Jan 2024
29
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

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porTiago Pessotti

Super Quarta: decisão de política monetária nos EUA e no Brasil domina a agenda econômica

Após a divulgação do IPCA-15 na última quinta-feira, a atenção agora se volta para a decisão do Copom nesta semana, que surpreendeu ao apresentar um índice de 0,31%, significativamente abaixo das expectativas. Dentro desse número, destaca-se a influência dos derivados de petróleo, como os preços das passagens aéreas, enquanto os alimentos continuam a mostrar resistência, apesar da recente queda nas soft commodities.

Ao analisarmos a categoria de serviços subjacente, enfocada pelo Banco Central (Bacen), observamos uma pressão adicional, especialmente considerando a ênfase nas questões relacionadas aos núcleos. Apesar de sentimentos mistos, com a inflação geral apresentando um cenário de queda e o petróleo indicando estabilidade nos preços, parece que a pressão nos núcleos pode ter uma natureza sazonal. A categoria de alimentação, que inicialmente pressionou os números, deve começar a ceder, indicando uma perspectiva mais otimista à frente, embora fevereiro ainda possa ser impactado pelo reajuste na educação.

Este dado não altera a perspectiva que o Banco Central do Brasil (BCB) vem comunicando há algum tempo, indicando movimentos de cortes de 50 pontos-base até atingir um ponto em que não é mais viável cortar nessa magnitude, reduzindo então a velocidade para 25 pontos-base. Há uma expectativa de corte de 0,5 ponto percentual na Selic, para 11,25%, na reunião do COPOM, refletindo a visão do mercado de que a taxa de juros terminal pode ser de 9%, influenciada pela postura dovish no segundo trimestre e incertezas fiscais domésticas.

Em uma reviravolta de última hora, Arthur Lira cancelou a reunião com as lideranças da Câmara. O encontro, que abordaria a MP da reoneração e o veto de Lula às emendas de comissão, foi cancelado devido à percepção de que seria esvaziado, já que muitos parlamentares ainda estão em recesso.

Apesar da diversidade de tópicos propostos para a pauta da reunião de líderes, sua urgência era questionável, considerando que nenhum deputado federal foi preso no contexto das investigações da PF, a reoneração da folha de pagamentos não está em vigor e a decisão sobre os vetos é complexa, exigindo coordenação com o Senado.

Na agenda econômica, o Tesouro Nacional divulgará hoje, às 10h30, as contas do Governo Central. O Focus será divulgado amanhã, devido à operação-padrão dos servidores do Banco Central. Além disso, o IGP-M fechado de janeiro será divulgado amanhã. Os dados de dezembro da Pnad (quinta-feira) e do Caged (terça-feira) oferecerão uma visão da situação do mercado de trabalho, enquanto o Santander inaugura a temporada de balanços na quinta-feira.

Além de decisão de juros no Brasil e EUA, 'Superquarta' tem dados de emprego

Nos Estados Unidos, os indicadores de atividade revelaram um desempenho robusto, acompanhado por uma inflação mais controlada, com um crescimento de 3,4%. Ao analisarmos o fechamento do ano de 2023, observamos um crescimento de 2,5%, surpreendendo as projeções do consenso de mercado, que esperavam uma desaceleração ou até mesmo uma recessão.

Os PMIs, como principais indicadores antecedentes de atividade, superaram as expectativas tanto na indústria quanto nos serviços. Os componentes de preços, incluindo o PCE, corroboraram essa tendência positiva. Ao considerar as tendências anualizadas de 3 e 6 meses, o cenário continua apontando para um ambiente “goldilocks” — sustentado, mas com preços em uma trajetória mais positiva.

Na Zona do Euro, os PMIs apresentaram resultados mistos, com Alemanha e França ainda registrando desempenho fraco. No entanto, outras regiões europeias mostraram sinais de melhora, especialmente quando se trata da concessão de crédito, indicando uma estabilização da atividade no início deste ano.

A decisão do Banco Central Europeu (ECB) era amplamente esperada para manter as taxas em 4,5% ao ano. O foco, entretanto, estava na comunicação, dada a preocupação dentro do BCE em relação às expectativas de cortes de juros excessivos e precipitados. Durante a conferência, o tom adotado foi mais tranquilo, defendendo a dependência dos dados futuros. Ao contrário das comunicações recentes, o BCE não guiou especificamente quando ocorrerá o corte, assumindo uma postura mais dovish do que a esperada.

A China tem sido uma temática frequente nos noticiários desde o início do ano, com o mercado de ativos de risco enfrentando desafios. O governo e as autoridades implementaram diversas medidas, incluindo estímulos como a redução das taxas de compulsórios bancários e a criação de um fundo de estabilização de cerca de 300 bilhões de dólares. Essas ações visam sustentar o mercado e lidar com as volatilidades.

O Federal Reserve está prestes a anunciar sua decisão de juros na quarta-feira, com expectativas de manutenção nos níveis atuais entre 5,25% e 5,5%. A decisão do Banco da Inglaterra ocorrerá na quinta-feira, e na sexta-feira, teremos os dados do mercado de trabalho dos EUA (payroll).

A semana também inclui uma agenda repleta de resultados corporativos, com gigantes como Apple, Microsoft e Alphabet programadas para divulgar seus resultados. Na zona do euro, destaca-se o PIB do 4º trimestre, o CPI de janeiro e a leitura final do PMI industrial deste mês. A OPEP+ se reunirá na quinta-feira, onde a manutenção da produção é esperada. Na China, os dados de janeiro do PMI composto oficial e do PMI/S&P Global industrial serão divulgados na quarta-feira.

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