Economia

Tendências aposta em queda de 2% do PIB em 2015

Redação Folha Vitória

São Paulo - A possibilidade de haver um racionamento de energia deve provocar uma queda mais forte da economia em 2015, de acordo com a diretora comercial da Tendências Consultoria, Denise de Pasqual. A projeção da consultoria para o ano, de queda de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), seria revisada para uma retração próxima a 2%.

A projeção atual, aponta Denise, está sustentada na expectativa de redução dos investimentos efetivos da Petrobras, nos efeitos da operação Lava Jato nos investimentos e na perda de confiança dos consumidores e dos empresários brasileiros. A economia ainda poderá ser afetada por reflexos causados pela crise hídrica que atinge o Sudeste brasileiro. "Nunca vimos uma cidade do tamanho de São Paulo passar por um racionamento (de água). Certamente terá efeitos na área de Serviços, mas ainda não sabemos quais seriam", salientou a economista, que participa hoje do evento Energia & Cenários 2015, promovido pela Viex Americas.

Durante palestra de abertura do evento, Denise destacou que o cenário para a economia brasileira em 2015 é preocupante, com destaque para uma inflação de 7,3% no acumulado anual e taxa de desemprego em elevação. O País também passará por um período de desvalorização do real em relação ao dólar, em função da elevação dos juros norte-americanos a partir do segundo semestre.

No mercado externo, a desaceleração da economia chinesa e a ainda frágil recuperação da economia da zona do euro também são fatores que podem afetar diretamente a economia brasileira no decorrer deste ano.

Crise

A despeito da combinação adversa no mercado externo, o grande problema para a economia brasileira é interno, na visão da economista. "Temos uma crise de confiança. A nova equipe (econômica) está tentando impor os pilares de meta de inflação, câmbio livre e política fiscal e monetária austeras", diz Denise, em referência ao tripé considerado o pilar da recuperação da economia brasileira após a implantação do Plano Real.

O trabalho será acompanhado, contudo, de pouco espaço para aumento de gastos, o que afeta os investimentos e a possibilidade de uma maior atuação dos bancos públicos, e da elevação da carga tributária.

O governo também tenta fazer reformas na previdência e no sistema de seguro desemprego, mas tais medidas ainda precisam de aval do Congresso. E então surge outro problema, na visão da diretora da Tendências. "O governo vai ter muitas dificuldades para aprovar medidas. Por isso não esperamos reformas profundas no Congresso. Haverá grande dificuldade para impor projetos que precisem de uma maioria", analisa Denise.

A taxa de juros deve continuar a subir e atingir 13% este ano, o que também reduz o ritmo de crescimento da economia. Para a Tendências, a média de crescimento da economia brasileira no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff deve ficar abaixo do resultado médio de 1,6% obtido nos quatro primeiros anos sob a gestão da presidente.