Madeira engenheirada é o concreto do futuro?

Aline Pagotto

Ao que tudo indica, sim. O uso da madeira engenheirada no setor da construção pode ir muito além da sustentabilidade.

De acordo com a matéria “ESG na construção: porque a madeira é o concreto do futuro”, publicada na Revista Exame, além dos benefícios que a matéria-prima oferece, o método tem chamado a atenção no mercado por estar associado ao ESG (Environmental, Social and Governance), à inovação nos processos do setor imobiliário, à tecnologia e ao uso de recursos renováveis na indústria.

A adoção da madeira engenheirada lidera a nova tendência da construção pelos ganhos ambientais e inovação. A tecnologia mass timber usa camadas de madeira maciça sobrepostas, que podem se transformar em pilares, lajes, vigas e substituir o concreto e o aço na construção de edifícios estruturalmente mais leves, de até 40 andares, que necessitam de fundações menos profundas e que geram menor impacto no solo.

A leveza do material permite que o produto seja uma boa opção para expansões verticais, sem a necessidade de grandes reforços na estrutura original, segundo a CEO da Urbem, Ana Leite Bastos.  Além disso, como os prédios de madeira são pré-fabricados e só depois levados para os canteiros para serem montados, o processo não produz sujeira e entulho nos canteiros de obra e diminui o tempo das obras, assim como o consumo de energia e água, aspecto importante quando o assunto são cidades sustentáveis.

Projeto pioneiro

Conforme diz o artigo, a Agenda ESG tem puxado o avanço de prédios de madeira no mercado internacional e aos poucos no país. No Brasil, o empreendimento pioneiro a utilizar uma estrutura com madeira engenheirada em sua edificação foi a Dengo Chocolates Concept Store, em São Paulo (SP). Localizado na Avenida Brigadeiro Faria Lima, o prédio tem quatro andares, 1,5 mil metros quadrados e é considerado um marco para o modelo.

A fornecedora das lajes e paredes de madeira para a Dengo foi a Urbem. Em funcionamento desde novembro de 2022 em Almirante Tamandaré, no Paraná, perto de florestas de pinus, a fábrica da Urbem pretende massificar a madeira engenheirada no país.

Outro player desse novo segmento é a construtech Noah. A startup é responsável pelo Arvoredo, na Vila Madalena, um condomínio composto por seis casas de alto padrão e um valor geral de vendas (VGL) de R$ 40 milhões. A previsão é de que o empreendimento fique pronto no segundo semestre deste ano.

Atenta a esse movimento, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) participou no último mês de maio de missão empresarial a países europeus. O objetivo, conhecer projetos bem-sucedidos de países com a utilização de madeira engenheirada. Na Áustria, a CBIC visitou indústrias de produção de peças utilizadas em canteiros de obras como vigas, colunas, lajes e paredes. Bem como empreendimentos construídos a partir desta matéria prima.

Foto de Alex Pandini

Alex Pandini

Alex Pandini é jornalista, tem 53 anos e mais de 3 décadas de experiência profissional em rádio, jornal, TV, assessoria de imprensa, publicidade e propaganda e marketing político. Além de repórter e apresentador na TV Vitória, é responsável pelo conteúdo da plataforma ConstróiES.