Neste domingo (10/08), o Rio de Janeiro recebeu o Ironman 70.3, uma das provas mais exigentes do triatlo, reunindo atletas de alto nível para nadar 1,9 km, pedalar 90 km e correr 21,1 km. Entre os destaques estava a influenciadora e triatleta Manuela Cit, que não apenas completou a prova, mas venceu em 1º lugar na sua categoria.
No início deste ano, Manuela recebeu comentários nas redes sociais questionando por que, considerando o volume de treinos que realiza, seu corpo não apresentaria o nível de definição, musculatura ou baixo percentual de gordura que alguns esperavam. Em resposta, ela explicou que seu foco está na performance esportiva, no aumento de volume de treino e nos resultados em competições, e não em alcançar um padrão estético específico. Seu corpo é resultado de uma preparação direcionada para sustentar cargas elevadas, recuperar com eficiência e competir no mais alto nível.
Para viver o Ironman 70.3, só neste ano, a Manu somou 84 horas de treinos de corrida, 49 horas de treinos de natação e 824 horas de treino de ciclismo. Uma rotina planejada para endurance e alta performance, não para conseguir resultados estéticos.
O episódio deixa claro que performance e estética seguem caminhos diferentes. A busca pelo alto rendimento exige estratégias que nem sempre coincidem com a busca por baixo percentual de gordura ou músculos mais aparentes.
Déficit calórico e performance: um equilíbrio delicado
Muitas pessoas ainda acreditam que esportes de alta intensidade como corrida, musculação, ciclismo ou triatlo levam automaticamente a um corpo mais seco e definido. Mas, quando o objetivo é performance, a prioridade não é “secar”, e sim manter energia suficiente para treinar e competir bem.
Estar constantemente em déficit calórico pode levar a:
- Fadiga precoce: a falta de energia compromete a intensidade e a duração dos treinos;
- Queda na imunidade: deixando o atleta mais suscetível a doenças;
- Maior risco de lesões: por déficit energético e recuperação prejudicada.
Em provas longas como o Ironman, e também durante todo o ciclo de treino que antecede competições desse porte, a demanda energética é tão alta que tentar manter déficit calórico não só reduz o rendimento, como pode colocar a saúde em risco. Um estado crônico de baixa energia pode evoluir para a Síndrome da Deficiência Energética Relativa no Esporte (RED-S), que afeta hormônios, metabolismo, saúde óssea e até o humor.
Carboidratos: o combustível do atleta
O glicogênio muscular, estoque de carboidrato no músculo, é a principal fonte de energia durante treinos e competições intensas. Sem reposição adequada, a fadiga chega mais rápido e o rendimento despenca.
No triatlo, especialmente em provas longas, a estratégia inclui:
- Carregamento de carboidratos pré-prova;
- Suplementação durante a prova com géis de carboidrato, bebidas esportivas e alimentos de fácil digestão para manter níveis de glicose no sangue e retardar a fadiga;
- Reposição imediata após treinos e competições para acelerar a recuperação muscular.
Evitar carboidratos por medo de ganhar peso é um erro comum para atletas de endurance. No contexto de performance, eles são indispensáveis para manter o ritmo e evitar a perda de massa muscular.
Exercício em excesso não significa mais definição
Se o objetivo for melhorar a estética e a composição corporal, muito provavelmente menos é mais. Correr uma maratona não é para estética. Fazer um Ironman não é para estética. Esses objetivos são voltados para endurance, não para definição muscular.
Para estética, o caminho é outro: musculação bem executada, cardio moderado e alimentação calculada para esse fim. Sem um aporte energético correto, o corpo pode entrar em um estado de maior degradação muscular, prejudicando tanto a performance quanto os resultados estéticos.
É possível que um atleta de endurance tenha um físico definido, mas isso não deve ser prioridade. Se o objetivo é estritamente estético, vale reconsiderar a rota e escolher estratégias de treino e dieta alinhadas a esse propósito.
O papel da nutrição na recuperação e evolução esportiva
Uma nutrição bem estruturada é essencial para reduzir inflamações, acelerar a recuperação muscular, garantir energia constante para treinos e provas, prevenir deficiências nutricionais, manter a saúde hormonal, melhorar a qualidade do sono, fortalecer o sistema imunológico, preservar a massa muscular em períodos de alto volume de treino, otimizar a composição corporal e reduzir o risco de lesões relacionadas à fadiga e sobrecarga.
Para atletas como Manuela, isso significa comer para treinar forte todos os dias, ajustando a dieta conforme a fase da periodização: mais carboidrato e calorias em períodos de carga alta e ajustes específicos antes e depois das competições.
Acompanhamento com um nutricionista esportivo garante que as necessidades sejam atendidas e que as estratégias alimentares sejam adaptadas ao calendário de treinos e provas.
Para quem busca evoluir no esporte, manter uma nutrição alinhada com o gasto energético é essencial. O grande erro de quem busca emagrecimento enquanto pratica esportes de alta intensidade é acreditar que pode cortar calorias sem consequências.