Cris Samorini: “a escuta favorece muito os resultados, é preciso ouvir”

Cris Samorini, presidente da Findes | Foto: Gilvan Gonçalves

Cris Samorini é empresária, natural de Vitória, graduada em Administração de Empresas, com MBA em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral e em Marketing pela FGV. Atua como diretora comercial da Grafitusa, uma empresa com mais de 100 anos de história. A industrial possui mais de 20 anos dedicados ao associativismo. Foi vice-presidente do Centro da Indústria Capixaba (Cindes). Atualmente é presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado do Espírito Santo (Siges), da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf/ES) e da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), a primeira mulher a ocupar o cargo.

Conheça mais a Líder em Federações nesta entrevista.

 

Por que você foi eleita líder no seu segmento? A que atribui a sua vitória?  

Eu atribuo ser líder no segmento porque estou em uma federação que ao longo dos anos, em especial nos últimos cinco anos, vem se colocando muito fortemente em destaque no Espírito Santo abordando temas pautados na competitividade e no desenvolvimento do setor em que trabalhamos, que no caso é o industrial.

Com isso, temos conseguido demonstrar que a Findes tem uma reputação e que ela vem se mantendo dentro do seu propósito, que é o de justamente transformar vidas e impulsionar negócios em prol do crescimento e do desenvolvimento do estado do Espírito Santo.

Acredito que esse destaque e reconhecimento que tenho recebido se relaciona muito com o papel relevante que a Findes tem na sociedade. É muito bom saber que eu estou conseguindo dar continuidade ao propósito da federação e demonstrando todo o nosso esforço para a sociedade, por meio de projetos e resultados importantes para o cidadão, para a indústria e para o estado.

 

O que é ser líder? Como você conceitua a liderança que você pratica?  

A liderança é algo que faz parte da minha vida há bastante tempo. Mas sempre busquei ser aquela pessoa que não se coloca como prioridade, que busca apenas os objetivos próprios. Para mim, é fundamental  olhar para onde caminha o desenvolvimento, o crescimento e o melhor ambiente de negócios. Nunca coloco em primeiro lugar a minha realização, o meu bem-estar, mas o coletivo sempre.

Minha principal característica enquanto líder é ser muito atuante. Sou difícil de desistir do que eu acredito. Um dos destaques que considero como liderança é mostrar para onde temos que ir e seguir com firmeza – claro que quando erramos temos que ter a humildade de reconhecer, dar um passo atrás e voltar.

Nestes dois anos como presidente da Findes, tenho visto e também aprendido muito com as pessoas ao meu redor. Percebi que ser líder num ambiente de uma federação é uma posição onde você inspira muitas pessoas pois consegue conversar com um público muito diverso.

 

Liderança também é verdade. Qual é a sua verdade? Quais são seus princípios e valores inegociáveis?  

A minha verdade é ser sempre muito transparente e ética, não colocando nunca como prioridade o que for do meu interesse pessoal.  Quando assumi a presidência da Findes, tive que ter muita clareza sobre isso. A minha construção enquanto pessoa, ao longo destes anos, fez com que eu pensasse e agisse dessa forma.

Acredito que me dedicar ao ambiente coletivo e trazer realmente o crescimento para todos é a parte essencial num cargo de presidente de uma federação. Quando você coloca as suas prioridades na frente das dos outros, você não consegue exercer liderança.

 

Quem ou o que lhe inspira? E como você deseja ser reconhecido pelas pessoas enquanto líder? 

A pessoa que sempre me inspirou e continuará me inspirando é o meu pai, Túlio Samorini. Eu sempre digo isso, e não é da boca para fora. Ele tem os princípios inegociáveis que eu mais admiro: olhar sempre o lado positivo, dialogar e ouvir mais. Por isso, meu pai continua sendo a minha inspiração. Para mim, não tenho nada mais importante do que ter uma pessoa como ele sendo a minha referência e inspiração.

 

Quais são as boas práticas da sua governança?  

Assumimos a gestão da Findes em julho de 2020 com um modelo de governança completamente diferente em relação a todas as demais federações do Brasil. Isso já nos dá motivo para ter orgulho do que fazemos.

A atual gestão é a primeira da Findes que tem um conselho de administração. Com isso, temos alguns ritos diferenciados, além de uma comissão de finanças e dos conselheiros independentes, por exemplo. Tudo é aprendizado para termos boas práticas de gestão.

 

A quais pautas o líder precisa estar atento nestes tempos?  

Entre as pautas que considero prioritárias neste momento está a de saber valorizar e reter talentos para trabalhar dentro de uma organização. Também faz parte disso aprimorar a todo o momento os critérios de seleção e da escolha dos profissionais que vão integrar os times da empresa. Outro ponto é nos humanizarmos nos momentos em que temos dificuldade de interlocução. Cada vez mais, vejo que você precisa exercer muito o diálogo. A escuta favorece muito os resultados. Além da interlocução é preciso ouvir. Ouvir as pessoas que estão ao seu entorno, as pessoas que você lidera, o setor que você lidera. Acho que isso é algo que todo líder precisa ter muita atenção. Você recebe enxurradas de informação.

 

Quais foram seus maiores desafios e conquistas até hoje enquanto líder?  

Um dos desafios é reorganizar uma gestão que tem um modelo diferente desde o início. E fazer toda essa mudança em um ano de pandemia foi um grande desafio. O que tem sido a minha maior conquista ao longo deste período à frente da Findes é a confiança que eu tenho conseguido gerar, em especial em quem eu represento: setor industrial, trabalhadores da indústria e mais de 1.900 colaboradores. Essa conquista de as pessoas perceberem que temos trabalhado com seriedade na Federação e que há uma dedicação permanente em prol do Estado vem sendo minha maior conquista.

 

Em uma palavra: ser líder é… persistência. Uma coisa que eu não abro mão é ter humildade, estar próxima a todos que trabalham na empresa, desde a área operacional até a gerencial. É fundamental entender os processos, aprender e repassar todos os seus conhecimentos ao próximo. Temos que persistir para alcançar um objetivo. Cada vez mais vejo que partilhar o que sei, o que aprendi ao longo da minha trajetória é fundamental para ter mais pessoas ao meu redor, que me ajudam e que seguem numa mesma direção. Assim como estar aberta para ouvir outras alternativas é algo que tem me trazido um grande aprendizado.

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