Cristiano Carvalho: “o líder precisa estar em permanente estado de curiosidade”

Cristiano Carvalho, CEO da Escola Americana de Vitória

O CEO da Escola Americana de Vitória, Cristiano Carvalho, é professor formado em Letras-Inglês pela Universidade Federal do Espírito Santo e pós-graduado em Linguística Aplicada ao Ensino de Inglês pela Faculdade Saberes. Iniciou sua carreira lecionando em cursos de idiomas e há mais de 20 anos trabalha na educação básica, já tendo lecionado inglês e coordenado departamentos de línguas estrangeiras e internacionais.

Já estudou e morou na Inglaterra e nos Estados Unidos e desenvolveu diversos trabalhos de consultoria e formação continuada para implementação, melhoria e ampliação de departamentos de línguas estrangeiras, escola de turno integral e educação bilíngue em escolas no Brasil. Já coordenou diversos programas de intercâmbios e acompanhou grupos de alunos em viagens acadêmicas internacionais. Pela atuação no segmento de Ensino Médio, há mais de uma década orienta alunos desse segmento na construção de seus projetos de carreira.

Conheça mais do Líder em Escolas Privadas pelo Prêmio Líder Empresarial 2022 na entrevista a seguir.

 

Por que você foi eleito líder no seu segmento? A que atribui a sua vitória?

Creio que uma combinação de anos em contato direto com alunos, professores e famílias e o trabalho de ponta realizado pela equipe EAV foram aspectos determinantes para essa premiação. Embora o prêmio seja para o líder, o que é reconhecido aqui é todo um trabalho em equipe de uma comunidade que apoia-se no tripé aluno-escola-família.

 

O que é ser líder? Como você conceitua a liderança que você pratica?

Ser líder é inspirar e ser referência. É impulsionar toda uma comunidade. Gosto do que Jim Collins considera ser a função da liderança: “Catalisar uma visão clara e compartilhada para a empresa e assegurar o compromisso e a busca vigorosa dela”.

 

Liderança também é verdade. Qual é a sua verdade? Quais são seus princípios e valores inegociáveis?

Acredito em propósito de vida, que, no meu entendimento, contempla as esferas pessoal e profissional (com seus papéis diferentes, porém indissociáveis no que tange aos valores essenciais). Qualquer meta, objetivo, estratégia ou inovação deve estar alinhada a esse propósito. Valores como ética, respeito a si próprio, ao próximo e ao ambiente em que estamos inseridos, interdependência e colaboração são inegociáveis para mim.

 

Quem ou o que lhe inspira? E como você deseja ser reconhecido pelas pessoas enquanto líder?

Como professor por formação, o que mais me inspira é, sem dúvida, o aluno e seu potencial de transformação. Nossa capacidade de nos mantermos aprendizes por toda uma vida é fascinante em nossa  jornada de homo sapiens neste planeta e, quem sabe, em algum dia em outros. No plano pessoal, meu pai e meu avô sempre me inspiraram, pela ética e dedicação que tinham em suas vidas, tanto no plano pessoal quanto profissional. Na minha profissão e função, tenho alguns nortes glocais (globais e locais): na educação, Edgar Morin e Rubem Alves; na gestão, me guio muito pelos ensinamentos de Jim Collins e do presidente do Grupo Buaiz, Americo Buaiz Filho. Busco ser reconhecido como um líder que inspira e conecta, que facilita que cada ser em contato comigo seja capaz de buscar e encontrar sua melhor versão.

 

Qual o papel do líder na criação e manutenção de um ecossistema saudável, diverso e criativo na organização?

A criação de um ecossistema saudável, diverso e criativo passa pela forma como o líder vivencia o propósito da organização. Mais importante do que as palavras são as práticas que modelam, validam e multiplicam os valores essenciais da empresa.

 

Quais são as boas práticas da sua governança?

Relacionamento e conexão são fundamentais para o êxito de uma instituição. Recebemos (professores, coordenadores e diretores) nossos alunos na porta da escola, todos os dias. Esse é um ótimo momento para nos conectarmos com a comunidade e catalisarmos uma energia positiva, propiciadora de aprendizagens múltiplas para todos (alunos, educadores e pais). Mantemos uma rotina de reuniões, trocas de mensagens e comunicados, celebrações e interações das mais variadas formas (analógicas e digitais), todas elas voltadas para a boa qualidade nas relações e conexões, para que possamos, de forma interdependente, alcançarmos nossas melhores versões. Faço questão de conhecer as histórias de vida de cada membro da comunidade EAV.

 

A quais pautas o líder precisa estar atento nestes tempos?

O líder precisa estar em permanente estado de curiosidade. Ser, de forma positiva e propositiva, um insatisfeito. Esse estado o manterá aberto para as inovações que surgem a cada momento e, sobretudo, permitirá que ele e sua equipe sejam as inovações que gostariam de ver no mundo. A curiosidade também é uma porta para olhar o outro. Estreitar canais de comunicação com as equipes, com clientes internos e externos e se colocar no lugar do outro pensando em como ele pode ter a melhor experiência na sua instituição é fundamental. As instituições são as pessoas, com histórias de vida únicas e diferentes. Respeitar a diversidade é se conectar ao universo de cada um. O mundo vive um paradoxo de conexão e desconexão. Podemos nos comunicar com outros seres humanos em quase qualquer lugar do planeta, mas nunca nos sentimos tão solitários como espécie. Os casos de depressão e ansiedade escalam em todo o planeta. Encontrar o equilíbrio entre as inovações e os sentimentos básicos do ser humano é algo de suma importância e que deve estar sempre no radar de um líder, principalmente naquele que está à frente de uma instituição de educação, que prepara jovens para a vida.

 

Quais foram seus maiores desafios e conquistas até hoje enquanto líder?

Os maiores desafios e conquistas são todos de natureza humana. A pandemia, com toda a demanda de conexão e necessidade de manter as escolas em funcionamento (presencial ou remotamente), certamente foi o maior desafio que enfrentei. A vida em uma escola contempla aprendizagens de cunho intelectual, emocional e interrelacional. Todas foram impactadas pelas medidas de distanciamento social e os efeitos da pandemia podem ser sentidos ainda hoje, após quase dois anos de funcionamento ininterrupto das escolas. Diagnosticar e reparar lacunas pedagógicas e socioemocionais é um desafio que ainda se apresenta de forma muito evidente a educadores de todo o mundo.  As conquistas são quase que diárias. Ver alunos que estiveram afastados da escola aprendendo a ler e escrever é uma delas. Chegamos a receber alunos que não sabiam pegar em lápis, quase não tinham amigos e hoje estão lendo e escrevendo (em português e inglês) e vão a festas com colegas de sala. Acompanhar grupos de jovens em jornadas de inovação e colaboração, colocando em prática projetos como os Jogos Rosa, em que foram arrecadados por meio de torneios esportivos de vôlei de praia e beach tennis quase R$ 30 mil em doações para a realização mamografias, nos enche de alegria.

 

Em uma palavra: ser líder é… inspirar e catalisar uma visão clara para a empresa e sua comunidade.

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