A designer de interiores Marília Bender Almeida é idealizadora do Caçamba do Bem — Foto: Divulgação/Caçamba do Bem
Penso, que boas práticas, devem ser compartilhadas, para semear o conceito e motivar a transição. Parabéns, Marília Bender, pela iniciativa, e também, ao https://umsoplaneta.globo.com/, pela reportagem.
Criado há seis anos, o Caçamba do Bem atua em Curitiba e realizou um bazar com seus produtos em 15 e 16 de março.
“Transformamos desperdício em oportunidade”, afirma a designer de interiores Marília Bender Almeida, idealizadora do Caçamba do Bem, um projeto que recolhe itens e móveis que seriam descartados, oferecendo-lhes um novo destino. Com atuação em Curitiba (PR), a iniciativa realizará um bazar com suas peças em 15 e 16 de março.
Portas, cubas, louças, metais, luminárias serão apenas alguns dos materiais disponíveis ao público a preços acessíveis, com descontos que podem chegar a até 80%.
“O Caçamba nasceu na garagem da minha mãe”, conta Marília, que criou a iniciativa com três amigas, mas hoje toca o projeto sozinha. Para a designer, tirar a iniciativa do papel foi um processo árduo, exigindo desbravar um universo ainda pouco desenvolvido no Brasil. “Vemos que essas iniciativas sustentáveis ainda possuem pouco espaço, mas continuei insistindo porque acredito muito no projeto”.
Esta luminária, vendida pelo Caçamba do Bem, foi projetada pelo SUITE Arquitetos — Foto: Divulgação/Caçamba do Bem
Criado há seis anos, o Caçamba do Bem arrecada seus itens por meio de doações, que podem ser vendidos como vieram ou reformados, dando espaço para a criação de uma peça nova, única e cheia de história. Um dos trabalhos exclusivos do projeto é a luminária assinada pelo SUITE Arquitetos, feita de vidro de um lustre. Além dela, há também outra luminária, assinada pela arquiteta Karla Bender e composta por mármore e resíduos de outros aparelhos de iluminação.
“A pessoa entra em contato com a gente, fazemos a avaliação do material e a coleta. Depois, ele fica armazenado em um depósito até a realização do bazar”, explica Marília sobre o processo de captação. “Alguns materiais, porém, são difíceis de vender, por isso começamos a desenvolver peças de design assinados”, completa.
O Caçamba do Bem propõe uma mudança de perspectiva em relação à área da construção civil, fortalecendo um consumo mais consciente, acessível e circular. Para se ter ideia, segundo dados da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon), a construção civil gera aproximadamente 84 milhões de m³ de resíduos por ano.
“Percebi que a construção de pequeno e médio porte acabam gerando mais resíduos, porque as grandes precisam ser certificadas e há um cuidado a mais com o descarte”, ressalta a designer de interiores. “Fora a sustentabilidade, aproveitar esses itens também geram uma economia de recursos”.
Além de gerar impacto ambiental, o projeto também possui uma atuação social: com a venda de uma peça, outra é doada para instituições sociais. Nos bazares anteriores, a Sociedade Crescer, o Instituto Morada, o Amigo Animal e a Amigas da Mama foram as ONGs beneficiadas pelo Caçamba do Bem. Na última edição do evento, a iniciativa conseguiu vender 90 peças (e doar outras 90).
Para o futuro, Marília Bender Almeida planeja expandir a atuação do Caçamba do Bem, alcançando outras cidades, ao mesmo tempo em que deseja investir ainda mais na produção de peças autorais. “É necessário uma mudança de mentalidade para criar um novo jeito de construir”, afirma.