Não foram apenas as ações da Americanas que sofreram com o anúncio de que inconsistências fiscais e dívidas acima de R$ 40 bilhões foram encontradas nos balanços da empresa. O mercado de crédito também foi afetado pela notícia. Os investidores que aportavam nos papéis ou debêntures da companhia podem registrar perdas ainda maiores porque o pedido de recuperação judicial da empresa, que tem dívidas de R$ 41 bilhões e quase 8 mil credores, afeta diretamente os detentores de seus títulos.
As debêntures são títulos emitidos por companhias e são negociadas no mercado de capitais. Em certa medida, esses produtos lembram os títulos do Tesouro Direto, mas, nesse caso, servem para financiar a expansão e as novas atividades de instituições privadas.
Vale lembrar que há diferenças entre debêntures e as ações das empresas. Isso porque o primeiro conceito se refere a dívida emitida, e o segundo se relaciona a uma fração do capital da empresa.
No caso das debêntures, são produtos de renda fixa, onde o investidor conhece as condições no momento da emissão, como por exemplo, taxa e prazo, nesta modalidade o investidor se torna credor da empresa. No caso de quem investe em ações, se torna “sócio” da empresa e não um credor.
Como as debêntures representam um empréstimo, o principal risco do produto é o de calote das empresas emissoras, ou seja, que elas não paguem os juros prometidos, não devolvam o principal aplicado pelos investidores ou ambos. Essas questões se tornam mais evidentes quando um problema como o da Americanas acontece.
Os dados da Anbima Data indicam que a maior parte das debêntures emitidas pela varejista não possui garantia real. Além disso, por não possuir garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), elas possuem risco um pouco mais elevado se comparadas ao CDB, LCI, entre outros. Isso significa que quem possui debêntures sem garantia real irá para o fim da fila de credores.
Além das debêntures e ações, vários fundos sofreram desvalorização com esse fato pois , os fundos de crédito privado tem parte do patrimônio aplicado em debêntures de diversas empresas.
Para reduzir o nível dos riscos, o ideal é que o investidor não fique exposto a debêntures de um emissor só. O indicado também é avaliar o perfil das empresas emissoras e conhecer o nível de solidez financeira para evitar um risco de crédito.
Os papéis de debêntures podem oferecer outros tipos de garantias, para assegurar os pagamentos caso haja problemas com as companhias emissoras. Contudo, mesmo que seja um investimento de renda fixa, as remunerações geralmente são acima da média oferecida pelo mercado e são uma maneira de diversificar a carteira do investidor.
Ainda, a liquidez concedida é, de certa forma, restrita e o papel possui um prazo longo de vencimento, mas, vale ressaltar que pode ser negociada no mercado secundário possibilitando resgate do valor antes do vencimento, porém sujeito a alterações das condições no momento da venda.
Por fim, vale lembrar que em caso de dúvida e inexperiência nesses tipos de investimentos, consulte uma assessoria que irá auxiliá-lo da melhor maneira possível.
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