Basta dar uma volta rápida no supermercado para perceber: vivemos a era da proteína. Tem pão proteico, leite com proteína extra, biscoito proteico, iogurte com whey, bolinho com 20 g de proteína por porção e até café com colágeno. A sensação é de que, se você não está comendo proteína a todo momento, está fazendo algo errado.
Não à toa, muitos pacientes chegam no consultório perguntando se precisam tomar uma dose de whey por dia, como se isso fosse um passo obrigatório para alcançar seus objetivos. Mas será que é mesmo necessário consumir proteína a qualquer custo?
Antes de tudo: qual é a recomendação de proteína?
Segundo as diretrizes da RDA (Recommended Dietary Allowance), a recomendação mínima diária de proteína para adultos saudáveis é de 0,8 g por quilo de peso corporal. Ou seja, uma pessoa de 60 kg precisaria de cerca de 48 g de proteína por dia para suprir suas necessidades básicas.
Mas vale lembrar que essa é uma recomendação mínima voltada para pessoas sedentárias e saudáveis. Quem treina, está em processo de emagrecimento, quer preservar ou ganhar massa muscular, está em recuperação de cirurgias ou até em fases específicas da vida (como o envelhecimento) geralmente precisa de mais proteína, variando entre 1,2 g e 2 g por quilo de peso, conforme o objetivo e a rotina.
Os produtos proteicos ajudam?
Esses alimentos podem, sim, ser grandes aliados. Eu mesma consumo no meu dia a dia e adoro. Barrinhas, shakes, iogurtes e whey saborizados são super práticos e ajudam muito, principalmente quando o tempo é curto. Na minha rotina, eles fazem sentido e facilitam o alcance da meta proteica.
Além disso, são ótimas alternativas ao doce. Muitos têm sabor de sobremesa e ajudam a controlar a vontade de comer doce, sem exagerar no açúcar.
Mas lembre-se: ninguém é obrigado a usá-los para ter bons resultados. Eles são ferramentas, não regras. Em alguns casos, a alimentação já está bem ajustada ou a pessoa simplesmente não precisa de mais proteína naquele momento. Com uma boa organização das refeições, é possível atingir a meta apenas com comida de verdade, como carnes, laticínios e até mesmo arroz e feijão.
E quando o consumo é exagerado?
Apesar de ser um nutriente importante, o excesso de proteína pode causar desconfortos, principalmente quando consumido em grandes quantidades sem necessidade. Entre os efeitos mais comuns estão gases, distensão abdominal, constipação e sobrecarga digestiva, especialmente em pessoas que têm dificuldade para digerir suplementos como whey concentrado ou produtos muito industrializados. Além disso, exagerar na proteína sem equilibrar com carboidratos e gorduras pode comprometer o desempenho nos treinos e afetar o bem-estar geral.
Nem tudo precisa ter “alto teor de proteína”
A proteína é um nutriente essencial, sem dúvidas. Mas isso não significa que tudo precisa ter proteína ou que um produto é automaticamente saudável só por conter esse rótulo.
Mais importante do que isso, é lembrar que os outros macronutrientes também são fundamentais. Carboidratos e gorduras têm papéis essenciais no nosso organismo e todos devem ser consumidos nas proporções certas, de acordo com as necessidades individuais.
Não é porque algo tem mais proteína que ele se encaixa melhor na sua rotina. Em alguns casos, os produtos “proteicos” têm valor calórico maior, mais gordura ou adoçantes em excesso e podem ser menos nutritivos do que uma refeição simples feita em casa.
A base da alimentação deve continuar sendo o simples bem feito: organização, variedade e equilíbrio ao longo do dia, respeitando as necessidades do seu corpo e a sua rotina.