Dados: o novo petróleo?

Muitos já escutaram isso, mas será mesmo que os dados são o novo petróleo? Ambos existem em abundância no mundo, custam caro para extrair, armazenar ou tratar, e quando vazam, geralmente causam algum tipo de tragédia. Iniciada em 2011 e batizada de Revolução 4.0, a quarta revolução industrial tem como principal característica o uso das […]

Por Vinicius Cozendey

Muitos já escutaram isso, mas será mesmo que os dados são o novo petróleo?

Ambos existem em abundância no mundo, custam caro para extrair, armazenar ou tratar, e quando vazam, geralmente causam algum tipo de tragédia.

Iniciada em 2011 e batizada de Revolução 4.0, a quarta revolução industrial tem como principal característica o uso das tecnologias existentes para a geração de conhecimento e aumento de produtividade, o que transformou o mundo à nossa volta.

Ainda antes de 2011, gradualmente, a tecnologia já vinha fazendo parte do nosso dia a dia, trazendo consigo itens que hoje nem parecem ser tão revolucionários como o iPhone, Smart TVs, Alexa, Siri, Uber, entre diversos outros.

Acontece que, conforme a população adere às tecnologias, torna-se cada vez mais fácil entender o seu comportamento. Por exemplo: antigamente não era possível saber quantas pessoas foram comprar em sua loja por conta de um outdoor em uma avenida movimentada ou, até mesmo, de uma propaganda de TV em rede nacional. Como saber se o seu investimento realmente valeu a pena?

Na Revolução 4.0 as empresas puderam começar a acompanhar isso por meios digitais, fazendo propagandas em sites e acompanhando todo o comportamento do consumidor: de onde ele veio? O que ele acessou no site? O que comprou? E, se não isso bastasse, a empresa pode continuar a persegui-lo pela internet (é daí que vem os anúncios que você tanto recebe enquanto navega).

Mas, para a infelicidade de muitas empresas, não é tão simples assim. Para que uma empresa consiga usar dados de forma efetiva é preciso que várias etapas sejam seguidas, o que muitas vezes é negligenciado por elas.

Segundo um estudo da Dell em 2021, realizado pela consultoria Forrester, cerca de 73% das empresas no Brasil dizem ter negócios data driven (orientados por dados); é um número animador, entretanto, quando vamos entender melhor, a mesma pesquisa afirma que 71% das diretorias dessas companhias não apoia — de forma ostensiva — o uso estratégico de dados.

Hoje em dia é quase uma obrigação dizer que se é data driven, assim como muitas companhias dizem ter diversidade, e se intitulam como Startups ou que são ESG. O problema está na prática do dia a dia, que mostra que 80% das empresas ainda lida com alguma barreira para capturar, usar e analisar dados.

Se descermos mais um degrau de complexidade, em um relatório do Capgemini Research Institute, vemos que a maioria das empresas no mundo (51%) ainda utiliza uma abordagem reativa para tomada de decisão, ganhando vantagem apenas de quem não utiliza dados. Abordagens mais avançadas possuem percentuais ainda menores: 23% das companhias usam abordagem preditiva, cujos modelos tentam prever o que acontecerá; e apenas 18% usam uma abordagem prescritiva, cujos modelos, além de prever, indicam o que deve ser feito em cada caso.

Em um mundo onde o volume de dados dobra a cada dois anos, eu não diria que dados são o novo petróleo, uma vez que um se torna escasso com o tempo, enquanto o outro cada vez mais abundante. A questão está no seguinte fato: será que as companhias saberão lidar com esse volume crescente de dados ou ficarão para sempre atrasadas?