Neuroarquitetura: uma nova forma de pensar os ambientes

Aline Pagotto

Foto: Freepik

Já pensou que um espaço tem a ver com você, com muito das suas emoções e memórias? Pois é. Isso tem a ver com a Neuroarquitetura é uma área de pesquisa que integra os conhecimentos da Neurociência aplicada à Arquitetura.

Segundo a arquiteta e urbanista e especialista em Neuroarquitetura, Cristianne Assis de Abreu Baptista, a Neuroarquitetura estuda os conhecimentos provenientes da Neurociência, Psicologia, Fenomenologia, Arquitetura e Design.

“É uma área que se utiliza dos conhecimentos científicos sobre o funcionamento do cérebro humano para as práticas projetuais da Arquitetura e do Design, com o objetivo de elaborar projetos personalizados, multissensoriais, e que promovam o bem-estar físico e mental. Além disso, atender às necessidades, mas também aprimorar o desempenho, o foco, a aprendizagem e a criatividade dos usuários”, diz ela.

Cristianne, que também é mestre em Engenharia Civil, destaca que os conhecimentos científicos da neurociência aplicada à Arquitetura, vêm ganhando força nos últimos anos.

“A Neuroarquitetura vem confirmar em grande parte, o que a boa arquitetura já vinha fazendo. Porém, agora temos dados científicos que comprovam algumas suposições que a psicologia e a percepção ambiental, o design biofílico e outras áreas de pesquisa já vinham falando”, frisa.

A arquiteta e urbanista e especialista em Neuroarquitetura, Cristianne Assis de Abreu Baptista. Foto: Arquivo Pessoal

Estratégias

Ela afirma que tais conhecimentos deram suporte para a elaboração de várias estratégias projetuais, que auxiliam no desenvolvimento de ambientes mais personalizados, assertivos, eficientes, e que melhoram a experiência do usuário.

“A iluminação natural indireta e difusa, iluminação integrativa, ventilação natural, conforto acústico, layout, paleta de cores, vistas naturais, uso de materiais naturais, uso consciente dos princípios da Gestalt e dos processos cognitivos são alguns pontos. O foco é a experiência do usuário, tendo em vista que os fatores que mais influenciam a satisfação dos usuários são: conforto (luminotécnico, acústico e térmico), segurança, funcionalidade e autonomia”, ressalta.

A Neuroarquitetura também pode influenciar no bem-estar do cliente, de acordo com a especialista. Para isso, o conceito passa a ser inserido em todos os ambientes.

“Seus benefícios, vêm chamando a atenção de vários arquitetos e designers que buscam desenvolver projetos preocupados em melhorar a qualidade de vida dos usuários em espaços residenciais, corporativos, hospitalares, comerciais, instituições de ensino, dentre outros. Ou seja, os conhecimentos de neuroarquitetura podem ser aplicados em qualquer espaço construído ou natural (paisagismo)”, explica Cristianne.

Vale destacar que é uma preocupação do profissional de arquitetura detectar algumas características do usuário antes de projetar o ambiente. “A partir do momento em que conhecemos como o ambiente pode influenciar o comportamento humano, o projetista utiliza as estratégias de neuroarquitetura para projetar ambientes que favoreçam o que o cliente considera bem-estar físico e mental”, complementa.

Projeto familiar

Pensando em um espaço que acolhesse a família, mas também os parentes que moram em outras cidades, a advogada Kamila Neiva precisava “unir” o Espírito Santo e a Bahia em uma casa. E a arquiteta conseguiu transferir esse desejo dela ao ambiente.

“A Cris elaborou um briefing com toda a família, inclusive minha filha pequena. Na época, ainda não tínhamos nosso filho mais novo, mas sua chegada já estava prevista no projeto. Depois de entender as necessidades de cada membro da família e entender as bases familiares e culturais de cada um, o projeto foi apresentado. Como ela mesma dizia: “O projeto é a materialização da personalidade de vocês”. No início eu não entendi muito o significado dessa frase, mas depois da apresentação do projeto, compreendi perfeitamente”, celebra Kamila.

A advogada reforça que a experiência com a Neuroarquitetura fez todo sentido em seu projeto. “Eu e meu marido somos leigos em arquitetura, e por isso, esse termo não era conhecido por nós. Isso não nos importava. A arquiteta sempre mencionava as possíveis experiências e emoções que poderíamos ter ali. Ela sempre falava de vida. Ela escutou nossas necessidades e desejos e fez um espaço completamente personalizado. Conseguiu fazer isso com maestria’, conclui ela.

Foto de Alex Pandini

Alex Pandini

Alex Pandini é jornalista, tem 53 anos e mais de 3 décadas de experiência profissional em rádio, jornal, TV, assessoria de imprensa, publicidade e propaganda e marketing político. Além de repórter e apresentador na TV Vitória, é responsável pelo conteúdo da plataforma ConstróiES.