Fibro: subproduto do beneficiamento de rochas virando cisne?

Luciene Araujo
Fibro - Fino do beneficiamento de rochas ornamentais

Foto: Karina Porto Firme/ Sindirochas

O Fibro, há anos é exergado como o patinho feio do processo de beneficamento das rochas ornamentais. No entanto, o setor vem transformando os processos e busca maior sustentabilidade econômica do arranjo produtivo.  Confira, nesse artigo do presidente do Sindirochas, Ed Martins, como o “patinho feio” está mudando. Afinal, as rochas ornamentais estão diretamente ligadas ao mercado da construção civil.

Fino do beneficiamento de rochas ornamentais – Fibro 

Existe um cisne onde se enxergava um patinho feio.

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Ed Martins, presidente do Sindirochas

No processo do beneficiamento de rochas ornamentais, os blocos extraídos nas pedreiras são desdobrados em chapas. Em seguida, estas passam por todo um processo que as conduz a variados tipos de acabamento de superfície – polido, o mais conhecido, levigado, escovado, apicoado, flameado, entre outros. Além de aplicações variadas como produtos acabados,.

Assim, partículas de rocha correm pelo sistema de captação e tratamento da água utilizada no processo de beneficiamento. Conforme a história infantil, até este momento, as pessoas viam esse “fino” como um “patinho feito”, relegado a condição de algo sem valor. Apenas um resíduo destinado a permanecer, para sempre, depositado em aterros a ele destinado.

Mas chegou o momento em que os mercados passam a reconhecer o “patinho feio” como um “belo cisne”.  Resultado da persistência do Sindirochas/ES e de uma forte parceria que envolve diversas instituições. A participação direta do Cetem, Ufes, e Ifes, com apoio da Fapes, inclusive financeiro. Também da Findes e do Centrorochas, e com engajamento do Governo do Estado, por meio do governador, vice-governador, da Secretaria de Meio Ambiente e do Iema. Ainda com a colaboração da equipe do Instituto Capixaba de Gestão, a partir da publicação da IN Iema nº 12/2023.

Através do reconhecimento de seu potencial e capacidade de utilização, e total adesão a processos que buscam maior sustentabilidade econômica, nasce o  Fibro – Fino do Beneficiamento de Rochas Ornamentais. O subproduto do processo pelo qual os blocos de rochas ornamentais transformam-se em belos produtos que levam a beleza das rochas capixabas e nacionais, para todo o Brasil e para o mundo. Os profissionais criaram a denominação Fibro durante o desenvolvimento do projeto coordenado pelo Cetem/NR-ES.

Possibilidades

As possibilidades de utilização do Fibro são inúmeras, conforme estudos e pesquisas, existentes no Brasil e no Mundo. Cetem, Ufes e Ifes, dentre diversas outras renomadas instituições nacionais de estudo e pesquisa, tratam o tema já há bastante tempo. E possuem registros que apontam o potencial de utilização deste subproduto (Fibro) para fabricação de artefatos de cerâmica vermelha e artefatos à base de cimento Portland. Bem como vidro e tintas. Além da utilização como base e sub-base de pavimentos, dentre outros.

O destino do Fibro e sua efetiva aplicação, requerem, aliadas a ações empreendedoras, a edição de políticas públicas que incentivem a utilização deste importante recurso. Haja vista a dispobilidade em abundância e cuja geração acompanha o ininterrupto processo das empresas de rochas ornamentais. Estudos indicam que no Estado do Espírito Santo, até 2019, o volume de Fibro, em depósito, era estimado em 3,1 milhões de metros cúbicos. E com projeção de alcançar 6,2 milhões de metros cúbicos até 2035.

A aplicação do Fibro em substituição, mesmo que parcial, a outros materiais utilizados em diversos processos construtivos e/ou aplicações, possui total aderência com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS, da ONU. Dentre eles, o “Consumo e Produção Responsáveis”, e tem perfeito alinhamento com as premissas da economia circular.

Hoje, as atividades o setor de rochas ornamentais já são comprovadamente mais sustentáveis que as de diversos outros setores que produzem produtos concorrentes. Nesse contexto, o Sindirochas/ES e Cetemag, com apoio do Centrorochas, manterão sua atuação para que o setor seja referência não só pelos positivos reflexos econômicos da atividade, mas também em sustentabilidade ambiental e social.

Ed Martins, presidente do Sindicato das Indústrias do Setor de Rochas Ornamentais, Cal e Calcário do Estado do Espírito Santo (Sindirochas)

Foto de Alex Pandini

Alex Pandini

Alex Pandini é jornalista, tem 53 anos e mais de 3 décadas de experiência profissional em rádio, jornal, TV, assessoria de imprensa, publicidade e propaganda e marketing político. Além de repórter e apresentador na TV Vitória, é responsável pelo conteúdo da plataforma ConstróiES.