Foto: Freepik
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Um dado histórico acaba de acender um alerta em escala global: pela primeira vez, a obesidade em crianças e adolescentes em idade escolar ultrapassou os casos de desnutrição. O levantamento foi divulgado pelo UNICEF e mostra que, enquanto parte do mundo ainda enfrenta a fome, 1 a cada 10 crianças lida com o excesso de peso .

O levantamento mostra uma transição preocupante: em regiões onde antes a maior ameaça era a falta de acesso à comida, agora cresce a oferta de alimentos ultraprocessados, bebidas açucaradas e fast food. Ambos os problemas são igualmente graves, pois comprometem a saúde e o desenvolvimento das novas gerações.

Diante desse cenário, o UNICEF fez um apelo: é urgente transformar os ambientes alimentares e garantir que crianças e adolescentes tenham acesso a alimentos saudáveis, destacando que governos, sociedade civil e parceiros precisam atuar de forma conjunta para que isso aconteça.

O que está em jogo

A obesidade infantil não deve ser vista apenas como questão estética. Ela aumenta o risco de hipertensão, diabetes tipo 2, alterações no colesterol e problemas cardiovasculares ainda na juventude. Também pode provocar distúrbios no sono, dificuldades respiratórias, alterações hormonais e maior propensão a dores articulares. Além do impacto físico, traz consequências emocionais, afetando autoestima, relações sociais e até o desempenho escolar.

Outro ponto importante é que o aumento do consumo de ultraprocessados e a redução da ingestão de alimentos in natura, como frutas e vegetais, podem levar à chamada desnutrição oculta. Nesse quadro, mesmo com excesso de peso, a criança pode apresentar deficiências de vitaminas e minerais essenciais, comprometendo crescimento, desenvolvimento cognitivo e imunidade.

Um olhar da nutrição

Como nutricionista, vejo que a prevenção começa muito antes do consultório. Não se trata apenas de força de vontade individual, mas da criação de ambientes que favoreçam escolhas saudáveis. Isso inclui políticas públicas para transformar os ambientes alimentares, acesso a refeições equilibradas nas escolas e oferta de espaços que incentivem esportes e atividades ao ar livre.

Dentro de casa, pequenas atitudes fazem diferença. Mantenha frutas e lanches saudáveis sempre acessíveis. Incentive refeições em família. Prepare marmitas ou lanches para a escola. Limite a oferta de refrigerantes e ultraprocessados. Envolva as crianças no preparo dos alimentos. Estimule o movimento com esporte, brincadeiras ao ar livre ou caminhadas até a escola. Dê o exemplo com escolhas equilibradas no dia a dia. Quando os adultos cuidam da própria alimentação e rotina, as crianças percebem e repetem esses comportamentos.

O acompanhamento nutricional e multidisciplinar é essencial. Crianças e adolescentes que já apresentam excesso de peso precisam de suporte individualizado. O trabalho conjunto de nutricionistas, médicos, psicólogos e educadores físicos garante que a mudança de hábitos aconteça de forma saudável e sustentável.

O dado histórico do UNICEF não é apenas uma estatística. É um chamado para ação. A infância é uma fase decisiva para a formação de hábitos, e as escolhas feitas agora podem determinar o futuro da saúde de toda uma geração. Garantir que nossas crianças cresçam em um ambiente mais nutritivo, ativo e equilibrado é uma responsabilidade coletiva.

Bruna Tommasi

Colunista

Nutricionista graduada pela Universidade Vila Velha e pós-graduanda em Nutrição Esportiva e Estética. É apaixonada por promover saúde de forma prática, combinando ciência e estilo de vida para ajudar as pessoas a alcançarem seus objetivos com equilíbrio

Nutricionista graduada pela Universidade Vila Velha e pós-graduanda em Nutrição Esportiva e Estética. É apaixonada por promover saúde de forma prática, combinando ciência e estilo de vida para ajudar as pessoas a alcançarem seus objetivos com equilíbrio