
“O sistema de saúde dos Estados Unidos está amplamente focado no tratamento de doenças crônicas em vez de preveni-las, levando a uma crescente crise de saúde com sérias consequências econômicas e de segurança nacional.”
A frase acima abre o recente relatório da Casa Branca sobre o plano Make America Healthy Again (MAHA), que aponta que o sistema de saúde dos Estados Unidos (assim como o de outros países, como o Brasil) ainda gira em torno da doença, não da prevenção. Em meio a esse cenário, a saúde passou a ser um tema central e as marcas não ficaram para trás.
Pepsi Prebiótica e a era da saudabilidade
Com os consumidores cada vez mais atentos aos ingredientes e seus efeitos no corpo, especialmente entre os mais jovens, marcas tradicionais estão sendo forçadas a se reinventar. Um exemplo recente é a nova Pepsi Prebiotic, que chega ao mercado com uma proposta curiosa: manter o sabor da cola, mas com um toque funcional.
Sem adoçantes artificiais, com apenas 5g de açúcar de cana, 30 calorias e 3g de fibras prebióticas por lata, a bebida entra de vez na chamada era da saudabilidade, uma fase em que ser saudável é cool e vendável. A Pepsi segue os passos de marcas como Poppi, apostando no apelo do intestino saudável como diferencial competitivo.
Dá pra ser saudável tomando refrigerante?
Do ponto de vista nutricional, adicionar fibras prebióticas a alimentos ultraprocessados pode trazer benefícios, mas exige cautela. Essas fibras alimentam as boas bactérias do intestino e favorecem a saúde digestiva, imunológica e até mental. No entanto, quando a pessoa as consome dentro de uma alimentação desequilibrada, o efeito positivo se torna limitado.
Ou seja, não é porque uma bebida tem fibra que ela substitui a importância de uma alimentação rica em frutas, vegetais, proteínas de qualidade e variedade de nutrientes.
Marketing, saúde e responsabilidade
O movimento da Pepsi é estratégico e sinaliza uma mudança de mentalidade. Marcas que antes eram vistas como vilãs da saúde agora tentam vestir a camisa do bem-estar. E isso pode ser, sim, um passo positivo: se o consumo for moderado e parte de uma alimentação equilibrada.
Mas também exige responsabilidade. Rotular um refrigerante como “bom para o intestino” pode confundir o consumidor e gerar uma falsa sensação de saúde. Por isso, mais do que se adaptar às tendências, as marcas precisam assumir um papel ativo na educação alimentar da população.
Saúde como cultura
Iniciativas como o MAHA reforçam a urgência de uma abordagem mais ampla, que vá além do produto. Precisamos mudar a cultura. Isso envolve educação nutricional, políticas públicas, acesso a alimentos de verdade e um sistema de saúde que incentive a prevenção. Marcas, profissionais de saúde, governos e consumidores têm papéis complementares nessa transformação.