Dislipidemia e hipertensão estão entre os principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, que seguem como a principal causa de morte no Brasil e no mundo. Recentemente, atualizações nas diretrizes brasileiras reacenderam o debate: de um lado, as recomendações para o controle do colesterol priorizando a qualidade da alimentação; de outro, a classificação da pressão a partir de 12/8 como pré-hipertensão, medida que gerou polêmica mas também alerta para a prevenção. Em ambos os casos, a nutrição ocupa papel central no tratamento não medicamentoso.
O que é dislipidemia
Dislipidemia é o desequilíbrio nos níveis de lipídios no sangue, como colesterol e triglicerídeos, que aumenta o risco cardiovascular. A nova diretriz não foca apenas em quantidades de macronutrientes, mas na qualidade alimentar, orientando a priorização de alimentos minimamente processados, ricos em fibras e redução de açúcares adicionados e refinados.
O que é hipertensão arterial
A hipertensão arterial, popularmente conhecida como pressão alta, ocorre quando os valores de pressão se mantêm elevados de forma persistente. Esse quadro sobrecarrega o coração e os vasos sanguíneos, aumentando o risco de infarto, AVC, insuficiência renal e outras complicações graves.
A nova diretriz brasileira trouxe um ponto de polêmica ao classificar a pressão a partir de 120×80 mmHg como pré-hipertensão, ou seja, uma fase de alerta para intensificação da prevenção. Já a hipertensão em si é diagnosticada a partir de 130×80 mmHg, caracterizando o estágio 1 da doença.
Recomendações nutricionais para dislipidemia
Entre as medidas não medicamentosas destacadas pela diretriz estão:
- Carboidratos de baixo índice glicêmico, como frutas, legumes, leguminosas e grãos integrais.
- Menor consumo de pães e massas refinadas, refrigerantes e doces.
- Substituição de gorduras saturadas por insaturadas (azeite, peixes, oleaginosas, abacate).
- Exclusão das gorduras trans industriais.
- Maior ingestão de fibras solúveis (aveia, maçã, laranja, chia, linhaça).
- Suplementos e alimentos funcionais com evidência, como fitosteróis e proteínas de soja.
Recomendações nutricionais para hipertensão
Entre as medidas não medicamentosas destacadas pela diretriz estão:
- Controle do peso corporal.
- Redução do consumo de sódio, priorizando temperos naturais e evitando ultraprocessados.
- Maior ingestão de frutas, verduras e legumes, fontes de potássio, magnésio e fibras que auxiliam na regulação da pressão arterial.
- Limitação do consumo de álcool.
- Prática regular de atividade física, pelo menos 150 minutos semanais de exercício aeróbico.
- Evitar excesso de cafeína e cessar tabagismo.
Exemplo de cardápio prático
No café da manhã, pão integral com azeite de oliva, ovo mexido com espinafre, fruta fresca com casca e café sem açúcar. Essa escolha fornece fibras, proteínas magras e gorduras boas.
No almoço, salada variada com legumes e azeite, arroz integral, feijão ou lentilha, filé de peixe assado ou frango grelhado e legumes no vapor. É um prato completo, rico em fibras, minerais e com baixo teor de sódio.
No lanche da tarde, iogurte natural desnatado com aveia e fruta rica em potássio, como banana ou mamão. Combinação que une cálcio, proteína, fibras e minerais importantes para o controle da pressão.
No jantar, repete-se o padrão do almoço, facilitando a rotina e mantendo a consistência alimentar.
Na ceia, um pequeno mix de oleaginosas acompanhado de fruta fresca e chá. Essa refeição oferece gorduras insaturadas e antioxidantes importantes para a saúde cardiovascular.
As novas diretrizes reforçam a mesma mensagem: medicamentos podem ser necessários em muitos casos, mas o tratamento começa na mesa, nos hábitos e no movimento diário. Comer melhor, controlar o peso, reduzir o sódio e praticar exercícios não são apenas recomendações gerais de saúde, mas intervenções com impacto direto e comprovado na prevenção da hipertensão e no controle da dislipidemia.