Abr 2021
27
Stefany Sampaio
AGRO BUSINESS

porStefany Sampaio

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O Brasil no evento

O presidente Jair Bolsonaro foi o 19º líder a discursar, confirmando que até 2050 o Brasil vai alcançar a neutralidade climática, com redução drástica das emissões de gases causadores do efeito estufa e com a adoção de medidas ambientais que compensem o que já foi lançado ao ambiente.

Outro ponto que chamou atenção na fala de Bolsonaro foi a promessa de que o país acabará com o desmatamento ilegal nos próximos nove anos. Na imprensa internacional, o tom do discurso foi recebido com grande ceticismo. Isso porque as ações anteriores, prometidas para proteger a floresta, resultaram em pouco progresso e o desmatamento aumentou nos últimos anos.

O que faltou no discurso?

O Brasil possui diferenciais que não foram apresentados com clareza pelo presidente. As práticas agropecuárias de baixo carbono desenvolvidas no país, a integração lavoura, pecuária, floresta (ILPF), o plantio direto, a recuperação de pastagens degradadas e outras medidas, que já alcançam mais de 50 milhões de hectares, não foram citadas.  Desde que o Plano Agropecuária de Baixo Carbono (plano ABC) foi aprovado em 2011 e atualizado (Plano ABC+), essas providências auxiliam no desenvolvimento de práticas sustentáveis e preservam o meio ambiente.

Por outro lado, a exploração de alternativas como os biocombustíveis, são exemplos da liderança brasileira em tecnologias mitigadoras de emissão de carbono. Além disso, o Brasil é responsável apenas por cerca de 3% das emissões líquidas de gases de efeito estufa no mundo e por desenvolver tecnologias e práticas que podem contribuir de forma significativa para a inovação e resiliência do agronegócio.

De forma incontestável, o desafio global passa por erradicar a fome e garantir segurança alimentar. No entanto, além de prometer ou especular, é essencial a ajuda na construção de soluções para produzir mais, de modo eficiente e reduzir emissões de GEE, recuperar o solo, fomentar investimentos e inovação em todos os sistemas produtivos.

Brasil, EUA, União Europeia e China

Para enfrentamento dos desafios ambientais globais, é preciso que o Brasil mantenha esforços para perpetuar boas relações comerciais com China, União Europeia e Estados Unidos, atores relevantes nesse cenário.

“Ameaçar um boicote a produtos agrícolas brasileiros por causa da agenda ambiental é uma narrativa fácil por parte de países europeus, por exemplo. Por isso, é importante não apenas termos ações que controlem o desmatamento de nossos biomas e de outras que ajudem na preservação ambiental, como controlarmos a narrativa de que estamos fazendo o dever de casa”, afirma Luan Sperandio, Editor-chefe da Apex Partners e que assina a coluna Data Business do Folha Vitória.

“É a velha história de que à mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta: além de trabalhar bem, o governo brasileiro precisa criar um ‘newsflow’ positivo em relação ao Brasil e ao tema, que repercuta positivamente à nível global. É uma forma de proteger ao mesmo tempo o meio ambiente e o agronegócio”, complementa.

Vale ressaltar que esses países são responsáveis por influenciar o comércio internacional com suas políticas ambientais. Juntos representam quase 60% do PIB global, participam em 42,3% das exportações mundiais e são responsáveis por 42% das emissões globais de GEE.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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