% dos jovens de 18 a 24 anos nem estudam nem trabalham, como mostra a PNAD Contínua do 4º trimestre de 2022”, enumera o diretor.

Escolaridade brasileira

  • 15% dos brasileiros com mais de 16 anos estão matriculados em alguma instituição de ensino (ensino fundamental, ensino médio, técnico, superior e pós-graduação) – 53% entre os jovens de 16 a 24 anos;
  • Índice de quem está estudando é maior no Nordeste (18%) e menor no Sul (10%);
  • Índice maior na capital (17%) e menor em região metropolitana (9%);
  • Índice maior entre quem tem renda familiar acima de 5 SM (24%) e menor na de 1 até 2 SM (9%);
  • Entre os que estudam, só 16% estão no Ensino a Distância (EaD), índice que chega a 35% entre 41 e 59 anos. O EaD também está mais presente no Sul (24%) que no Nordeste (13%).
  • Entre os que não estudam atualmente, apenas 38% alcançaram a escolaridade que desejavam e 57% não tiveram condições de continuar os estudos por diferentes motivos, sendo o principal deles precisar trabalhar para manter a família (47%).
  • Para 18% dos jovens de 16 a 24 anos, a razão para deixarem de estudar é a gravidez ou nascimento de uma criança. A evasão escolar por gravidez/filho é maior também entre mulheres (13%), moradores do Nordeste (14%) e das capitais (14%) – o dobro da média nacional, de 7%.

Confira a pesquisa completa aqui

 

Por Luciene Araujo, com informações do Portal da Indústria.

Foto de Alex Pandini

Alex Pandini

Alex Pandini é jornalista, tem 53 anos e mais de 3 décadas de experiência profissional em rádio, jornal, TV, assessoria de imprensa, publicidade e propaganda e marketing político. Além de repórter e apresentador na TV Vitória, é responsável pelo conteúdo da plataforma ConstróiES.