Jorge Oliveira: “uma gestão bem-sucedida é baseada no mais profundo respeito pelas pessoas”

Jorge Oliveira, CEO da ArcelorMittal Aços Planos LATAM | Foto: JP. Mubarah

As pessoas representam, para o CEO da ArcelorMittal Aços Planos LATAM, Jorge Oliveira, o centro de tudo. A família e os companheiros de trabalho são, de acordo com ele, os grandes e principais responsáveis pelos resultados e conquistas alcançados, inclusive a indicação e a liderança no Prêmio Líder Empresarial 2022 nas categorias Líder do Ano e Líder em Maiores Empresas.

“Graças ao nosso capital humano – e aqui incluo toda a capacidade, conhecimento, habilidade, experiência e dedicação dos nossos empregados e gerentes – temos hoje uma empresa sólida e que é referência em liderança, assim como em práticas sociais, ambientais e de governança”, ressalta Oliveira.

Conheça mais sobre essa importante liderança na entrevista a seguir.

 

O que é ser líder? Como você conceitua a liderança que você pratica?

Ser líder vai muito além de um cargo de gerência ou autoridade dentro de um negócio. Vivemos num cenário que não comporta mais a visão hierárquica de antigamente. Hoje em dia, um bom líder tem que estar junto do time, saber engajar suas equipes, alinhar todos os membros e guiá-los numa mesma direção para que se possa alcançar os objetivos e metas da empresa. É preciso saber inspirar equipes, construir experiências positivas, incentivar o desenvolvimento de competências e habilidades, tornar a empresa mais humana, sustentável, produtiva e lucrativa. Além disso, precisa criar valor e transcender a organização, produzindo resultados positivos também para as comunidades a sua volta e toda a sociedade.

 

Liderança também é verdade. Qual é a sua verdade? Quais são seus princípios e valores inegociáveis?

Meu principal valor está no respeito às pessoas. Digo e sempre repito que esse é um valor inegociável, que norteia minha vida e meu trabalho. A meu ver, uma das essências de um modelo bem-sucedido de gestão é ser baseado no mais profundo respeito pelas pessoas. Em todos os níveis e sentidos, e de todos para com todos. E digo isso porque, primeiramente, respeitar pessoas é um valor essencial por si só, mas também torna a empresa mais criativa, colaborativa, humana e eficiente. Acredito ainda em valores como empatia, honestidade, integridade, resiliência e adaptabilidade. Também entendo como valioso acreditar no potencial dos profissionais da nossa empresa e estimulá-los a crescerem continuamente e desenvolverem cada vez mais suas competências e habilidades.

 

Quem ou o que lhe inspira? E como você deseja ser reconhecido pelas pessoas enquanto líder?

Estou na ArcelorMittal já há 35 anos e posso dizer que a empresa e seus profissionais têm sido uma forte e influente inspiração na minha vida. Aqui, aprendi e reforcei todos os dias valores e princípios que se tornaram parte de quem eu sou hoje. Por isso, busco liderar pelo exemplo. Quero que as pessoas me vejam como fiel aos princípios da organização, além de alguém que as inspire, que dê abertura e oportunidade para elas participarem e trabalharem mais confiantes. Quero ser visto como um líder humano, que, mais do que gerar resultados, estimula, apoia e ajuda as equipes a crescerem e se sentirem parte do sucesso da empresa.

 

Qual o papel do líder na criação e manutenção de um ecossistema saudável, diverso e criativo na organização?

Vivemos numa era de colaboração e compartilhamento, e todo líder precisa estar alinhado a esse cenário. Devemos estimular a participação de todos, empoderar equipes, desenvolver processos modernos e seguros, propor estruturas de trabalho cada vez mais inclusivas e diversas. Ao assumir uma abordagem inovadora, colaborativa e que apoia a criatividade e as relações sociais, a empresa obtém resultados muito mais positivos e expressivos. Todos temos competências e habilidades, e se essas forem motivadas e estimuladas, sobretudo num universo diverso de profissionais, teremos respostas ainda mais criativas e soluções mais inovadoras tanto em produtos quanto em serviços. É isso que buscamos na nossa empresa.

 

Quais são as boas práticas da sua governança?

Dentre as boas práticas que regem a governança no meu trabalho, posso citar a ética e a integridade que, aliás, vejo como imperativos morais e fatores decisivos para a perenidade de qualquer negócio. Considero importante para toda empresa promover uma cultura de integridade para que as pessoas possam, efetivamente, praticar a confiança, o respeito, a empatia e a solidariedade.

Outras práticas são a boa gestão dos impactos ambientais e sociais da empresa, que devem ir além da agenda institucional, e a promoção da transparência e prestação de contas com o diálogo sempre aberto com os pares e partes interessadas. Acredito na cultura corporativa baseada na diversidade e inclusão, na qual o valor humano seja respeitado e todos tenham oportunidades.

Temos também a inovação representando outra base fundamental do nosso trabalho. Precisamos ter uma visão de futuro, de longo prazo para promover o desenvolvimento sustentado da empresa.

 

A quais pautas o líder precisa estar atento nestes tempos?

Vivemos um mundo volátil, em constante transformação e que, portanto, exige de todos nós, e não somente das lideranças, o aprendizado contínuo e a adaptabilidade. Isso implica estar aberto às inovações, aos novos conhecimentos. Esse ambiente em contínua metamorfose também exige que tenhamos equilíbrio emocional, habilidade de manter as emoções sob controle e a efetividade diante de situações ou condições estressantes.

Outro fator é manter a empresa adaptável. Ela precisa evoluir de acordo com as novas normas, tecnologias e demandas da sociedade, ter compromisso com a sustentabilidade e a transparência da governança na organização. Por fim, posso citar ainda a importância de cultivar e enriquecer a cultura organizacional, investir continuamente em tecnologia, inovação, diversificação das equipes e capacitação.

 

Quais foram seus maiores desafios e conquistas até hoje enquanto líder?

Ao longo da minha carreira, passei por grandes desafios e muitas oportunidades. Um dos episódios mais recentes e que me marcou bastante foi a crise hídrica pela qual passamos em 2014, quando eu ainda estava no Brasil. Foi um período difícil, pois tivemos que tomar decisões rápidas e importantes, reduzindo o consumo de água na empresa. E posso dizer, com muito orgulho, que o engajamento do nosso pessoal foi fundamental. Mobilizamos os nossos empregados na busca de soluções e fomos positivamente surpreendidos com quase 300 sugestões de ações, e muitas delas culminaram em importantes projetos voltados à redução do consumo de água em nossos processos até hoje. Foram situações como essa que reforçaram, em mim, o papel das pessoas como essenciais em qualquer processo. Máquinas, tecnologias e equipamentos são importantes, claro, mas são as pessoas que fazem tudo mover, mudar e evoluir.

 

Em uma palavra: ser líder é… ser humano.

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